Por Núria Coelho Em Brasil

Com pandemia do coronavírus, Brasil fecha 1,1 milhão de vagas de trabalho entre março e abril

Apenas em abril, foram fechados 860,5 mil postos de trabalho, o pior resultado para o mês em 29 anos, segundo dados do Caged divulgados pelo Ministério da Economia

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No Brasil, estimativa de economistas é de uma queda de quase 6% para o Produto Interno Bruto neste ano


A economia brasileira fechou 1,1 milhão de vagas de trabalho com carteira assinada entre os meses de março e abril, informou nesta quarta-feira (27) o Ministério da Economia.

Os números, do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), são os primeiros a trazer o retrato do impacto da pandemia do novo coronavírus no mercado de trabalho brasileiro. A pandemia foi decretada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no dia 11 de março. O Brasil registrou a primeira morte pelo vírus no dia 17 de março.

A pandemia levou governos a adotarem medidas de restrição e isolamento social para reduzir a velocidade do avanço da doença. Essas medidas exigiram o fechamento de grande parte do comércio no país - no início, apenas setores considerados essenciais foram autorizados a permanecer funcionando, como supermercados e farmácias - e também de fábricas, o que provocou a suspensão de contratos de trabalho e também a demissão de trabalhadores.

Os reflexos da pandemia do novo coronavírus estão empurrando a economia mundial para uma forte recessão. No Brasil, estimativa mais recente dos economistas dos bancos é de uma queda de quase 6% para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.

De acordo com o Caged, em março, quando os efeitos da crise do coronavírus começaram a ser sentidos, foram fechadas 240.702 vagas formais no país.

Já no mês de abril, a eliminação de vagas de trabalho formais se acelerou: foram 860.503 postos fechados, o pior resultado para meses de abril desde 1992, início da série histórica da Secretaria Especial de Trabalho e Previdência do Ministério da Economia. Com isso, foi a maior demissão registrada para esse mês em 29 anos.

O resultado de abril vem da diferença entre as contratações (598.596) e as de demissões (1.459.099) registradas no mês.

Em janeiro e fevereiro deste ano, respectivamente, o governo contabilizou a abertura de 113.155 e de 224.818 vagas com carteira assinada na economia brasileira.

No fim de março, o Ministério da Economia havia suspendido a divulgação do Caged porque empresas haviam deixado de enviar informações, principalmente referentes às demissões de trabalhadores formais, o que poderia comprometer a qualidade dos dados. E pediu que as empresas retificassem e reenviassem as informações.

Parcial do ano

Os números oficiais do governo mostram também que, nos quatro primeiros meses deste ano, foram fechados 763.232 empregos com carteira assinada.

No acumulado deste ano, ainda de acordo com a área econômica, foram contratados, com carteira assinada, 4.999.981 trabalhadores, e foram fechadas 5.763.213 vagas formais.

Esse é o pior resultado, para esse período, desde o início da série histórica disponibilizada pelo Ministério da Economia - que começa em 2010. Deste modo, é o maior número de demissões para o período de janeiro a abril, ao menos, em 11 anos.

Por setores

Os números do governo revelam que, em abril, houve fechamento de vagas em todos os cinco setores da economia. Mas, no acumulado do ano, porém, houve abertura de vagas no setor de agricultura.

No mês de abril, o setor que mais demitiu foi o de serviços. Já na parcial deste ano, o comércio registrou o maior número de desligamento de trabalhadores.

Dados regionais

Segundo o governo, houve fechamento de vagas formais, ou seja, com carteira assinada, em todas as regiões do país de janeiro a abril deste ano.

Sudeste: -448.603 vagas

Sul: -106.838 empregos formais

Centro-Oeste: -20.464 vagas

Norte: -20.771 empregos

Nordeste: -190.081 vagas formais

Veja abaixo os resultados:

Indústria: -195.968 vagas em abril; e -127.886 empregos na parcial do ano

Serviços: -362.378 empregos em abril; e -280.716 vagas no acumulado do ano

Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura: -4.999 vagas em abril; e +10.032 empregos no ano

Construção: -66.942 empregos em abril; e -21.837 vagas no acumulado do ano

Comércio: -230.209 vagas em abril; e -342.748 empregos formais de janeiro a abril

Programa de Manutenção do Emprego

Para tentar evitar uma perda maior de empregos, o governo federal baixou, no começo de abril, uma Medida Provisória que autorizou a redução da jornada de trabalho com corte de salário de até 70% num período de até três meses.

A medida tem força de lei e já recebeu o aval do Supremo Tribunal Federal, mas precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional em até 120 dias para se tornar uma lei em definitivo.

O Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda prevê que o trabalhador permanecerá empregado durante o tempo de vigência dos acordos e pelo mesmo tempo depois que o acordo acabar. Os números do Ministério da Economia mostram que, até esta quarta-feira (27), mais de 8,1 milhões de trabalhadores aderiram ao programa.

Quando lançou o programa no dia 1º de abril, o governo estimou atender atender 24,5 milhões de trabalhadores formais. Ou seja, três vezes mais do que o número de acordos fechados até o momento.

Procurada pelo G1 na semana retrasada , a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho informou, naquele momento, que as previsões estavam mantidas e avaliou, em nota, que "o desempenho do programa é bastante satisfatório".

Fonte: G1/Globo

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