Esta verdadeira “alegria carnal” tem o seu significado real norteado por uma relação vital e configura a mesma não só por um estado de ânimo. Existe então, uma alegria para além da alegria, ou seja, para além do nosso sentir comum e estereotipado; porque para esta “alegria carnal”, há uma imagem bem identificável, aquela de Jesus de Nazaré.
Se a alegria se debruça como pessoa em nossos braços, tal qual o menino naqueles de Maria de Nazaré, então é uma alegria narrada e narradora: há uma história e faz história conjuntamente. Aperta-se ao peito e se abraça. Alegria se escuta, se vê, se toca, é mais real do que nós mesmos (1 Jo 1,4). Alegria tem a ver com a palavra, com a humanidade de uma pessoa, com a verdade que esta carrega e encerra. Uma alegria estereotipada, ligada a estados de ânimo duradouros e prazerosos, mas desvinculados da presença sacramental de nosso semelhante e ancorada à satisfação de desejos tão somente, é contrastada pela alegria-relação vital com a reveladora condição de simplicidade de Jesus de Nazaré: eis por que se trata de alegria anunciada, alegria-promessa, que não se encerra jamais em um momento e somente se constrói em um conjunto complexo e desejado de valores. O único momento pontual na qual a alegria se deu em modo incomensurável é a encarnação do Filho de Deus, culminante na sua morte e ressurreição. Esta é a história narrada da alegria anunciada, a ser continuada.
Quando o Verbo de Deus tocou a terra, a inundou daquilo que faltara e só Ele lhe dera: ele veio “costurar” fragmentos (cf. Mt 5,32; 8,16; 11,5; 19,14; Lc 6,4; 15,2; Jo 8,11); com Ele e nele a misericórdia pôs limite ao mal (cf. Lc 10,30-37; Lc 11,20; Jo 12,31; Jo 19,30); Ele veio marcar de realismo sagrado as profundezas das nossas angústias, e resgatar a noite de nossa vida (cf. Jo 5,24; 6,48; 9,5; 10,14; 11,25; 14,6). Somos incluídos para sempre na alegria completa dada por Jesus Cristo (cf. Jo 15,11; 16,24). A alegria da encarnação não se dissocia da justiça, da verdade, da paz, da solidariedade, do senso religioso e de participação da vida, da precedência a quem mais sofre, da verdade de uma integridade entregue ao bem.
Beneficiados como filhos (cf. Jo 1,12), aprendemos a cultivar a verdadeira alegria, seguidos pelo proto-exemplo do Nazareno: ela é silenciosa, pois vem participar e não se impõe, e como a criança que chegara em meio aos pastores, hoje, por via da justiça, a silenciosa e participativa alegria evangélica pode fazer-se em meio à ecologia, aos trabalhadores da terra e aos cultivadores, aos viajantes em busca de sentido, aos homens de cada setor urbano. Jesus de Nazaré vem nos dizer que alegria-anunciada tem como condição a simplicidade (cf. Lc 2,7; 9,58), que esta tem um início e um término: o filho do Abba nasce nu e desprovido, morre despojado. Tocados pela imagem identificável de Jesus de Nazaré, cada um de nós carrega em si a missão de significar a vida dos outros a partir da própria. Sem a sobriedade, é difícil. Assim, concluímos que a alegria da encarnação é uma alegria contextual, declinável em cada ambiente.
Se a morte não fosse vencida e a ressurreição uma condição partilhada e desejada pelo mesmo Pai de Jesus Cristo no Espírito Santo (cf. At 5,30; 1 Cor 15,14), hoje não poderíamos jamais respirar e alimentarmo-nos do valor desta alegria-promessa, que vem acompanhada de um cenário: justiça realizada, libertação integral, paz entre os povos, salvação universal, concretização das bem-aventuranças (cf. Mt 5,3-11). Somos chamados a continuar a compor o cenário da alegria no mundo: sermos os pobres bem-aventurados que fazem da simplicidade a norma, o critério, o respiro, o símbolo da própria realização; realizar a justiça e desvencilhar os mecanismos de incremento às formas de corrupção que podem se alimentar até com a nossa hipocrisia; cumprir valores éticos nos mais singelos detalhes da vida cotidiana; fomentar relações de recíproco respeito e estima nos ambientes de trabalho; promover, defender e proteger os mais indefesos e desprovidos, compartilhando por meio de uma presença efetiva a sorte de quem sofre qualquer forma de sofrimento; cultivar e dar esperança procurando colaborar para costurar os fragmentos que encontramos dia após dia. De onde pode vir senão a alegria?
Rezemos com Nossa Senhora
Neste mês mariano, percorra um itinerário de fé e oração conosco, rezando sob a intercessão da Virgem Maria!
3º Domingo da Páscoa
Um velho ditado popular diz que: “Deus ajuda quem cedo madruga”. Na verdade, Deus ajuda sempre, não escolhe hora, porém no evangelho de hoje, Jesus aparece aos apóstolos, antes do sol raiar. Era madrugada, estavam cansados, com fome e com sono, porém insistiam em lançar suas redes. Eram pescadores experientes, devem ter lançado a rede por todos os lados do barco. Tentaram a noite toda e nada, mesmo assim não desistiram.
Mistérios Dolorosos - Jesus morre na Cruz
Reze e contemple com a devoção mariana
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