Formação

Um coração que sabe ouvir

Entenda a devoção ao Imaculado Coração de Maria, aquela que “guardava tudo em seu coração” (Lc 2,21), e saiba por que a data da festa anual não ocorre sempre no mesmo dia do ano.

Paulo Teixeira

Escrito por Paulo Teixeira

16 JUN 2020 - 00H00 (Atualizada em 16 AGO 2021 - 13H32)

Na próxima sexta-feira, dia 19 de junho, comemoramos a festa anual dedicada ao Sagrado Coração de Jesus. No dia seguinte, 20 de junho, sábado, celebramos o dia do Imaculado Coração de Maria. Essas duas datas ocorrem sempre na semana seguinte à festa de Corpus Christi, que celebramos na quinta-feira passada, dia 11 de junho, neste ano. São datas móveis, pois dependem da data da Páscoa.

A devoção ao Imaculado Coração de Maria era assim definida pelo Padre Jean Croisset: “Os Sagrados Corações de Jesus e Maria são iguais e unidos entre eles, mas penetrar em um dos dois não significa entrar nos dois contemporaneamente. A diferença é esta: No Coração de Jesus são admitidas as almas extremante puras, enquanto naquele de Maria, pelas graças que Ela obtém, purifica as almas que ainda não são puras e as coloca no nível de serem recebidas pelo Coração de Jesus”.

Na história da piedade mariana, a devoção ao Coração de Maria suscitou algumas particularidades e, sobretudo, uma espiritualidade mística de elevação.

Nas poesias medievais, a devoção ao Coração de Maria estavam ligadas ao Rosário e ao humanismo do século XII.

A poesia medieval retratou Maria de uma forma muito humana a ponto de a espiritualidade do mosteiro de Helfta, na Alemanha, falar da “troca dos corações” de modo que, pelo amor, no coração do fiel “bate aquele de Jesus e de Maria”.

No século XV, as devoções marianas que giram em torno do Rosário, horas santas e poesias, se tornam como que um muro contra o protestantismo. Estas práticas se tornaram, em muitas circunstâncias, o diferencial entre os cristãos reformados e católicos.

A devoção se desenvolveu entre as pessoas, nas comunidades e na sociedade a ponto de culminar com a proposta de consagração a Maria que era realizada tanto de modo pessoal, como comunitário e inclusive pelas cidades.

Aparições, como a de Nossa Senhora de Fátima, no início do século XX, impulsionaram a prática de dedicar os primeiros sábados do mês a Maria. Uma analogia à dedicação das nove primeiras sextas-feiras ao Coração de Jesus.

O coração é uma figuração do amor. As práticas em relação ao Coração de Maria são sempre místicas porque se direcionam à dinâmica do amor de Deus. Não é uma visão espiritual que se torna concreta, mas, ao contrário, são práticas como a dos primeiros sábados que projetam os fiéis à dimensão mística.

Mais do que costume ou folclore, a invocação do Coração de Maria é uma forma sintética do sentido das devoções.

Referência: Dicionário de Mariologia. Paulus, 1997.
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Paulo Teixeira
Paulo Teixeira

Jornalista formado na Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação (FAPCOM), atua como editor responsável das revistas O Mílite e Jovem Mílite há mais de quatro anos. É autor do livro "A comunicação na América Latina".

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