Evangelho Dominical

A Boa Nova: 21º Domingo do Tempo Comum

"O espírito é que dá a vida. A carne de nada serve." (Jo 6, 63)

Jorge Lorente

Escrito por Jorge Lorente

22 AGO 2021 - 00H00

Evangelho: (Jo 6, 60-69)

Depois de o ouvirem, muitos de seus discípulos disseram: “Estas palavras são duras! Quem pode escutá-las?” Percebendo que os discípulos estavam murmurando por causa disso, Jesus lhes disse: “Isto vos escandaliza? E se vísseis o Filho do homem subir para onde estava antes? O espírito é que dá a vida. A carne de nada serve. As palavras que vos tenho dito são espírito e vida. Mas entre vós há alguns que não crêem”. De fato, Jesus sabia desde o princípio quais eram os que não tinham fé e quem haveria de entregá-lo. E prosseguiu: “Por isso eu vos disse: ninguém pode vir a mim se isso não lhe for concedido pelo Pai”. Desde então, muitos dos discípulos se retiraram e já não o seguiam. Jesus perguntou então aos Doze: “Também vós quereis ir embora?” Simão Pedro respondeu: “Senhor, para quem iríamos? Tu tens palavras de vida eterna. Nós acreditamos e sabemos que tu és o Santo de Deus”.

COMENTÁRIO

Mais uma vez estamos juntos para meditar a Palavra de Deus. O tema do evangelho de hoje é a Eucaristia. Jesus vai direto ao assunto e, sem rodeios, manda comer da sua Carne e beber do seu Sangue.

Não era fácil de entender e, muito menos de aceitar, as coisas que Jesus dizia. As multidões acham muito duras suas palavras e por isso, afastam-se dele. Alguns dos seus discípulos, mesmo aqueles próximos que caminhavam com Jesus, também o abandonaram por causa da dureza de suas palavras.

Mesmo com o afastamento dessas pessoas, Jesus não voltou atrás, nem amenizou suas palavras. Era preciso fazê-los entender essa nova linguagem. Era fundamental fazer o cristão entender que, Vida Plena e abundante são sinônimos de carne e sangue.

Coloque-se no lugar dos discípulos ou daquela multidão que ouviu tudo isso de alguém que recentemente haviam conhecido. Mal conheciam Jesus. Como não duvidar se, ainda hoje, com dois mil anos de convivência com Jesus, pouco nos preocupamos em segui-lo e não levamos a sério seus ensinamentos.

Em nosso dia a dia, também nos afastamos de Jesus, por causa da dureza de suas palavras. Ele fala firme e manda fazer coisas que parecem impossíveis. Não é fácil aceitar que palavras possam ser espírito e vida. Não é fácil conviver com alguém que manda perdoar e amar os inimigos.

Ficamos confusos porque tentamos entender os mandamentos e o comportamento de Jesus, através do cérebro. Nossa cabeça é muito pequenininha, não cabe lá dentro algo tão grande. Só o coração pode entender e aceitar as imposições para seguir Jesus.

O seguimento de Jesus impõe condições rigorosas. Impõe solidariedade e serviço aos pobres e marginalizados. Impõe dedicação e aproximação junto aos sofredores e excluídos da sociedade. Não existe uma forma de aceitar Jesus, sem colocar em prática seus ensinamentos.

A todo instante somos questionados por Jesus, através desta mesma pergunta: "Vocês também querem ir embora?" O que vamos responder? Se procurarmos a definição através do cérebro; se deixarmos a resposta por conta da cabeça, certamente nos afastaremos do Mestre.

Só o coração é capaz de nos aproximar do Mestre. O coração nos leva até Jesus através do pai de família desempregado, dos menores sujos e abandonados, dos dependentes químicos marginalizados e famintos que perambulam pelas ruas das nossas imensas e ricas metrópoles. Só o coração tem sensibilidade para entender que somos capazes de construir um mundo melhor, mais justo e fraterno.

Pedro, homem rude e, até mesmo covarde em determinados momentos, abriu o peito e deixou seu coração falar: "A quem iremos, Senhor? Só tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos e sabemos que tu és o Santo de Deus".

E nós? Será que temos coragem de fazer essa afirmação? Vamos então abrir o coração e pedir ao Pai a graça e a força para darmos a Jesus esta resposta: Creio Senhor no seu Corpo, verdadeira comida e no seu Sangue, verdadeira bebida.

Escrito por
Jorge Lorente
Jorge Lorente

Locutor da Rádio Imaculada, colunista e escritor de vários livros consagrados. Seu último lançamento foi a obra "Maria, mãe e mulher".

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