Evangelho Dominical

6° Domingo do Tempo comum l 11 de fevereiro de 2024

“Jesus, cheio de compaixão, disse: quero, fica curado!”

Escrito por Jorge Lorente

31 JAN 2024 - 13H52 (Atualizada em 27 FEV 2024 - 14H07)

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Evangelho: (Mc 1, 40-45)

Um leproso chegou perto de Jesus e pediu de joelhos: “Se queres, tu tens o poder de me purificar”. Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele e disse: “Eu quero, fique purificado”. No mesmo instante a lepra desapareceu e o homem ficou purificado. Então Jesus o mandou logo embora, ameaçando-o severamente: “Não conte nada para ninguém! Vá pedir ao sacerdote para examinar você, e depois ofereça pela sua purificação o sacrifício que Moisés ordenou, para que seja um testemunho para eles”. Mas o homem foi embora e começou a pregar muito e a espalhar a notícia. Por isso, Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade: ele ficava fora, em lugares desertos. E de toda parte as pessoas iam procurá-lo.

COMENTÁRIO

No evangelho de hoje encontramos Jesus na Galileia, uma região pobre e desprezada pelos judeus. Sempre foi assim: os pobres, os humildes, os doentes sempre estão à margem da sociedade. Parece que quanto mais distantes estiverem, melhor.

Menos para Jesus. Para Ele, os enjeitados parecem "imãs". Com enorme eficácia atraem Jesus e, da mesma forma, são atraídos por Ele. Desta vez, foi um leproso.

Jesus cura o mais pobre e marginalizado daquela época. A lepra era considerada uma maldição de Deus. Era vista como castigo pelos pecados cometidos pela pessoa doente ou por seus pais.

O leproso era considerado impuro, por isso era discriminado e excluído da sociedade. Naquela época, praticamente não havia cura para a lepra. O leproso era condenado a morrer no abandono, sem qualquer ajuda ou atenção.

O leproso vivia longe das cidades e só poderia ser reintegrado na comunidade quando fosse comprovada a sua cura pelos sacerdotes. O doente, aquele que mais precisava de carinho e de amor era jogado fora como um trapo velho e inútil. Era visto como um perigo e um estorvo para a sociedade.

Jesus sensibilizado com a súplica do leproso faz algo que ninguém teria feito. Apesar das leis, até mesmo, proibirem a aproximação, Jesus estendeu sua mão, tocou no doente sem medo e sem ‘nojo’, dizendo: "Quero, fique curado!" E o milagre aconteceu.

O gesto de cura e a aproximação são sinais do espírito profundamente libertador de toda ação de Jesus. A presença de Jesus liberta e salva. Aquele marginalizado é agora um testemunho vivo que anuncia o Salvador.

É assim que Jesus anuncia o Reino de Deus. Agindo, testemunhando, falando do amor misericordioso do Pai, pregando a Palavra e, acima de tudo, restituindo às pessoas a esperança e a alegria de viver.

Este evangelho nos alerta para uma realidade atual, muito comum nos nossos dias. Os marginalizados agora são os portadores do vírus HIV. Apesar da legislação não aprovar a exclusão explícita do soropositivo, ele é discriminado, taxado como impuro e jogado à margem da sociedade.

São mantidos longe dos parentes e amigos. Enjeitados pelos donos de hospitais e planos de saúde. Como naquela época, vivemos numa sociedade onde empresários, políticos corruptos e bandidos de colarinho branco são mais bem acolhidos pela sociedade, do que nossos doentes.

É bom lembrar que se a lei dos homens desaprova a exclusão, imagine então a Lei de Deus. Não é possível estar no seguimento de Jesus sem um efetivo compromisso com a dignidade humana.

Seguir Jesus é denunciar a "máfia" dos laboratórios. É lutar contra a falsificação e preços abusivos dos remédios. O seguidor de Jesus, não vota em pessoas que legislam em causa própria. O seguidor de Jesus sabe que, cedo ou tarde, haverá um julgamento. Quem não quiser ser excluído e taxado de impuro precisa purificar-se no amor, precisa amar.

Amar é tomar para si as dores de quem sofre e lutar por dignidade e justiça. É ser solidário, é ver no próximo um irmão, é estender a mão e curá-lo através da simples aproximação.

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