Por Padre José Alem, missionário claretiano
Obediência da fé é um tema que aparece com frequência nas cartas de Paulo. Obediência na fé significa tanto obediência que nasce da fé como a obediência à fé, obediência à fé em si mesma. Obediência e fé são atitudes inseparáveis. Ambas significam resposta a Deus que se revela ou ao Evangelho de Cristo.
O dom da graça que Maria recebeu revela quem ela foi e quem ela é. Porém, é na fé de Maria, proclamada por Isabel na visita que recebeu dela em sua casa que está a maneira como Maria respondeu ao dom da graça: com a sua fé. Nas expressões “cheia de graça” dita pelo anjo Gabriel na saudação que fez a Maria e nas palavras de Isabel “feliz és tu que acreditaste” se revela verdade sobre Maria. Ela está realmente presente no mistério de Cristo porque acreditou.
O caminho de Maria é o caminho da obediência à fé. Desde a anunciação e por toda sua vida Maria viveu em obediência à fé. A resposta de qualquer pessoa à graça da revelação de Deus é um ato que supera o entendimento, empenha a própria liberdade frente a verdade que se revela. Entendimento, liberdade, sentimentos de confiança e fidelidade são aspectos essenciais e convergentes na resposta de fé.
A revelação-comunicação de Deus e a resposta da fé têm um caráter histórico. Acontece de maneira concreta, com pessoas reais, em situações reais. E a vivência da fé se realiza através de um itinerário. Assim foi com Maria. De seu sim a Deus na anunciação até o final de sua vida ela fez um percurso de fé, um processo histórico. O percurso da fé supõe “obedecer”, “sair para um lugar onde se possa receber a herança”, é “sair sem saber para onde se vai”, é “reconhecer-se estranho e forasteiro sobre a terra”, é estar disposto até a oferecer o “próprio filho primogênito” (Hb 11,8-19), é “esperar contra toda a esperança” (Rm 4,18). Foi assim que Maria viveu a fé como obediência, como caminho realizado e prosseguiu como peregrina na vivência desse mistério até sua união definitiva com seu Filho na cruz.
Na Anunciação feita pelo anjo, Maria inicia sua trajetória de fé e prossegue nesse caminho seguindo seu Filho também como peregrina da fé. Vive os aspectos dolorosos da fé na profecia de Simeão, na experiência do seguimento de Jesus, na sua morte na cruz.
Todas as etapas da vida de Maria são etapas exemplares da vida de fé como obediência à vontade de Deus que ela viveu e que todos os seres humanos são desafiados a viver.
Quem quiser ser discípulo de Jesus deve reviver Maria, seguir o caminho que ela seguiu e oferece como modelo e guia de uma trajetória de fé.
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