A escolha de vida de Santa Clara de Assis foi moldada pela Mãe de Deus. Jesus e Maria não são separados para Santa Clara, mas juntos inspiram o autêntico compromisso com o Reino de Deus.
A consagração de Santa Clara a Deus se deu na igreja de Santa Maria dos Anjos, um lugar especial para São Francisco. Ali, sua entrega a Deus se mostrava diretamente ligada àquela da Virgem Maria. No ano 1225, um certo Frei Tomás de Celano escreveu a história de Santa Clara e sua obra ficou conhecida como Legenda de Santa Clara. Nela, o frei escreve com habilidade para retratar a santa. É quase como que um artista que desenha o retrato de uma pessoa. No texto, Santa Clara é apresentada como modelo, uma imagem na qual os fiéis devem se espelhar. E a Virgem Maria aparece como o modelo de Santa Clara. Podemos dizer que Maria é o modelo do modelo, reafirmando o que a Igreja ensina: modelo perfeitíssimo. Muitos consideram também São Francisco como outro Cristo por suas atitudes e pregação; e consideram Santa Clara como outra Maria por sua dedicação e entrega a Deus. Outra ligação estreita se dá pelo fato de que Santa Clara viveu a mística esponsal, sua união espiritual com Jesus, um casamento com Deus. Maria também se uniu intimamente a Deus a ponto de ser mãe do Filho, esposa do Espírito e filha predileta.
Nos escritos de Santa Clara, Maria é chamada de mãe e virgem. Diversos adjetivos são utilizados como santíssima, gloriosa e dulcíssima. A maternidade de Maria, para Santa Clara, está sempre ligada ao mistério de Jesus. E a virgindade com o modelo de Maria para Clara e o estilo de vida e seguimento ao qual acorriam diversas jovens. Tanto a maternidade como a virgindade, para Santa Clara, estão voltadas para o casamento místico. A orientação dessa maternidade e da consagração é para Jesus.Leia MaisNovena a São Francisco de AssisFortes na tribulaçãoSomos feitos de história
Na idade Média, Santa Clara era considerada a maior santa depois da Mãe de Deus. Uma visão que coloca as duas em relação. Mas, mais ainda, conforme está registrado nos documentos da canonização de Clara, havia o pensamento de que Maria e Clara eram tão unidas, porque Maria se alegrava com o amor e a dedicação com a qual Clara havia desposado seu filho Jesus.
Santa Clara foi indicada como exemplo para as mulheres de seu tempo, e de hoje certamente, porque seguia o modelo de Maria para o autêntico seguimento de Jesus. Para redescobrir o seguimento de Cristo nos dias atuais, é relevante descobrir a figura de Maria. Conhecendo Maria e a doutrina sobre Ela, é possível compreender a dinâmica da graça de Deus na pessoa humana. Santa Clara foi uma “revolucionária espiritual” de seu tempo. E não só. Também abalou as estruturas religiosas, colocou em questão o papel das mulheres na Igreja, se posicionou de forma contrária ao sistema de casamentos vigente. Mas, Santa Clara foi uma revolucionária, não foi uma revoltosa. Maria teceu dentro de si o Filho de Deus, Santa Clara, em sua experiência religiosa e espiritual, teceu um relacionamento íntimo e de fé com Jesus que é maior do que tudo.
REFERÊNCIA: MILITELLO, Cettina. Maria in Santa Chiara d´Assisi. Tehotokos, 2011.
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