Por Padre Luís Gonzalez Quevedo Em Formação Atualizada em 30 MAR 2021 - 11H52

Para fazer uma boa confissão




Durante os Exercícios Espirituais (EE) de Santo Inácio de Loyola se recomenda fazer uma boa confissão sacramental. Com frequência aqueles que estavam encontrando maiores dificuldades no Retiro, - até com tentação de desistir -, depois de fazerem uma boa confissão, cobram mais ânimo e consolação espiritual.

Mas o que é preciso para fazer uma boa confissão? O Catecismo da Igreja Católica diz que o penitente precisa de três coisas: "a contrição", "a confissão dos pecados" e "a satisfação" (nn. 450-460). Acrescentando dois pressupostos básicos, indico cinco passos para uma boa confissão.

1) Sentir-se amado

A consciência do pecado nasce da experiência do amor de Deus por nós. Ele nos amou e escolheu "para sermos santos e íntegros diante dele, no amor" (Ef 1,4). A descoberta da grandeza de Deus nos leva a reconhecer-nos pequenos e limitados.

Os santos se consideravam grandes pecadores, porque sentiam, com muita mais profundidade do que nós, a infinita grandeza de Deus e a sua própria pequenez. Santo Inácio perguntava: "Quem sou eu...? quem são os seres humanos...? que é a criação inteira diante de Deus?" (EE 58).

2) Reconhecer-se pecador

O exercitante que no Princípio e Fundamento, experimentou a grandeza e a bondade do seu Criador e Senhor, sente-se agora inclinado ao mal, incapaz de corresponder ao amor de quem tanto o ama.

O caso dos dependentes químicos pode ajudar-nos a exemplificar a nossa situação de pecadores. A difícil recuperação de um alcoólatra começa pela dolorosa e humilhante confissão de sua dependência: "Eu sou alcoólatra". É o primeiro dos Doze Passos dos Alcoólicos Anônimos.

3) Arrepender-se

A disposição fundamental para fazer uma boa confissão consiste no arrependimento sincero do mal feito ("compunção do coração"), e no desejo ardente de uma vida nova ("conversão", metánoia, mudança de mente e de coração).

Recomenda-se fazer uma confissão geral, após os exercícios da chamada "Primeira Semana", nos quais o exercitante pede "vergonha e confusão" (EE 48), e "grande e intensa dor e lágrimas" dos seus pecados (EE 55).

4) Declarar-se culpado

Declarar-se culpável, diante de Deus, na sua Igreja, representada pelo sacerdote, não deve reduzir-se apenas a "contar os pecados ao padre". A declaração dos pecados ("confissão") é apenas a manifestação externa da mudança interior ("conversão").

O pecado nos afasta não apenas de Deus e da Igreja, como também do nosso verdadeiro ser. A confissão nos devolve a dignidade perdida, nos reintegra à nossa verdadeira identidade, à comunhão eclesial, à amizade com Deus.

5) Assumir um compromisso

O último passo de uma boa confissão é a "satisfação", "expiação" ou "reparação" que o penitente se compromete a fazer. Por exemplo, restituir o que se roubou.

A penitência que o confessor impõe ao pecador, no fim da confissão, deve engajá-lo em uma estratégia de superação dos pecados confessados, abrindo perspectivas de vida nova.

Escrito por
Padre Luiz Gonzalez Quevedo (Arquivo Pessoal)
Padre Luís Gonzalez Quevedo

Nascido na Espanha, tornou-se advogado antes de ingressas na Companhia de Jesus. Depois de ordenado sacerdote veio para o Brasil como missionário atuando em centros de espiritualidade, comunidades e faculdades. Atualmente ministra retiros espirituais em diversas cidades do Brasil.

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