Por Núria Coelho Em Mundo

ONU quer mais ação global para combater tráfico de seres humanos

Crime afeta dezenas de milhares de pessoas; 70% das vítimas são mulheres e meninas; uma em cada três pessoas traficadas é criança

Unodc/Alessandro Scotti
Unodc/Alessandro Scotti
Tortura contra crianças também faz parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável


Este 30 de julho é o Dia Mundial contra o Tráfico Humano, um problema que atinge todo o mundo e que tem aumentado a cada ano.

Dados do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, Unodc, mostram que em 2018, a agência recebeu denúncias de cerca de 25 mil casos de tráfico humano, quase o dobro da média registrada em 2000, que foi de 13 mil.

Tábua de salvação

Pessoas de países de baixa renda são aos mais vulneráveis a esse tipo de crime, quase sempre associado a promessas de melhores condições de vida no exterior ou de oportunidades econômicas.

Uma em cada três pessoas traficadas é menor de idade e 70% de todas as vítimas são mulheres e crianças.


Uma em cada três pessoas traficadas é menor de idade e 70% de todas as vítimas são mulheres e crianças.

Neste Dia Mundial, várias agências da ONU pedem o fim do tráfico humano e destacam profissionais empenhados em combater o crime como assistentes sociais, inspetores do trabalho, agentes de saúde e trabalhadores de ONGs.

A chefe do Unodc, Ghada Waly, afirma que estes profissionais “oferecem uma tábua de salvação para as vítimas, reafirmando os direitos e a dignidade de todas as pessoas.”

Covid-19

O Unodc gerencia o Fundo Voluntário da ONU para Vítimas de Tráfico de Pessoas, que presta assistência direta a 3,5 mil vítimas por ano em mais de 40 países.

Segundo Ghada Waly, a pandemia de Covid-19 ampliou os perigos do tráfico com o aumento do desemprego, da pobreza, fechamento de escolas e maior interação na internet. Tudo isso, segundo ela está criando mais espaço para grupos de crime organizado.

A crise também sobrecarregou os serviços sociais, impactou o trabalho judiciário e dificultou a busca de ajuda pelas vítimas.

Afronta

A diretora-executiva do Fundo das Nações Unidas para a População, Unfpa, Natalia Kanem, lembrou que, todos os anos, dezenas de milhares de pessoas são traficadas.

Enquanto homens e meninos tendem a ser traficados para trabalho forçado, mulheres e meninas tendem a ser traficadas para sexo forçado.


Kanem disse que os criminosos miram os mais pobres vulneráveis, usando de violência física e psicológica, drogas e abuso sexual como armas para controlar suas vítimas.

Neste Dia Mundial, ela pede que os governos, forças policiais e outras autoridades redobrem seus esforços para punir os criminosos e apoiar os sobreviventes.

Para a chefe do Unfpa, o tráfico nunca deve ser tolerado e a luta deve continuar mesmo durante a pandemia até que “esta afronta termine”.

Exploração

Pessoas que atuam em setores essenciais, como agricultura ou transporte, foram obrigadas a trabalhar sob pressão, jornadas ainda mais longas e sem proteção


Também esta sexta-feira, a relatora especial sobre Tráfico de Pessoas, Maria Grazia Giammarinar, afirmou que “a exploração de trabalhadores desesperados nunca deve ser o novo normal.”

Em comunicado, ela contou que este tipo de violação “aumentou de forma alarmante durante a pandemia de Covid-19 e novas medidas urgentes são necessárias nos níveis internacional e nacional.”

Segundo ela, as pessoas que atuam em setores essenciais, como agricultura ou transporte, foram obrigadas a trabalhar sob pressão, jornadas ainda mais longas e sem proteção.

Crianças em situações de emergência ficaram mais vulneráveis às piores formas de trabalho infantil. Pessoas exploradas na indústria do sexo, principalmente mulheres e meninas, foram forçadas a passar fome e exploradas ainda mais violentamente.

Nesse contexto, a relatora especial afirma que “é necessária uma verdadeira mudança na prevenção e na luta contra o tráfico, inspirada pela agenda de direitos humanos.”

Este ano é o 20º aniversário do “Protocolo de Palermo” da ONU, o principal instrumento internacional sobre tráfico. Para Maria Grazia Giammarinar, chegou a hora de atualizar o documento.

Fonte: ONU NEWS

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