O Evangelho de hoje deixa claro que Jesus tem muita pressa em colocar em prática o Plano de Salvação de Deus Pai. Ele quer total disponibilidade de seus seguidores. Deixa claro também que ninguém deve se entreter com as coisas deste mundo.
São diversos os personagens que encontramos neste evangelho de Lucas. O primeiro se oferece para seguir Jesus. Chega até a dizer que é capaz de segui-lo em qualquer lugar do mundo. No entanto, quando Jesus esclarece que não tem nenhum bem material para dar em troca, ele vai embora.
Em seguida, é Jesus quem faz o convite para um segundo homem. “Segue-me” – diz Jesus. O desconhecido aceita o convite, porém pede para primeiramente enterrar seu pai e Jesus lhe diz para deixar que os mortos enterrem seus mortos.
Vamos tentar entender estas palavras, pois parece que Jesus não está nem um pouco preocupado com a obra de misericórdia que nos ensina a enterrar nossos mortos. Na verdade, o jovem estava disposto a seguir Jesus assim que não tivesse mais nenhum compromisso com seus pais, anos depois, talvez, quando já não mais tivesse seus pais consigo.
Nada, nem mesmo os sentimentos mais sagrados, como os que unem os filhos aos pais, podem impedir alguém de tomar a decisão de seguir Jesus. Quem se propõe a seguir Jesus tem que ter espírito de renúncia. Nenhum amor pode ser maior do que o nosso amor por Deus.
Um terceiro personagem se apresenta e se oferece para seguir Jesus. “Eu te seguirei, mas... - havia aí uma condição - primeiro deixe-me despedir-me de meus parentes”. Mais uma vez Jesus e o Plano de salvação estavam sendo colocados em segundo plano.
Jesus não pode esperar. Ele nos convida a segui-lo e fala com toda clareza: “quem põe a mão no arado e olha para trás, não serve para o Reino de Deus”. Mas como deixar de lado tudo o que construímos? Como concentrar nossa atenção somente no “arado”, sem desviar o olhar para as tentações deste mundo?
Jesus sabia muito bem o que o esperava em Jerusalém. Sabia do seu martírio, da sua paixão e morte de cruz, no entanto não recuou. Seu único objetivo era cumprir a vontade de Deus Pai, por isso caminha otimista para o sofrimento.
Quantas vezes, em nosso dia-a-dia, nos deparamos com fato semelhante. Quantas vezes o caminho é espinhento e repleto de obstáculos. Quantas vezes não encontramos apoio nem guarida. Nem mesmo um local para descansar a cabeça e o corpo.
No entanto, nessa hora, precisamos confiar na força que Jesus nos dá. O entusiasmo e a perseverança são marcas do verdadeiro cristão. Não basta dizer sim, o discípulo de Jesus precisa ser persistente para levar avante seu apostolado. Caminhar para frente, sem deixar-se levar pelos que tentam tirar nossa atenção do principal objetivo, caminhar sem temor... em direção a Jesus.
“Eram como ovelhas que não têm pastor”
O comentário teológico desta atividade messiânica é realizado por uma frase bíblica: “eram como ovelhas sem pastor”. Moisés diante de sua morte pede a Deus que estabeleça como chefe da comunidade “um homem que os preceda no entrar e no sair... para que a comunidade do Senhor não seja um rebanho sem pastor” (Nm 27,17). Como Josué tomará o lugar de Moisés, assim, os discípulos continuarão a missão de Jesus, o pastor messiânico que guia e protege a comunidade cansada e abatida. A motivação profunda do compromisso messiânico-salvífico de Jesus, que deve prolongar-se na missão dos discípulos, está na compaixão, naquele amor gratuito e ativo que o impulsiona a intervir para aliviar as misérias do povo, (Mt 14,14; 15,32; 20,34).
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