Sartre, perguntado como pintaria José e Maria no Presépio, respondeu:
“A Virgem está pálida e contempla o menino.
O que dizer daquela expressão de perplexidade que foi vista uma única vez num semblante humano?
Porque o Cristo é o seu filho, a carne da sua carne, e o fruto do seu ventre. Ela o carregou por nove meses. Vai lhe oferecer o seio e o seu leite se tornará o sangue de Deus.
Em alguns momentos a tentação é tão forte que esquece que é o Filho de Deus. Ela o aperta em seus braços e sussurra: Meu filhinho!, mas, em outros momentos, imóvel pensa: Deus está ali! E é tomada por uma admiração religiosa por esse Deus mudo, por esse menino que, de certa forma, causa medo.
Todas as mães, por um instante, ficam transtornadas diante daquele fragmento rebelde de sua própria carne que é um (seu) filho. E se sentem exiladas diante dessa nova vida feita da (sua) própria vida, mas que contém outros pensamentos.
Mas, nenhuma criança foi arrancada de sua mãe de um modo tão cruel e rápido porque é Deus e supera em tudo o que ela poderia imaginar. E é uma dura provação para uma mãe ter vergonha de si mesma e da sua condição humana diante de seu filho.
Mas, creio que deve ter havido outros momentos, rápidos e fugazes, nos quais ela sente que o Cristo é o seu filho, a sua criança, e que é Deus. Ela o contempla e pensa: este Deus é o meu filho. Esta carne é a minha carne, é feito de mim, tem os meus olhos! E a forma da sua boca é semelhante à minha boca. Ele se parece comigo. É Deus e se parece comigo.
Nenhuma mulher teve a sorte de ter o seu Deus só para si. Um Deus menino que se pode abraçar e cobrir de beijos. Um Deus quente, que sorri, que respira. Um Deus que está vivo e se pode tocar!
É nesses momentos que eu pintaria Maria, se eu fosse pintor.
E José? José, eu não o pintaria. Mostraria apenas uma sombra no fundo do celeiro e dois olhos brilhantes. Pois, não sei o que dizer de José, e José não sabe o que dizer de si mesmo. Adora e está feliz por adorar e se sente um pouco em exílio. Creio que sofra sem confessar. Sofre porque vê o quanto a mulher que ama se parece com Deus, o quanto está perto de Deus. Pois, Deus estourou, como uma bomba, na intimidade dessa família. José e Maria estão separados para sempre por esse incêndio de luz. E toda a vida de José, imagino, será para aprender a aceitar!”
Sartre e o Natal
Apesar de seu conhecido ateísmo, o episódio mais notável envolvendo Sartre e o Natal ocorreu em 1940, quando ele era prisioneiro de guerra dos nazistas no campo de Stalag XII, na Alemanha. A Peça "Barioná": Para celebrar o Natal com seus companheiros de cativeiro, Sartre escreveu e encenou um auto de Natal de três horas e meia, chamado "Barioná, ou o Filho do Trovão". Ele dirigiu a produção, ajudou a fazer os figurinos e até atuou em um dos papéis principais.
Embora a peça seguisse a narrativa bíblica do nascimento de Jesus, Sartre usou o enredo como um disfarce para explorar temas centrais de sua filosofia, como a liberdade e a esperança, de forma a passar despercebido pela censura nazista. Para os prisioneiros, a história do nascimento trazia uma mensagem de esperança em um ambiente de desespero e opressão, ressaltando a capacidade humana de dar sentido à própria vida mesmo nas condições mais adversas.
Mais tarde, Sartre confessou que o período no campo de prisioneiros o tornou mais próximo do "mistério da existência" do que em qualquer outro momento, descrevendo a peça como uma "exceção" em sua obra. Ele considerava a religião uma vocação que falhou em sua própria vida, mas a experiência do Natal na prisão resultou em um texto comovente, que alguns consideram uma das mais belas reflexões sobre o tema.
São Francisco de Assis e o Natal
São Francisco quis abrir o coração, alegrar-se totalmente e celebrar “a memória daquele Menino que nasceu em Belém e ver de algum modo com os olhos corporais os apuros e necessidades da infância dele”
4º Domingo do Advento – (Mt 1, 18-24)
Chegamos ao quarto domingo do Advento. O último em preparação para o Natal do Senhor. No evangelho de hoje, conforme já havia anunciado o profeta Isaías, Mateus nos fala do nascimento do Emanuel, Deus Conosco.
Nossa Senhora de Guadalupe
Por maiores que sejam os sofrimentos e falimentos da vida, precisamos nos recordar de que temos uma Mãe que nos ama e nos acompanha em nossas lágrimas, que nunca é indiferente aos seus. Ela é minha e sua Mãe, uma Mãe próxima.
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