Nas Atas dos Santos, conta-se a história da jovem Lutgarda, que estava esperando seu namorado, quando se lhe apareceu Jesus Cristo, mostrando-lhe a ferida do costado. O Senhor disse a Lutgarda: “Não busques mais os afagos de um amor humano. Contempla aqui o que deves amar. Eu te farei saborear as delícias da pureza”. Lutgarda deixou o namorado e entrou em um mosteiro, dizendo a Jesus: “O único que quero é o vosso Coração”. Jesus lhe respondeu: “Eu também quero o teu coração”. Esta graça mística é chamada de “troca de corações”.
Na Igreja antiga existia a Ordem das Virgens, mulheres consagradas inteiramente ao serviço de Deus e do próximo. Os Padres da Igreja (Ambrósio, Agostinho...) falam delas com grande apreço. Pouco antes de Santa Lutgarda (1182-1246), Bernardo de Claraval também preferiu a austera doçura da castidade ao fácil prazer dos sentidos.
Durante séculos, uma moça cristã só podia entrar em um convento de clausura, casar ou ficar solteira, em uma sociedade patriarcal, que não reconhecia a igualdade dos sexos. Hoje, há mais opções. Além da vida religiosa, existe a vida leiga consagrada no mundo, seja num Instituto Secular, seja seguindo o exemplo das antigas Virgens consagradas, reconhecidas novamente em 1963. O rito específico da consecratio virginum (Consagração das Virgens) foi restaurado em 1970.
Em um mundo hedonista, que cultiva o erotismo, a virgindade consagrada ou celibato pelo Reino é o sinal mais característico da vida consagrada, testemunho da força do amor a Cristo, na fragilidade da condição humana. O Concílio Vaticano II justificou esta opção minoritária, citando as palavras e os exemplos de Jesus (Mt 19,3-12) e de São Paulo (1Cor 7,25-35). Bem entendida, a vida consagrada não diminui o valor do Matrimônio cristão, que Jesus e Paulo prestigiaram.
O grande desafio da vida consagrada não é “não casar”, mas amar. Amar com todo o coração, com toda a alma, com todas as forças de que nossa fragilidade humana seja capaz. A caridade, o amor a Deus e ao próximo, é o ideal de toda vida cristã. Os casados a vivem de uma forma bela e exigente. Os celibatários e as virgens se comprometem a viver o amor de outra forma específica: com “coração indiviso”. Porque, quem quer amar a Cristo e a todos os irmãos e irmãs, não pode ser exclusivamente de ninguém. “Quem puder entender, entenda” (Mt 19,12b). A Bem-aventurada Madre Teresa de Calcutá disse com simplicidade: “Nossa vocação é simples: pertencemos a Jesus”.
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