Segundo o Evangelho de Marcos, após a tentação no deserto e a prisão de João Batista, Jesus dá início à pregação do Evangelho, na Galileia, com um apelo retumbante: “Cumpriu-se o tempo e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15). A seguir, seu primeiro gesto foi chamar os primeiros discípulos:
“Caminhando junto ao mar da Galileia, viu Simão e André, o irmão de Simão. Lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores. Disse-lhes, Jesus: ‘Vinde após mim e eu vos farei pescadores de homens’. E imediatamente, deixando as redes, eles o seguiram. Um pouco adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, eles também no barco consertando as redes. E logo os chamou. E eles, deixando o pai no barco com os empregados, partiram em seu seguimento” (Mc 1,16-20).
Com o aparecimento de Jesus no cenário, a narrativa procede não mais a partir do olhar do narrador. É o “ver” de Jesus que passa a dominar a cena: “...viu dois irmãos”. Não se indica, de imediato, o nome ou a profissão dos personagens “enxergados” por Jesus, mas o grau de parentesco entre eles: eram dois irmãos. Somente depois, seus nomes são mencionados: “Simão e seu irmão André”. Os dois irmãos são vistos por Jesus enquanto lançavam redes ao mar, pois eram pescadores. Pela profissão, entende-se logo que não se tratava de pessoas cultas procedentes de extratos sociais abastados ou da casta sacerdotal. Ao contrário, pertencem à classe de gente simples, que labuta pela subsistência sob o peso da faina diária.
O apelo ao seguimento: “vinde após mim” caracteriza a atitude fundamental do discípulo em relação a Jesus. Ele é o Mestre que vai adiante, enquanto o discípulo é quem o segue. Tal ação, portanto, não exprime somente deslocamento espaço-geográfico, mas, sobretudo “conversão”, ou seja, mudança radical na escala de valores, reorientação completa da própria existência. É acolhida plena ao apelo apenas proferido: “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15).
A segunda interpelação de Jesus joga com as palavras e com o ofício dos personagens. Os dois irmãos já eram pescadores, mas são chamados a se tornarem “pescadores de homens”. O programa traçado por Jesus completa-se, portanto, somente quando aqueles dois irmãos, chamados ao seguimento, recebem a incumbência de colaborar na missão de apregoar o Reino: “vos farei pescadores de homens”. Eles são responsáveis, no tempo da Igreja, de dar continuidade à pregação do Evangelho do Reino (cf. Mc 16,15).
A narrativa vocacional não menciona nenhuma reação pessoal por parte dos dois irmãos. Eles não apresentam objeções, dúvidas ou apreensões. O texto não contempla perspectivas internas, mas relata tão-somente elementos exteriormente verificáveis. Com efeito, a narração não pertence ao gênero literário biográfico, que fornece informações abundantes sobre a vida dos personagens, mas é um protótipo que condensa e evidencia os elementos essenciais, não só da vocação pessoal daquela dupla de irmãos galileus, mas de toda vocação cristã. A concentração no aspecto externo visa a não bloquear o leitor numa descrição psicológica e emotiva, e pretende comunicar exclusivamente as dinâmicas da vocação em seu perfil teológico-espiritual. O fulcro do relato é a pronta e imediata adesão por parte dos dois pescadores ao chamado de Jesus. O advérbio “imediatamente”, presente também na cena da vocação dos outros dois irmãos, Tiago e João (Mc 1,19s), faz transparecer que uma decisão dessas, que determina seriamente toda a existência, tem de ser tomada de forma resoluta e sem titubear, pois quem põe a mão no arado e olha para trás não é apto para o Reino de Deus (Lc 9,62). Essa atitude de “imediatez”, que caracteriza a cena, evidencia que o chamado de Jesus dirigido aos dois irmãos pescadores foi irresistível e a adesão deles, inarredável. Isso se comprova pelo fato de eles abandonarem as tralhas de pesca para ir atrás de Jesus.
Próximos ao cenário da vocação de Simão e André, encontravam-se outros dois irmãos pescadores, Tiago e João, que também foram chamados por Jesus enquanto consertavam as redes. A narração não diz com quais palavras foram interpelados. O contexto, porém, permite supor que foram as mesmas dirigidas a Simão e André: “Vinde após mim”. “E eles, deixando na barca o pai Zebedeu com os empregados e as redes, o seguiram” (Mc 1,19-20).
Embora o abandono da embarcação por Tiago e João, e das redes por parte de Simão e André torne as duas narrativas vocacionais perfeitamente simétricas, o chamado endereçado a Tiago e João traz um elemento novo: o abandono do pai Zebedeu. Seguir Jesus, colaborando efetivamente na sua missão, exige bem mais que deixar coisas e ocupação profissional. Dar esse passo na vida implica ruptura com os vínculos afetivos mais profundos: “quem ama pai ou mãe mais do que a mim não é digno de mim” (Mt 10,37; Lc 14,26). Dessa forma, a dupla narrativa completa o teor das exigências do seguimento de Jesus.
A experiência vocacional desses primeiros discípulos torna-se, portanto, paradigma de toda vocação cristã. Como a eles, Jesus chama também a nós para sermos discípulos missionários, colaboradores dele no anúncio do Evangelho. Isso, obviamente, nos impõe renunciar a seguranças materiais e afetivas. O peso das exigências, porém, não nos deve atemorizar e imobilizar. Pois, nessa via, o que damos não se compara ao que recebemos, visto que o seguimento de Jesus, assumido com prontidão e decisão, nos dá acesso pleno à comunhão com ele e com o Pai, nos torna comensais do banquete celeste.
Rezemos com Nossa Senhora
Neste mês mariano, percorra um itinerário de fé e oração conosco, rezando sob a intercessão da Virgem Maria!
4º Domingo da Páscoa
Celebramos no dia de hoje as nossas mães. Parabéns para você mamãe que, como o Bom Pastor, também ama e é capaz de doar sua vida pelas ovelhas que Deus lhe confiou, em seu lar. Na liturgia de hoje, nós comemoramos o Bom Pastor, aquele que conhece, que guarda e que ama suas ovelhas.
3º Domingo da Páscoa
Um velho ditado popular diz que: “Deus ajuda quem cedo madruga”. Na verdade, Deus ajuda sempre, não escolhe hora, porém no evangelho de hoje, Jesus aparece aos apóstolos, antes do sol raiar. Era madrugada, estavam cansados, com fome e com sono, porém insistiam em lançar suas redes. Eram pescadores experientes, devem ter lançado a rede por todos os lados do barco. Tentaram a noite toda e nada, mesmo assim não desistiram.
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