A missão que Deus nos dá

O missionário Louis Marie (MPKI.) presidiu hoje a Celebração da Palavra, no Oratório Imaculada Conceição e São Maximiliano Maria Kolbe, em São Bernardo do Campo, São Paulo, e comentou a Primeira Leitura (1Rs 19,9a.11-16) e o Evangelho de hoje (Mt 5,27-32).

O missionário destaca que no Primeiro Livro dos Reis, o profeta Elias está em uma gruta esperando um encontro com Deus. Porém, acontecem alguns fenômenos da natureza que chamam a atenção dele, mas Elias tem algo que nós, como cristãos, precisamos ter, discernimento.

Discernir onde é o mundo que fala e onde é Deus que fala, isso que Elias faz na. Quando ele sai da gruta, primeiro vem um vento forte e impetuoso. Na nossa mentalidade humana esse vento só poderia ser a presença de Deus, que é forte e poderoso que passa arrastando tudo em seu caminho.

Mas Elias faz o discernimento e pensa que ali Deus não poderia estar presente, porque Ele não destrói, pelo contrário, nosso Deus constrói, fortalece e dá firmeza.

Depois vem outro vento acompanhado de um terremoto, que passa arrastando e quebrando tudo. Elias faz o discernimento e percebe que ali Ele também não está, porque o Senhor não mata, mas sim dá vida.

Depois vem um fogo, e Elias percebe que Deus não está no fogo, porque na tradição judaica, ao mesmo tempo em que o fogo é sinal de vida, porque ilumina, é também algo perigoso, porque quando descontrolado, queima todo o acampamento. Deus não pode queimar o acampamento e querer que Seus filhos fiquem desabrigados ou se encontrem em situação de rua.

Depois vem uma brisa leve, que traz paz e refresca, pois Elias estava em lugar muito quente. Quando ele sente aquela brisa refrescante e que traz para ele a serenidade e paz, ele cobre o rosto e diz: “Aqui Deus está presente!”.

Quando nós passamos por situações difíceis, precisamos discernir onde está a voz de Deus. Ele não faz barulho e não quer holofotes. Olhe para aquilo na sua vida que traz o sentimento de movimento, que nós achamos que é um sinal de Deus. Olhe e pense de novo!

Costumo dizer para mim mesmo, que quando eu quero fazer alguma coisa, se eu sentir paz eu faço, se não, não faço, pois significa que Deus não quer que eu faça isso. A presença de Deus é a paz.

Por isso que quando Cristo ressuscita na Páscoa, a primeira coisa que Ele diz aos discípulos mais de três vezes é: “A paz esteja convosco!”. Ele não fala do barulho e nem da turbulência, mas da paz!

Se Elias não tivesse feito o processo de discernimento ele não teria encontrado Deus, ele teria ficado na gruta, talvez a vida inteira. Depois desse encontro Elias recebe sua missão, assim como conosco, quando Deus vem ao nosso encontro, Ele sempre traz uma missão para nós.

Por isso, quando você está em uma situação difícil e você quer ouvir o que Deus quer te falar, se não tem uma missão depois da paz, não é Deus quem falou. Pode ser uma missão pessoal, para aqueles que estão ao seu redor, ou uma missão para o mundo. À Maria Ele pediu, aos apóstolos, aos profetas e aos santos Ele pediu, a nós Ele também pede.

No Evangelho Jesus nos chama a uma escolha incondicional e radical. Ou você é cristão ou você anda seguindo o movimento do mundo, e a escolha que precisamos fazer hoje é muito forte. Jesus pega o exemplo do adultério, perguntando o que Moisés havia ensinado.

O Filho de Deus diz que o coração humano é duro, difícil de acreditar nos projetos e na vontade de Deus, mas quem olhar uma mulher com o desejo de possuí-la está cometendo um pecado. Quando cobiçamos aquilo que o outro tem, podemos chegar até a matar, pois é só chegar a cobiça, que os outros pecados vem depois.

Jesus não está pedindo apenas para não desejar a mulher do outro, mas não cobiçar as coisas do próximo, pois a partir do momento que a cobiça entra no nosso coração, outros pecados encontram lugar e conseguem crescer.

Como cristãos, vamos pedir que o Espírito Santo nos ajude a viver verdadeiramente o Evangelho de Deus e a escolher o radical e o incondicional, uma escolha que nos traz vida.

Transcrição Mariana Costa