Por Barbara Rodrigues Em Minha História de Fé Atualizada em 10 FEV 2020 - 10H01

Chamado à Vocação

Conheça a história do missionário João Paulo que descobriu sua vocação depois de servir ao Exército Brasileiro e conhecer o sofrimento do ser humano.

A primeira vez que João Paulo manifestou sua vontade de ser religioso, foi durante o sacramento da Crisma de seu irmão mais velho. Na ocasião, o garoto, de apenas sete anos, correu para falar com Dom Décio, bispo da diocese de Santo André - SP da época. Sem reação, Dom Décio brincou com o menino, mas depois procurou seus familiares para acompanhar a formação de João Paulo.

O interesse de João Paulo pela vida sacerdotal continuou até seus 15 anos, mas, conforme crescia, outras coisas começaram a lhe chamar atenção como entrar no Exército Brasileiro, uma vez que sua família era de origem militar. Mesmo assim, João Paulo continuou frequentando a igreja e, como ainda não tinha certeza de sua vocação, decidiu fazer acompanhamento vocacional por dois anos.

Em 2009, João decidiu entrar no seminário, mas quando estava providenciando a carta destinada a Dom Nelson, recebeu uma contraproposta do Exército. Tinha passado na CPO (Comissão de Promoção de Oficiais) e deveria se apresentar. Optou, por fim, ingressar na Base de Apoio Ibirapuera, em São Paulo.

Cinco anos depois que João Paulo estava servindo ao Exército, recebeu a notícia que sua mãe estava com câncer. A notícia abalou o jovem que começou a questionar se Deus realmente existia, e se existia, por que fazia sua mãe sofrer daquela maneira? Tempos depois, a situação de sua mãe, Josefa, se agravou e, foi então, que João Paulo pediu dispensa do Exército para ficar com ela. Seus irmãos tinham a vida muito atribulada e como filho caçula se sentiu no dever de estar com sua mãe neste momento.

Certo dia Josefa convidou seu filho para ir em uma missa com ela, era 13 de maio, dia de Nossa Senhora de Fátima. Naquele dia a imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima, vinda de Portugal, estava passando justamente naquele dia na Paróquia Nossa Senhora dos Navegantes em Diadema - SP. No momento de procissão, ao beijar os pés da imagem, Josefa pediu pela sua cura.

Um mês depois, pouco antes de realizar a cirurgia, Josefa fez os exames e foi constatado que o câncer havia desaparecido. Foi nessa ocasião que João Paulo começou a refletir novamente sobre Deus e o seu chamado.

Em 2014, Josefa mudar-se e sua nova casa no bairro do Itaquaquecetuba, em São Bernardo do Campo - SP, ficava próxima a Milícia da Imaculada. Desde pequeno João Paulo tinha conhecimento da Obra, pois sua avó costumava ouvir todos os dias a RIC 1490 AM e sua mãe recebia a revista O Mílite, mas ele não conhecia o Santuário da MI.

Ao frequentar a Paróquia São Maximiliano, onde o Padre Maximiliano Motta, missionário- Padre Kolbe, era pároco, João Paulo começou a se questionar se teria futuro como religioso. O missionário Ryan Holke, ao perceber o conflito do rapaz, propôs a João Paulo que fizesse uma experiência no Instituto dos Missionários-Padre Kolbe por uma semana. Antes mesmo que pudesse dar uma resposta, o padrasto de João Paulo veio a falecer. Foi uma experiência muito traumática para o jovem que teve que contar para a sua mãe o que tinha acontecido. Depois do enterro, o missionário Ryan o procurou para saber de sua decisão. Foi então que João Paulo lembrou da passagem bíblica: “Se alguém quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.” (Mt 16,24). Ele sentiu como se naquele momento Deus aguardava sua confirmação e decidiu seguir seu coração. Deixaria tudo e partiria para Dourados - MS com os missionários. Josefa compreendeu a decisão do filho e o abençoou.

No primeiro ano que João Paulo estava morando no Instituto dos Missionários-Padre Kolbe, ele sentiu a seriedade do seu chamando. As dificuldades que tinha com a diferença de cultura de cada um dos oito missionários que moravam junto com ele e a necessidade de reportar todas as suas decisões a um superior, o fizeram amadurecer drasticamente. Foi então que surgiu o convite para João Paulo e o missionário Louis Marie irem a Breves, em Belém - PA, para representar a Milícia da Imaculada no Congresso das Novas Comunidades e Movimentos que aconteceria na cidade.

Chegando no Aeroporto Internacional de Belém, João Paulo e Louis Marie seguiram viagem de navio que os levaria para Ilha de Marajó. No percurso, João Paulo percebeu que, apesar dos paraenses serem um povo muito festivo, também eram muito sofridos.

Na Ilha de Marajó, os missionários se depararam com uma realidade nada agradável. O médico paraguaio, responsável por Breves, contou que 80% das crianças estavam desnutridas e que a maioria morria por falta de atendimento médico. Outro fator que contribuía para aquele quadro lamentável era a água contaminada pelos resíduos que a população jogava todos os dias nos rios. A prostituição e a exploração das crianças também eram comuns na cidade.

João Paulo e Louis não foram para Breves no intuito de fazer missão, mas as pessoas necessitavam de alguém para ajudá-las. Foi então que os missionários começaram a ir nas casas visitar as pessoas. O triste cenário lembrava a João Paulo os seus dias como militar, e isso o deixava muito abalado. Não era possível Deus querer ver seus filhos naquela situação.

Nos últimos dias que João Paulo esteve em Breves, uma procissão de fiéis caminhava pelas ruas e trazia uma imagem de Sant’Ana. A felicidade com que as pessoas viam em procissão e a devoção que demonstravam apesar de tanto sofrimento, fez com que todas as incertezas do missionário sobre Deus se dissipassem, pois, ele estava ali, porque no Exército ele ajudava as pessoas, mas como missionário ele podia fazer mais, ele podia ajudar a curar as feridas espirituais que as mesmas pessoas traziam.

João Paulo sentiu a presença concreta de Deus em Breves, e quando voltou para São Paulo, começou a ajudar as famílias carentes do pós-balsa, Riacho Grande - SP.

Há três anos que João Paulo está no Instituto dos Missionários – Padre Kolbe, e depois de todos esses anos de caminhada, ele vê a Milícia da Imaculada como uma Obra de Evangelização que possibilitou ele a dar seguimento a sua vocação. Graças a seu trabalho como voluntário e missionário ele pode ir ao encontro das pessoas e levar a Deus por meio de gestos concretos.

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