O mestre da estorinha não ensinou nada demais ao seu aluno: não basta saber que existe o caminho; para chegar à meta precisa percorrê-lo até o fim. Isto significa enfrentar dificuldades, lutar para superar obstáculos, vencer ou perder desafios e tudo o mais de imprevistos que podem aparecer. Pensamos na nossa vida. Todos estamos a caminho e muitas coisas acontecem, alegres e tristes, banais e marcantes. Sempre existe a possibilidade de assistir à nossa vida como a um filme protagonizado por outros. Se alcançamos alguma meta será pelos empurrões e não porque a buscamos com afinco. Ao contrário, podemos decidir entrar na lida assumindo pessoalmente as nossas responsabilidades. Também se não alcançaremos metas extraordinárias, experimentaremos o entusiasmo da caminhada em lugar do tédio de ver a vida passar.
No domingo anterior, Jesus nos dizia claramente que Ele é o caminho, a verdade e a vida. Quem aceita se deixar conduzir por Ele, pelo caminho, encontra também o sentido da vida e aquela luz que desfaz toda escuridão e incerteza. No entanto, devemos reconhecer que andar pelo caminho de Jesus não é nada fácil. Nunca vai ser cômodo ou tranquilo. Pela simples razão que ainda não estamos livres de tentações, quedas e sofrimentos físicos e, também, espirituais.
Cada um de nós deve, de certa forma, desbravar a vereda que se abre a sua frente. Estamos sozinhos nesta prova? De jeito nenhum. No evangelho de João, deste Sexto Domingo da Páscoa, Jesus promete "outro defensor" que o Pai dará porque ele mesmo o pedirá para nós (Jo 14,16). Este "advogado" de defesa é o Divino Espírito Santo. Depois, Jesus usa uma linguagem ainda mais familiar e carinhosa: "Não vos deixarei órfãos" (Jo 14,18). Ou seja, desamparados, como quem está tristemente sozinho na vida.
Os nossos pais podem não ser perfeitos, mas algo bom sempre doam aos seus filhos. Melhor ainda se, acima de tudo e dos bens materiais, que podem ou não nos oferecer, nos amam assim como nós somos, semelhantes e, ao mesmo tempo, diferentes deles. Nos amam sem condições, queixas ou chantagens. Chegamos, assim, ao assunto central do trecho evangélico deste domingo: por duas vezes Jesus repete que quem o ama "guarda", acolhe e observa os Seus mandamentos.
Jesus não impõe, nos ama e garante nos acompanhar sempre. Somente pede, também, para ser amado. Com efeito, o maior de todos os mandamentos de Jesus é, justamente, o mandamento do amor. Com aquela qualidade especial e exigente que para amar a Deus, que não vemos, temos que amar o irmão que está ao nosso lado (1 Jo 4,20).
Para alcançar a meta final do Amor Divino, da Vida plena, temos que saber amar já, por aqui, caminhando, dia após dia. Meta e caminho, então, se confundem? Não. É que o amor é o próprio caminho. Quem não sabe amar não vai acertar a meta porque não quer andar pelo "percurso" certo para chegar lá.
Boleto
Reportar erro!
Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:
Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.