Por Gabriel Queiroz Em Santos Atualizada em 13 OUT 2020 - 15H45

Mesmo na tempestade

“Quando somos verdadeiros imitadores de Cristo, a história dos santos tende a se repetir”


Padre Giuseppe Berardelli


Vivenciar o caos é algo completamente diferente de apenas ouvir falar dele. Ainda nessa situação de quarentena, vejo pessoas com crises de ansiedade e pânico, trabalhadores inseguros, donas de casa com muitas interrogações povoando a mente e comecei a me lembrar da vida do fundador da Milícia da Imaculada, São Maximiliano Maria Kolbe.

O pavor que hoje estamos vivendo na pele é de um vírus invisível que transita pelo mundo afora fazendo vítimas. Maximiliano foi vítima da crueldade, que também não se enxerga a olho nu, mas se fez visível através de homens, justamente aqueles que foram criados para ser a imagem e semelhança de Deus mas se perderam pelo caminho.

Hoje a gente se sente desconfortável por estar refugiado em casa, mesmo que com os familiares e cercado de um certo conforto. Os campos de concentração dividiam as famílias e não tinha requinte algum. As pessoas eram tratadas com extrema frieza e estavam ali a troco do fanatismo, egoísmo e frivolidade de um líder político.

Eu me questionei muito sobre o que deve ter passado pela cabeça de Padre Kolbe em meio a tudo aquilo. Se no mundo moderno as nossas emoções estão entrando em parafuso mesmo com tantos recursos, imagina naquela época? É claro que são realidades muito distintas, mas eu tenho certeza que ele deve ter sentido medo, insegurança, muitas interrogações na mente, mas mesmo assim, ele tinha que ser fortaleza para quem estava o cercando. O que se espera de um padre senão abrigo, conforto e um abraço de pai?

Se lidar com os próprios sentimentos tem se mostrado tarefa árdua, imagina só lidar com os próprios e ainda assim ser linha de frente para a dor e desespero alheios? Somente alguém com uma fé muito inabalável para não esmorecer e se desanimar diante de um cenário tão devastador. Ele não só foi força como deu a vida por um dos que estavam em seu grupo. A vida de oração dele estava tão latente que ele conseguiu consumar a própria vida em prece para ajudar alguém que tinha medo de deixar a família desamparada.

Nos meios de comunicação da MI, dizemos que a vida dos santos são exemplos a se seguir e esta semana uma história chamou muito a atenção por se assemelhar a de nosso fundador. Um padre italiano de 72 anos chamado Giuseppe Berardelli foi diagnosticado com o vírus que tem assolado o mundo. Por apreço, seus paroquianos deram a ele um respirador, já que o pulmão é um dos órgãos mais afetados pela doença. Por livre e espontânea vontade, o sacerdote recusou o presente para si e decidiu que o aparelho deveria ficar com alguém mais novo.

No fim da história, o padre acabou falecendo como um mártir, mostrando que quando somos verdadeiros imitadores de Cristo, a história dos santos tende a se repetir. Giuseppe fez as vezes de Maximiliano, que por sua vez, imitou a Cristo quando morreu na cruz em favor do próximo. Não por caridade, não por pena, não por heroísmo, mas sim por missão, por compreender que a vida é a única coisa que temos e ela é o único instrumento possível para conduzir os nossos irmãos ao céu.

Uma música conhecida diz “Mesmo na tempestade, mesmo que agite o mar, Te louvo, Te louvo em verdade. Mesmo longe dos meus, mesmo na solidão, Te louvo, Te louvo em verdade” que a nossa esperança seja tão inabalável como a de Giuseppe e Maximiliano. A nossa fé precisa ser diariamente alimentada, regada, nutrida para que em tempos de combate, nós tenhamos a coragem dos mártires.

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Por Gabriel Queiroz, em Santos

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