Por Túlia Savela Em A Igreja no Rádio 2ª Edição Atualizada em 28 FEV 2020 - 15H42

Vencer as tentações com palavras

"As palavras" é o título do artigo de Dom Pedro Conti acerca do Evangelho do Primeiro Domingo da Quaresma de 2020, em que Jesus vence as tentações por meio dos ensinamentos que recebeu de sua mãe, aprendidos das Sagradas Escrituras

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Bíblia hebraica


Por Dom Pedro Conti, bispo de Macapá, no Amapá

“Há palavras más e palavras boas. Palavras leves que voam e outras que pesam como pedras enormes. Há palavras que ferem o coração e outras que o aquecem. Algumas fazem chorar, outras sorrir. Há palavras que fazem viver, porque dão coragem e dignidade. Com as palavras se pode errar, fazer sofrer, mas, depois, é possível corrigir o erro. Há palavras carregadas de sentido como: ‘te amo’, ‘me perdoe’, ‘juntos’...Há também palavras de vida eterna. Mas, ainda as lembramos?”

Encontrei esta poesia, sem o nome do autor, e me lembrei da força das palavras da Escritura que Jesus usou para vencer as tentações. Foram chamadas de arma, de escudo. Penso que, mais uma vez, foram uma lição. Grande e simples ao mesmo tempo. No primeiro domingo da Quaresma, sempre encontramos a página dos 40 dias de Jesus no deserto. Entendemos que estas foram as tentações que o acompanharam ao longo de toda a sua vida. Podia ter sido um messias poderoso e triunfador, de acordo com a mentalidade e os sonhos do mundo ou, como foi, um salvador pobre e desconhecido aos olhos dos grandes, mas perfeito no amor e na entrega ao projeto do Pai.

A “lição” da página evangélica das tentações nos ilumina sobre o uso que fazemos das Escrituras e as maneiras de entendê-las. As consequências serão visíveis em nossas vidas. Hoje, por exemplo, somos tentados a pensar que com a ciência e a tecnologia, fruto da inteligência humana, tudo, ou quase, esteja ao nosso alcance. É possível reciclar até o lixo e ganhar dinheiro. Mas também é possível fabricar armas letais, silenciosas e microscópicas como um vírus sem cura.

Milhões de seres humanos gostariam que as pedras se tornassem pão porque morrem de fome. O que continua de pedra é o coração dos ricos e a ganância de um sistema que vive só pelo lucro. Poder, riqueza e sucesso continuam a ser os ídolos mais adorados da história humana. Podemos usar as palavras da Escritura para lembrar as promessas grandiosas de Deus, a partir de Abraão, pai de uma multidão incalculável. Lembrar o compromisso que o reino de Davi não terá fim. Até o pobre Jó, tão sofredor, após aguentar os desaforos dos amigos para ficar fiel a Deus, recebeu como prêmio mais bens e mais filhos e filhas do que tinha antes. Teria sido tão simples para Jesus receber todos os reinos da terra, bastava dobrar ao menos um joelho. Tem mais uma palavra muito usada para quem continua achando loucura a cruz de Cristo: “Maldito todo aquele que for suspenso no madeiro” (Dt 21,23, citado em Gl 3,13).

Não precisa mexer com Satanás. Basta refletir um pouquinho para entender que podemos usar a mesma Escritura para explicar as coisas do mundo, para chamar riqueza e saúde de benção e pobreza e doença de castigo. Ou, deixar que seja o próprio Jesus a abrir a nossa inteligência, como fez com os seus discípulos após a ressurreição. É a lição exemplar da vida dele que dá luz às Escrituras e não o contrário.

A Palavra de Deus deve ser um alimento que motiva a generosidade e não o egoísmo, a partilha e não a acumulação, uma economia solidária e não somente lucrativa. Também tentamos o Senhor quando o desafiamos a se mostrar com algo extraordinário, quando invocamos o seu nome para que ele faça aquilo que nós deveríamos fazer e não fazemos, ou seja, nos amar e perdoar mais.

Não enxergamos mais o milagre da vida que acontece todos os dias de baixo dos nossos olhos. Deixamos de contemplar a natureza, com sua beleza e harmonia, assim esquecemos o primeiro livro, sempre aberto, que nos fala de um Deus amoroso e providente. Aclamamos e dobramos os joelhos diante de falsos deuses, estrelas da mídia, salvadores de pátrias fabricadas com a propaganda e os números maquiados das pesquisas encomendadas.

Jesus foi plenamente humano; aquelas tentações são sempre também as nossas. Se apresentam fascinantes. Mas nós fomos salvos porque ele não desceu da cruz, porque nos amou até o fim. Em tempo de Quaresma, precisamos de palavras verdadeiras, de vida e esperança, não de discursos tentadores e promessas falsas.

É o caminho da cruz, mas é a felicidade da vida doada. 

Ouça também a reflexão preparada por Dom Nelson Westrupp, bispo emérito de Santo André, com edição de áudio de Gil Brasil:


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