Leia MaisTudo está conectadoBeneficiários com NIS final 3 recebem Auxílio BrasilEstarmos disponíveis para DeusQuem é minha mãe e meus irmãos?Um dia, Jesus estava rezando em certo lugar e um dos discípulos ficou tão impressionado que não aguentou e lhe pediu: “Senhor, ensina-nos a rezar!”. Jesus, então, lhes ensinou: “Quando vocês rezarem, digam: Pai Nosso...”.
Com efeito, a novidade absoluta que Jesus trouxe à Terra foi um novo relacionamento com Deus. Para ele, Deus não é palavra vazia, mas Abbá, isto é, Papai. É o “Tu” absoluto em quem está o centro de sua vida, em relação a quem Ele é o que é: “o Filho”.
Criado à sua imagem e semelhança, somente em relação a Deus, o ser humano pode ser o que é chamado a ser. Sem nos referirmos a Deus, ficamos isolados, sozinhos, separados de nosso tronco vital (cf. Jo 15,5). Por isso, as primeiras páginas da Bíblia afirmam que o homem estava sozinho por não haver entre as criaturas nenhuma que lhe correspondesse (cf. Gn 2,20), então, Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só” (Gn 2,18). Ora, o único capaz de corresponder plenamente ao ser humano e livrá-lo, definitivamente, da solidão é Deus (cf. Jo 16,32), revelado por Jesus Cristo como Abbá.
Sendo assim, toda a vida de Jesus Cristo é a história do relacionamento com seu Abbá, que não o deixa sozinho (cf. Jo 8,29). Para Ele, portanto, rezar não pode ser outra coisa senão entregar-se ao Abbá e recebê-Lo como razão da sua vida:
“Santificado seja o TEU nome, venha o TEU reino, seja feita a TUA vontade.”
Mateus 6:9-11
Entregar-se ao Abbá e recebê-Lo era tão vital para Jesus Cristo que se definia como Aquele que “não veio fazer a própria vontade, mas a vontade do Abbá que o enviou” (Jo 6,38) e isso era seu alimento (cf. Jo 4,34).
Tal atitude de Jesus foi submetida à prova de fogo do momento oportuno, na extrema agonia do Monte das Oliveiras, culminando no suplício do Calvário, e se comprovou verdadeira: “Pai, não seja feita a minha vontade, mas a TUA” (Lc 22,42); “em TUAS mãos entrego meu espírito” (Lc 23,46). “Não nos deixes cair em tentação”, portanto, não é um pedido de ser livre das tentações, isto é, das provações, mas significa:
“Quando estivermos em meio às provações, por piores que sejam, não nos deixes cair, voltar atrás, desistir de ver em ‘Ti’ nosso ‘Único Abbá’”
Em verdade, esse é o maior perigo que corremos. Não reconhecer Deus como Pai significa, consequentemente, não reconhecer a si mesmo como filho e os outros como irmãos. Quando isso acontece, ficamos isolados, sozinhos, sem senso de pertencer. Ora, quem se isola perde toda referência, toma o lugar de Deus, acha-se o centro de tudo, quer impor a própria vontade e descamba para a soberba, raiz de todo pecado (cf. Gn 3,5).
Em seguida, Lucas acrescenta uma parábola que, além de incentivar a necessidade de rezar com persistência, lança uma nova luz sobre a oração do Pai-Nosso. Especialmente a conclusão: “Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas a vossos filhos, quanto mais o Pai do céu dará o Espírito Santo aos que o pedirem!” (Lc 11,13), parece um comentário direto ao pedido: “O pão nosso essencial dá-nos a cada dia” (Lc 11,3).
Assim, para o evangelho de Lucas, portanto, a coisa boa, por excelência, é o Espírito Santo que o Pai concede a todas as pessoas que Lhe pedirem. Não se trata de pão material, nem mesmo do pão servido no banquete celeste, mas da situação presente dos fiéis e da Igreja. Desta forma, o pão que o cristão deve pedir constantemente a Deus é seu Espírito Santo, pois é Ele que nos dá a força de sermos fiéis a Deus, perdoarmos os irmãos e vencermos toda provação.
De fato, quando Jesus foi tentado por Satanás no deserto, estava com fome, sem pão, mas cheio do Espírito Santo (cf. Lc 4,1), e foi por isso que venceu as tentações e manteve-se fiel a Deus: “Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4,4).
Ora, “espírito” quer dizer sopro, respiro. Não se pode pronunciar uma só palavra sem soltar o próprio respiro. Assim, a palavra que sai de Deus é carregada do seu Espírito. Portanto, viver da palavra que sai da boca de Deus é ser movido, na vida, por seu Espírito Santo. Não há bem maior que esse! Por isso, o cristão e a Igreja devem ser autenticamente “espirituais”, isto é, impulsionados pelo Espírito de Deus e, assim, permanecer.
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