Naquele tempo, disse Jesus: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas. O mercenário, que não é pastor, de quem não são as ovelhas, quando vê o lobo chegar, abandona as ovelhas e foge. Então o lobo ataca e dispersa as ovelhas. Assim age porque é mercenário e não se importa com as ovelhas. Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. Eu dou minha vida pelas ovelhas. Possuo ainda outras ovelhas que não são deste curral. É preciso que eu as conduza; elas ouvirão minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor. O Pai me ama porque dou minha vida para de novo a retomar. Ninguém a tira de mim. Sou eu mesmo que a dou. Tenho o poder de dá-la e o poder de retomá-la. Esta é a ordem que recebi do meu Pai”.
COMENTÁRIO
A liturgia de hoje nos apresenta uma imagem de Jesus como o Bom Pastor. Aquele que dá a vida por suas ovelhas. O pastor e seu rebanho eram realidades comuns na vida do povo, no tempo de Jesus.
Este relato nos mostra a intimidade, o afeto entre o pastor e as ovelhas. Percebemos que existe entre eles um amor e uma confiança muito grande. Jesus nos diz que as ovelhas não seguem um estranho.
Seguem só o seu pastor, porque conhecem a sua voz. Conhecer, na Bíblia tem um significado muito profundo, conhecer significa amar. Quem conhece confia e, verdadeiramente, ama.
Jesus deixa bem clara a diferença entre o bom e o falso pastor. Este último vem só para roubar, destruir e matar. Por isso é comparado ao ladrão. O Bom Pastor, pelo contrário, preocupa-se com a vida. Vem para que todos tenham vida plena e em abundância.
O pastor é o líder e, cada um de nós, de um modo ou de outro, exercemos cargo de liderança. Seja no trabalho, na família ou na comunidade. De forma permanente ou em certas ocasiões, nós somos os líderes. Na parábola do bom pastor Jesus alerta sobre como estão sendo vividas as relações de liderança.
Quando a liderança deixa de ser serviço para tornar-se poder, ela oprime e destrói. A liderança torna-se ladra e salteadora. O líder não pode ser autoritário. Liderar é conduzir para o caminho certo.
Quando exercemos algum cargo de liderança, sobretudo nas funções públicas e na comunidade da igreja, precisamos estar próximos das pessoas. É fundamental conhecer suas necessidades, compreendê-las, amá-las e partilhar com elas a vida.
A vida deve ser entendida no sentido amplo. O amor e a partilha devem estar presentes na vida comunitária, na vida religiosa, na vida familiar e também na vida profissional.
Em qualquer caso, o autoritarismo, a negligência e o abandono, são nocivos e levam à morte. Matam a religiosidade e a comunidade, matam a família. As ovelhas conhecem a voz do seu pastor, confiam e se deixam levar. Sabem que serão conduzidas, em segurança, para verdes pastagens e água abundante.
Quantos se apresentam como pastores, falam até em nome de Cristo e, no entanto, defendem a violência. Corruptos que não estão preocupados com a paz, com a liberdade, com a dignidade e, muito menos com o abandono que se encontram as crianças, doentes e idosos. Não têm a menor preocupação com o desemprego que ameaça suas ovelhas.
Cuidado com os falsos pastores. Eles têm a voz muito parecida com a do verdadeiro pastor. Fazem uso dos meios de comunicação. Sobem em palanques, fazem discursos inflamados e estão presentes no rádio, na tevê, nos jornais e revistas.
Estão presentes no nosso dia-a-dia disfarçados de bons pastores. É preciso estar atentos e abrir bem os ouvidos, para não sermos enganados. Não podemos seguir a qualquer um, vamos seguir o Bom Pastor!
Como reconhecê-lo? O Bom Pastor não é reconhecido por falar manso e de forma poética, Ele é reconhecido pelas verdades que diz; são palavras nem sempre doces, porém verdadeiras.
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