Este trecho é a conclusão do capítulo 13, definido pelos estudiosos da Bíblia como apocalipse de Marcos ou, também, discurso escatológico, que quer dizer: ‘discurso sobre os acontecimentos finais’. O evangelho de Marcos foi redigido em tempos muito próximos à destruição de Jerusalém, ocorrida no ano 70 da Era Cristã.
Essa catástrofe judaica, com todos os horrores que implicou, foi tomada, por muitos, como prenúncio do fim dos tempos, já previsto pelos profetas. O evangelista que circula nesse meio, procura, como sábio pastor de almas, libertar a comunidade do bloqueio gerado pela tensão de falsas expectativas sobre o fim dos tempos, em data imediata, para mobilizá-la a uma fé madura e vigilante sobriamente engajada na vida diária (cf. vv.3-4).
Não é difícil perceber, pois, que o núcleo da mensagem do evangelho de hoje é o apelo à vigilância, repetido com frequência quase excessiva. Mas, de que se trata essa vigilância?
O cristianismo não é ópio do povo, como, às vezes, se costuma acusá-lo, pois sua mensagem visa essencialmente despertar o cristão do torpor que o impede de perscrutar os sinais dos tempos para engajá-lo na história que o circunda. Não há outra história paralela àquela que o cristão compartilha com seus semelhantes. É nela, portanto, que o Senhor revela seus desígnios. Vigilância significa, pois, ter ouvido atento de discípulo (cf. Is 50,4) apto a captar as manifestações do Senhor nos acontecimentos cotidianos.
Essas palavras do evangelho, portanto, muito longe de alienar as pessoas da história inculcando-lhes uma mentalidade milenarista, obcecada por cálculos fictícios sobre o fim do mundo, pretendem despertar nelas o verdadeiro interesse pela história e a atitude correta de viver os projetos temporais. Ser vigilante significa viver como alguém que sabe que não há outra possibilidade de concretizar o próprio seguimento de Jesus senão no tempo presente e a partir da situação em que se encontra.
A vigilância responsável do cristão, empostado na história à espera de seu Senhor que vem, rejeita tanto o fanatismo apocalíptico, que projeta o futuro especulando sobre um fantasioso calendário sobre o fim dos tempos, como a alienação materialista que, reduzindo a história humana a um horizonte exclusivamente terreno, a priva de sua verdadeira meta e de seu verdadeiro sentido.
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