Por Frei Aloísio Oliveira Em Lendo o Evangelho

Palavra de vida eterna

“Senhor a quem iremos?” (Jo 6,68)

Pixabay
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Este trecho do Evangelho está enfocado na dificuldade dos discípulos de Jesus para entender o discurso sobre o pão da vida. O Senhor lhes havia dito que quem não comer Sua carne e não beber Seu sangue não poderá ter a vida eterna (cf. Jo 6,53), mas eles não conseguiram aceitar essa revelação. Pareceu-lhes “dura” demais e, acabaram por abandonar Jesus, definitivamente (cf. Jo 6,66).

Com isso, o evangelista evidencia, de maneira quase dramática, que não só a multidão inconstante e os judeus rejeitaram a revelação de Jesus de Nazaré, mas até mesmo aqueles que sua atividade em obras e palavras havia atraído a si.

Não deixou de ser, para Jesus, uma experiência de crise e amargo fracasso em Seu ministério. Com efeito, aqueles discípulos que, certamente, haviam começado a admitir que Ele fosse o enviado definitivo de Deus, voltaram atrás e desistiram de acolhê-lo como Salvador do mundo e instaurador da comunhão da humanidade com Deus, por meio de Sua morte. Por essa atitude, esses discípulos, como anteriormente os judeus, se igualaram à geração que murmurou no deserto (cf. Ex 16,7-8). Dessa forma, tomaram parte na mesma rejeição dos desígnios de Deus, afundando-se na incredulidade.

Tendo-se retirado os numerosos discípulos e a multidão dos judeus, Jesus ficou sozinho com os Doze e dirigiu-lhes uma pergunta, assumindo todo o risco que ela implicava: “Não quereis também vós ir embora?” (Jo 6,67). “Simão Pedro respondeu-lhe: Senhor a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6,68).





A resposta de Pedro é a que Jesus esperava de todos os demais ouvintes. Com efeito, durante todo o discurso, as intervenções dos interlocutores não se dirigiam diretamente a Jesus.

Eram murmúrios à parte, seja dos judeus seja dos discípulos. Nesse momento, porém, Pedro dirigiu-se diretamente ao Senhor, dizendo-lhe: “Tu”. Portanto, ele torna-se o modelo do verdadeiro discípulo de Jesus, ou seja, cada fiel é convidado a fazer sua a resposta de Pedro: “Senhor a quem irei?” Para mim, não há outra possibilidade de existência, fora de teu seguimento. Tu somente tens palavras de vida eterna. Sem o sustento de tuas palavras, que comunicam espírito e vida, desfaleço irremediavelmente na travessia dos desertos da vida. Sim, tuas palavras são o pão para minha fome e a água para minha sede. Só elas me comunicam o espírito vivificador que sai da boca de Deus (cf. Gn 2,7; Dt 8,3). Ó Senhor! Dá-me ouvido de discípulo atento às tuas palavras para que nunca me falte deste Pão Vivo!

Escrito por
Frei Aloísio, Ministro Provincial
Frei Aloísio Oliveira

É Ministro Provincial da Província São Francisco de Assis dos Frades Menores Conventuais e especialista em Sagrada Escritura.

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