Por Frei Aloísio Oliveira Em Lendo o Evangelho Atualizada em 05 MAI 2021 - 09H21

“O que estais procurando?”

Temos que identificar quais valores guiam nossa vida espiritual

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Segundo o Evangelho de João, os dois primeiros discípulos de Jesus eram, antes, discípulos de João Batista. Quando Jesus passava onde eles estavam, João Batista disse aos seus discípulos: “Eis o Cordeiro de Deus”. Ao ouvirem isso, os dois, imediatamente, deixaram João Batista e foram atrás de Jesus. Com isso, o evangelho esclarece, logo de início, que para ser discípulo e discípula de Jesus é necessário abandonar todo e qualquer outro mestre como fizeram André e o outro discípulo.

Quando Jesus percebe que está sendo seguido pelos dois discípulos de João Batista, vira-se para eles e lhes pergunta: “o que vocês estão procurando?” Segundo o Evangelho de João, a primeira vez que Jesus abre a boca é para fazer esta pergunta. Se estas são as primeiras palavras do Senhor, então significa que tal pergunta é fundamental e cada cristão tem de ouvi-la como dirigida a si mesmo. Cada um de nós tem de se perguntar: afinal, o que estou procurando? Em que eu estou gastando a minha vida? Quais valores ou desvalores que estão orientando a minha vida? Quais mestres estou seguindo?

À pergunta de Jesus os discípulos respondem com outra pergunta: “Mestre, onde moras?” e Jesus lhes responde com um convite: “Vinde e vede!”. De fato, onde Jesus mora, onde ele permanece não é possível saber por informação. É necessário aprender fazendo experiência. Por isso, os discípulos foram e viram onde Jesus “morava e permaneceram” com ele aquele dia. Esse “morar/permanecer” com Jesus é de fundamental importância no Evangelho de João. Jesus veio ao mundo revelar onde mora, isto é, junto de Deus Pai. Ele permanece no Pai e o Pai permanece nele (cf. Jo 17,21-22). “Permanecer em Jesus” indica ser seu discípulo, segui-lo com fidelidade. Jesus afirma que ele é a videira e nós somos os ramos. Assim como os ramos da videira só podem produzir frutos se “permanecerem” ligados ao tronco, nós também só podemos produzir frutos, isto é, termos uma vida cristã fecunda de testemunho, se “permanecermos” em Jesus. Sem ele nada podemos fazer (cf. Jo 15,1-6). Ele afirma ainda: “Quem me ama guardará minha palavra e meu Pai o amará e a ele nós viremos e nele estabelecemos morada” (14,23).

O trecho do Evangelho da liturgia deste domingo ressalta, também, a importância do testemunho. Foi mediante o testemunho de João Batista que os dois discípulos seguiram Jesus. E Simão Pedro, por sua vez, foi levado a Jesus por seu irmão André que era um dos dois que seguiram Jesus, depois do testemunho inicial de João Batista. Isso significa que cada discípulo e discípula do Senhor tem a missão de anunciar o evangelho com a própria vida. Permanecer em Jesus e produzir frutos significa exatamente isso: ter uma vida cristã tão rica de testemunho que motive outras pessoas a serem discípulos e discípulas de Jesus.

 Outro detalhe importante desta passagem do evangelho é que não se menciona o nome de um dos dois primeiros discípulos. Um deles é identificado claramente como André, irmão de Simão, mas do outro não se diz o nome. Por que será? Porque nesse discípulo “sem nome” se encaixa o nome de cada um de nós. Cada fiel batizado e batizada é chamado a deixar para trás coisas, mestres e ideias antigos e seguir o Senhor com fidelidade, produzindo abundantes frutos de testemunho.

Escrito por
Frei Aloísio, Ministro Provincial
Frei Aloísio Oliveira

É Ministro Provincial da Província São Francisco de Assis dos Frades Menores Conventuais e especialista em Sagrada Escritura.

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