Por Jorge Lorente Em Evangelho Dominical

17 de fevereiro – 6º Domingo do Tempo Comum

“Bendito é o homem que confia no Senhor” (Lc 6, 17. 20-26)

“Bendito é o homem que confia no Senhor” (Lc 6, 17. 20-26)


A Boa Nova, Hoje

Descendo com seus apóstolos, Jesus parou numa planície, e com ele grande número de discípulos e uma grande multidão de povo de toda a Judeia e de Jerusalém, do litoral de Tiro e Sidônia. Levantando os olhos para os discípulos, Jesus dizia: “Felizes sois vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus. Felizes os famintos de agora, porque sereis saciados. Felizes os tristes de agora, porque haveis de rir. Felizes sereis quando vos odiarem, expulsarem, injuriarem e declararem maldito o vosso nome, por causa do Filho do homem. Alegrai-vos nesse dia e exultai, porque grande será a vossa recompensa no céu. Pois assim fizeram os antepassados deles com os profetas. Mas, ai de vós, ricos, porque recebestes o consolo! Ai de vós, os saciados de agora, porque tereis fome! Ai de vós, os sorridentes de agora, porque gemereis e chorareis! Ai de vós, quando todos falarem bem de vós, porque assim fizeram seus pais com os falsos profetas.
COMENTÁRIO

Meditaremos hoje as bem-aventuranças. Lucas apresenta Jesus falando aos seus discípulos e para uma grande multidão, numa planície.

Interessante notar que Lucas diz que Jesus está numa planície, enquanto Mateus, em seu evangelho, capítulo 5, versículos de 1 à 12, apresenta Jesus proclamando as bem-aventuranças do alto de uma colina. Afinal, Jesus estava numa planície ou numa colina?

Se, planície ou colina, tanto faz. Jesus nunca escolheu lugar para ensinar. Na sua simplicidade, algumas vezes o vimos pregando sentado no chão, outras vezes agachado e, certamente, não faria a menor cerimônia se tivesse que subir numa cadeira ou banquinho para ser mais melhor ouvido.

Segundo Mateus, Jesus é o Messias que realiza todas as promessas feitas no Antigo Testamento. Jesus é o novo Moisés que veio para conduzir e salvar o seu povo. Por isso, Mateus apresenta o Mestre sempre próximo da multidão e falando de pontos altos, sobre um barco ou montanha.

Lucas, no entanto, procura mostrar a mesma coisa de outra maneira, mostra que, mesmo sendo Grande, mesmo sendo Deus, Jesus se coloca no mesmo nível do povo, no meio da multidão. Por isso o apresenta na planície. Para nós, mais importante que o relevo ou o local, é a presença de Jesus e a mensagem das bem-aventuranças.

Em Lucas, encontramos quatro bem-aventuranças dirigidas aos pobres, excluídos e marginalizados; os que têm fome, os que choram, os que são odiados e os que são perseguidos por causa de Jesus. As outras quatro não sei se podem ser chamadas de bem-aventuranças, na verdade são sérias repreensões ou advertências para aqueles chamados ricos.

Os pobres que Jesus se refere, não são somente os pobres de bens e que não têm o que comer ou vestir. Os pobres de Jesus são os humildes, os desapegados de seus bens, são aqueles que vivem a partilha, vivem o evangelho. São aqueles cuja maior riqueza é a amizade de Deus.

O mesmo critério vale para os ricos. Existem pessoas que moram em castelos, donas de grandes fortunas, mas que sabem viver a pobreza e a partilha. No entanto, Jesus as adverte para que tomem cuidado, pois é muito difícil ter todas essas coisas, sem ficar presos a elas.

Aqui, o termo rico tem o sentido de ganância e poder. O rico que Jesus se refere, é prisioneiro do consumismo e escravo do dinheiro, é até mesmo aquele pobre de bens materiais, que quer tudo só para si, que não divide e não pensa no próximo. A esse Jesus diz: “Infeliz você que pensa não necessitar de Deus, só porque é rico de bens materiais e se acha plenamente satisfeito com as coisas deste mundo!”

A doutrina de Jesus é o oposto da nossa. Ele atrai para perto de si, aquele que o mundo enjeita, e chama de feliz aquele que o mundo chama de desgraçado. Jesus enaltece o pobre, o que passa fome, o odiado e perseguido. Chama de feliz o que chora, não porque chora, mas porque será consolado. Chama de feliz o pobre, não por ser pobre, mas porque dele é o Reino dos Céus.

Esse é um apelo para uma conversão profunda, é uma advertência para o grande mal do apego às coisas terrenas. É também uma forma de dizer que será recompensado, no céu, quem lutar por justiça e paz, apesar de na terra, só receber perseguição, sofrimento e dor.

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