Saúde

Pastoral da Criança é um dos organismos da Igreja no Brasil que se empenha na redução da mortalidade materna

A mortalidade materna ainda é um grande desafio de saúde pública

Escrito por Cibele Battistini

21 FEV 2024 - 11H08 (Atualizada em 21 FEV 2024 - 11H19)

Divulgação

Segundo dados da Organização Panamericana da Saúde, cerca de 830 mulheres morrem todos os dias por complicações relacionadas à gravidez ou ao parto em todo o mundo, sendo que a maioria das mortes poderiam ter sido evitadas.

A situação tornou-se ainda mais grave devido aos impactos diretos e indiretos da pandemia da Covid-19, que levou a um grande retrocesso em vários países. No Brasil as taxas de mortalidade materna dobraram no período, voltando a níveis registrados há 25 anos.

Dedicado a um momento para reflexão e conscientização sobre o tema, no dia 28 de maio se celebrou o dia nacional de redução da mortalidade materna, um momento para principalmente se “cobrar políticas públicas e ações imediatas que contribuam para diminuir o número de mortes de mulheres durante a gestação, parto e pós-parto”, afirma a Pastoral da Criança.

A Pastoral da Criança é um dos organismos de ação social da Igreja responsável por prevenir mortes maternas, por meio de seus líderes e agentes, ao fazerem as visitas domiciliares, orientando sobre os direitos das gestantes durante o pré-natal, o nascimento e o período pós-parto.

Os agentes também alertam sobre os sinais de perigo, falam sobre a importância dos primeiros 1000 dias de vida e, especialmente, oferecem preocupação e apoio fraterno e emocional. O aplicativo Pastoral da Criança + Gestante é outro aliado na prevenção de mortes maternas. “As informações disponíveis podem ajudá-la a ficar mais informada e deixá-la mais ciente dos seus direitos, de quando precisar ajuda e onde pode buscá-la”, informa a Pastoral.

“Líder, divulgue o aplicativo para as famílias, especialmente com gestantes, assim cada vez mais levamos informações e orientações que podem salvar vidas”.

Principais causas da mortalidade materna

A Ana Elisa, doutora em Antropologia Social pela Universidade Estadual de Campinas, pesquisadora do Centro de Estudos de Migrações Internacionais e do Observatório Saúde e Migração da FENAMI, salientou que as principais causas de mortalidade materna no Brasil são, em sua grande maioria causas evitáveis, 90% dos casos seriam evitáveis.

“Elas estão relacionadas a quadros de infecção, hemorragias, hipertensão, por exemplo. No período da pandemia somava-se a isso quadros relacionados à infecção por Covid-19. Mas enfim, acho que o mais importante da gente ressaltar aqui é que a morte materna está sempre ligada a falta de serviços básicos de saúde”.

Ela aponta que as principais razões pela falta de acesso aos serviços básicos de sáude são várias e envolvem toda uma cadeia de atenção, que vai desde a atenção primária, inclusive relacionada ao acesso ao planejamento familiar adequado, ao acesso ao acompanhamento de pré-natal adequado e de qualidade, até a ponta, a atenção especializada, que vai envolver o serviço de maternidade e o serviço de alta complexidade.

“E para que essa cadeia funcione bem, é necessário investimento em cada segmento dela. A gente continua com muita dificuldade, inclusive em garantir a atenção básica de saúde primária para as mulheres. Um dado importante é que apenas 34% dos municípios brasileiros hoje em dia atingem a meta de no mínimo 6 consultas de pré-natal para pelo menos 45% das gestantes. Mas, para além disso, muitas vezes, aquelas mulheres que conseguem uma atenção, um acompanhamento a um pré-natal adequado e de qualidade elas não vão ter acesso à maternidade”.


Dra. Ana Elisa


Para Ana Elisa, é através da política pública que se garantiria o acesso universal democratizado a toda esta rede de atenção obstétrica. “E é justamente o funcionamento dessa política pública que faz com que os índices de mortalidade materna e infantil se reduzam”, disse.

“É extremamente importante contar com uma rede de apoio próxima, com pessoas da família, para quando são identificadas situações onde o sistema de saúde não consegue chegar”.

Fonte: CNBB News

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Por Cibele Battistini, em Saúde

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