das medidas fundamentais no combate à Covid-19, a lavagem de mãos, é uma realidade distante para pelo menos 40% da população mundial. Este é o grupo que não têm acesso à água e sabão. Uma realidade inaceitável para a ex-relatora especial da ONU sobre água e saneamento, Catarina de Albuquerque.
Nesta entrevista à ONU News, ela afirmou que o acesso a esses serviços é uma questão, principalmente, de vontade política.
“É óbvio que o Covid não vem ajudar. O Covid vem a complicar a situação já por si só complicada. Antes de o Covid começar, nós tínhamos 2,2 mil milhões, ou 2,2 bilhões no Brasil, de pessoas sem acesso à água segura, e tínhamos 4,2 bilhões de pessoas, no Brasil, ou 4,2 mil milhões nos outros países de língua oficial portuguesa, sem acesso a saneamento. E tínhamos aproximadamente 40% da população mundial sem possibilidade de lavar as mãos com água e sabão.
E, entretanto, chegou o Covid que veio a atirar mais ainda para a pobreza, aqueles que estavam na pobreza. Tornando ainda mais difícil àqueles que já tinham algumas dificuldades financeiras, de conseguir pagar contas de água, de conseguir pagar sabão, de conseguir ter acesso a esses direitos fundamentais. Portanto para que nós não percamos todas as conquistas das últimas décadas, é importante que os Estados assumam suas obrigações e deem, por exemplo, apoio às empresas públicas e privadas de prestação de serviços de água para que elas não entrem na bancarrota, para que elas consigam continuar a prestar serviços a quem não pode pagar.”
A ex-relatora lembrou que com a crise socioeconômica, gerada pela pandemia, muitos países decidiram proibir o corte de fornecimento de água a quem não pudesse pagar. Mas para ela, a crise atual também deve provocar uma reflexão generalizada sobre as leis de mercado e sobre os direitos humanos.
“Muitos países decretaram medidas de proibição de cortes de serviços d’água a quem não paga. Uma medida que me parece correta, aliás era uma medida que já deveria existir, independentemente, antes do Covid, mas pronto foi agora aprovada. Mas o que isso quer dizer? Quer dizer que temos que pensar em toda a problemática. Não é só proibir o corte, é também pensar na situação em que vão estar essas empresas, públicas e privadas, que vão deixar de ter ingressos, que vão deixar de ter receitas porque vai ter menos gente a pagar.”
A ex-relatora que agora dirige a iniciativa Saneamento para Todos afirma que prevenir é melhor que remediar, e por isso apela aos líderes internacionais que coloquem o saneamento e a água no topo de suas plataformas de governo.
“Eu acho que isto também é uma altura de entender que a prevenção é a melhor cura. Esta é a altura de investir mais na água, de investir mais no saneamento, de investir mais na higiene porque a água, o saneamento e a higiene vão diminuir a exposição das camadas mais pobres da população ao Covid. E são a primeira linha de defesa que todos nós temos, relativamente, ao Covid. Por isso, voltamos a uma questão sobre a qual eu tenho batido muito que é o tema da vontade política. Precisamos que chefes de Estado e de Governo que ponham a água, o saneamento e a higiene nos topos das prioridades políticas para responder não só ao Covid mas para qualquer outro futura pandemia.”
Dentre as medidas de prevenção da Covid-19 estão lavagem de mãos, distanciamento social, aplicação de álcool em gel para higiene na falta de água, e uso de máscaras de proteção quando requisitado.
Fonte: ONU NEWS
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