Manual da vida sem dor

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Faz parte ;)

As preocupações caem feito fardos pelos ombros e quando a hora de deitar na cama chega, o peso parece que duplica. Os afazeres viram quase parasitas que se apossam das forças e gravitacionalmente prendem ao chão, tirando toda a leveza que um dia já irradiou de um corpo.

Um grande desejo dos corações aflitos é viver sem dor, como se fosse possível uma anestesia geral que os tornasse apáticos a qualquer sensação contrária do querer. A anestesia alivia mas também paralisa, tira do controle, extrai a liberdade natural do corpo e inibe a ciência do que está acontecendo a troco de inércia. Nascemos das dores do parto, morremos deixando as dores da perda e durante a vida vamos colecionando nós que se fazem e desfazem na mesma velocidade.

A dor é necessária para que a gente se fortaleça, a ferida precisa arder de cuidado para se curar, uma decepção precisa ser expressada para que encontre sua via de salvação. Não existe ressurreição sem cruz, não existe dia sem anoitecer, independente de quantos dias sua noite dure. Uma caminhada não precisa de antídotos, ela precisa de anticorpos que só se desenvolvem depois que a alegria vence o sofrer.

Não peça para que Deus tire as suas dores, mas para que Ele te dê forças para extrair delas um aprendizado. Não ore para que o tempo passe rápido, mas para que ele dure o necessário tanto nos altos quanto nos não tão altos assim. Não pense que está sozinho, Deus está falando com você agora de maneiras diferentes. Não idealize uma vida indolor, até o Filho de Deus encontrou nela uma ferramenta de se derramar ao outro.

A decisão de como viver os desertos, fala muito sobre quem somos quando Deus nos presenteia com as flores do verão.

Gabriel Lopes, Rádio Imaculada