Por Espiritualidade Em Formação Atualizada em 09 SET 2021 - 18H04

Peregrinos de Deus



A partir do mês de novembro, a gente já começa a sentir um clima de fim de ano, com muitos enfeites de natal pelas ruas, pilhas de panetones nos mercados, e na boca das pessoas uma constatação geral: “Nossa! O ano mal começou e já está acabando!” ou ainda: “Nossa! Como o tempo voa!”.

Essa é uma impressão comum, uma vez que o mundo não para e nós todos vivemos numa agitação total, procurando emprego ou trabalhando, estudando, fazendo provas de fim de ano, vestibulares e tantas outras coisas. Para quem é jovem, este é um tempo de expectativa, porque é quase férias, tempo de dormir, descansar e de “não fazer nada”. Para todos este tempo traz algo de especial.

Parece que os dias e o próprio tempo trazem algo novo, a gente olha para trás, faz um balanço do ano que está acabando, mas também sente que algo novo está para vir. Mesmo o cansaço de um ano cheio de tantas experiências, dores, alegrias, sucessos e fracassos, vai se apagando. A gente sente renascer as energias, as esperanças de que tudo pode ser melhor, tudo pode ser renovado, melhorado. Algo novo está sendo gestado no ventre do mistério do tempo e da vida.

Muito significativa é uma passagem de São Paulo, na carta aos Gálatas, que expressa a ligação entre esse tempo e a gravidez: é o modo como ele entende o mistério do natal: “chegada a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher” (cf. Gl 4,4). Eu entendo essa passagem assim: primeiro, dissemos que este tempo traz algo de especial, e realmente se sente algo diferente no ar, porque o tempo chegou à sua plenitude. Plenitude significa estar pleno, repleto, quase a transbordar, significa que está cheio de algo bom. Sim, o tempo está grávido de algo novo. Algo novo vai nascer. E até mesmo o cosmos, a natureza, a criação pressentem isso. Nosso olhar muda! Nasce dentro de nós uma vontade estranha, diferente, de ser bom, de ser melhor. Uma vontade do tipo: assim não dá mais para continuar...! É esse tempo que traz à nossa vida essa abertura para novidade e ele está pleno de alguém que vai nascer. Gravidez lembra vida nova, renascimento da esperança, possibilidade de tudo recomeçar. E não é a qualquer um que a mulher vai dar à luz, mas ao Filho de Deus.

Fazer novas todas as coisas

Bom, desta forma, descobrimos que nossas esperanças humanas não precisam ser descartadas de antemão, mas que também não podem ser preenchidas com bens de consumo, presentes, sorrisos amarelos, e comida e bebida, deixando de lado o único que pode preencher essa sede e fome, esse desejo mais íntimo de algo bom e novo que está para despontar em nossa vida. Mas somente Jesus, Deus feito homem, pode realizar e preencher, plenificar nosso tempo. É Ele que está sendo gestado, é Ele o novo que nossas almas anseiam por encontrar, o que pode fazer novas todas as coisas! É Ele a juventude do mundo! A possibilidade de não caducarmos em nossos males, maldades e pecados.

Para que isso seja realidade concreta na vida da gente, a Igreja propõe um caminho, uma espiritualidade, abre para nós uma estrada no meio do deserto deste mundo vazio e nos conduz a nós, peregrinos, aventureiros e viajantes desta vida, até o poço da água viva, que sacia nossa sede, refresca nosso calor, e acalma nossa pressa. Esse caminho chama-se advento e nos prepara a alma para o natal: o mistério da encarnação, isto é, Deus feito carne, feito homem, feito menino, feito pó! O eterno se faz temporal, o infinito se faz finito, o imortal se faz mortal! Essa é a lógica de Deus, a lógica do amor. É para viver e experimentar na radicalidade todo este dom que quero junto com vocês assumir o caminho deste advento, a espiritualidade do natal. Vamos nessa?

Fazer do coração uma manjedoura

Quem quiser se aventurar neste caminho, de forma alguma vai se arrepender, pelo contrário, vai vislumbrar paisagens que jamais imaginou que existissem e vai sentir uma plenitude no coração, uma presença de alguém que nos envolve e nos ama. E quando chegar o dia do natal, perceberá que não só irá até a manjedoura para ver o menino que nasceu, mas vai ver brilhar a luz dentro de si e, de repente, se dará conta de que o menino não estará lá, no presépio da Igreja, mas dentro do próprio coração que se fez pequena manjedoura, onde nasce o novo, o Deus-menino. Seu coração será Belém. E será capaz de ver com amor e doçura a cada irmão e irmã. Fazer o bem não mais lhe custará, porque o evangelho nasceu em você. Este é o fim, não o começo! Para começar temos que dar passos. Este tempo é um caminho a ser percorrido, é um caminho de amor, no qual saímos ao encontro daquele que já está correndo ao nosso encontro para também nos encontrar e não vê a hora que isso aconteça!

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