Durante os Exercícios Espirituais (EE) de Santo Inácio de Loyola se recomenda fazer uma boa confissão sacramental. Com frequência aqueles que estavam encontrando maiores dificuldades no Retiro, - até com tentação de desistir -, depois de fazerem uma boa confissão, cobram mais ânimo e consolação espiritual.
Mas o que é preciso para fazer uma boa confissão? O Catecismo da Igreja Católica diz que o penitente precisa de três coisas: "a contrição", "a confissão dos pecados" e "a satisfação" (nn. 450-460). Acrescentando dois pressupostos básicos, indico cinco passos para uma boa confissão.
A consciência do pecado nasce da experiência do amor de Deus por nós. Ele nos amou e escolheu "para sermos santos e íntegros diante dele, no amor" (Ef 1,4). A descoberta da grandeza de Deus nos leva a reconhecer-nos pequenos e limitados.
Os santos se consideravam grandes pecadores, porque sentiam, com muita mais profundidade do que nós, a infinita grandeza de Deus e a sua própria pequenez. Santo Inácio perguntava: "Quem sou eu...? quem são os seres humanos...? que é a criação inteira diante de Deus?" (EE 58).
O exercitante que no Princípio e Fundamento, experimentou a grandeza e a bondade do seu Criador e Senhor, sente-se agora inclinado ao mal, incapaz de corresponder ao amor de quem tanto o ama.
O caso dos dependentes químicos pode ajudar-nos a exemplificar a nossa situação de pecadores. A difícil recuperação de um alcoólatra começa pela dolorosa e humilhante confissão de sua dependência: "Eu sou alcoólatra". É o primeiro dos Doze Passos dos Alcoólicos Anônimos.
A disposição fundamental para fazer uma boa confissão consiste no arrependimento sincero do mal feito ("compunção do coração"), e no desejo ardente de uma vida nova ("conversão", metánoia, mudança de mente e de coração).
Recomenda-se fazer uma confissão geral, após os exercícios da chamada "Primeira Semana", nos quais o exercitante pede "vergonha e confusão" (EE 48), e "grande e intensa dor e lágrimas" dos seus pecados (EE 55).
Declarar-se culpável, diante de Deus, na sua Igreja, representada pelo sacerdote, não deve reduzir-se apenas a "contar os pecados ao padre". A declaração dos pecados ("confissão") é apenas a manifestação externa da mudança interior ("conversão").
O pecado nos afasta não apenas de Deus e da Igreja, como também do nosso verdadeiro ser. A confissão nos devolve a dignidade perdida, nos reintegra à nossa verdadeira identidade, à comunhão eclesial, à amizade com Deus.
O último passo de uma boa confissão é a "satisfação", "expiação" ou "reparação" que o penitente se compromete a fazer. Por exemplo, restituir o que se roubou.
A penitência que o confessor impõe ao pecador, no fim da confissão, deve engajá-lo em uma estratégia de superação dos pecados confessados, abrindo perspectivas de vida nova.
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