A Fé é um ato da razão
O Homem é essencialmente razão e liberdade. A fé não é algo que “surge da alienação ou de fuga das realidades terrenas; ao contrário, ela pressupõe estas realidades das quais é aliás a única explicação e a mais completa valorização. Ser homens de fé não significa ser menos homens, mas ser homens mais completos. A fé é certamente um dom de Deus, mas é preparada e quase atraída dentro de nós com a reflexão pessoal e com a oração” (A. Albani).
Tudo isso Padre Kolbe testemunhou não só nos seus escritos, mas também na sua vida.
Quando lhe perguntaram: “O que é a fé religiosa?”, respondeu assim: “Alguns explicam a fé como ‘confiança’, outros como ‘uma espécie de sentimento religioso’, ou apresentam outras interpretações.
De qualquer modo, em poucas palavras, a fé é o reconhecimento de uma verdade que ouvimos ou conhecemos de outra maneira.
Por exemplo, quando alguém me fala sobre um furacão que afetou um país distante, ou quando leio ou me informo a respeito do referido furacão por outro meio e eu o aceito como fato realmente ocorrido, então se diz que eu tive fé naquele que foi falado ou escrito.
No ato de fé, pois, existem dois elementos: reconhecer que aquele que testemunha algo está também informado sobre ele e reconhecer sua veracidade. O conhecimento indica neste caso a conformidade da mente daquele que testemunha com a realidade; a veracidade, ao contrário, indica a conformidade do testemunho falado ou escrito com a mente, ou seja, com a consciência daquele que testemunha.
Isso é verdade e se refere a qualquer ato de fé, inclusive no âmbito natural, que não tem nenhuma relação com a fé religiosa.
Do mesmo modo, a fé religiosa tem um fundamento próprio e se apoia no conhecimento e na autenticidade da Sabedoria incriada, que conhece todas as coisas de maneira completa e em sua veracidade absolutamente perfeita, que não pode contradizer a verdade nem uma só vez.
Em consequência, se através de um raciocínio se conhece algo como revelação divina, a autoridade de tais revelações deriva da Sabedoria e da veracidade divina infinitamente perfeita, e nós reconhecemos este fato como uma verdade baseando-nos precisamente nesse fundamento. E isso é um maravilhoso ato de fé.
Entretanto, para cumprir este ato de reconhecimento é indispensável um auxílio particular de Deus, um auxílio que supera as forças naturais do homem. Este auxílio particular o chamamos ‘graça divina’.
A definição da fé religiosa, portanto, deveria ser a seguinte: ‘A fé é um ato da razão que, seguindo as ordens da vontade, movida pela graça divina, reconhece uma verdade revelada’.
Frequentemente pode ocorrer que uma pessoa, por mais que tenha estudado a religião, ouvido debates de muitas pessoas sobre o tema, lido muito, refletido e meditado profundamente, se o fez sem pedir a Deus a graça da fé com uma humilde oração e sem fazer nada para obter essa graça, pode ocorrer que essa pessoa não faça nem um só ato de fé” (Escrito 1202).
A fé, para padre Kolbe, é fruto de reflexão e de oração, da livre decisão e da graça de Deus: um ato, sempre, intelectual e responsável.
Continue lendo sobre o Itinerário Espiritual de São Maximiliano #2 clique aqui.
Bibliografia: GERLANDO LENTINE, Massimiliano Maria Kolbe Senza Limiti, Edizioni Messaggeri de Padova Centro P. Kolbe Carini, 1984.
Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.