Por Jorge Lorente Em Palavras de Vida Atualizada em 03 MAI 2020 - 18H56

Domingo do Bom Pastor

O Quarto Domingo da Páscoa é considerado o Domingo do Bom Pastor. Em todos os anos litúrgicos, o Evangelho é um trecho do capítulo 10 segundo São João, no qual Jesus é apresentado como o Bom Pastor


Jesus é o bom pastor



Olá, meu amigo e minha amiga, mais uma vez nos reunimos para meditar a Palavra de Deus deste dia.

Vejamos as leituras de hoje:

Primeira Leitura At 2, 14.36-41

A primeira leitura traça, de forma bastante completa, o percurso que Cristo, o Bom Pastor, nos desafia a percorrer. Para segui-lo, é preciso converter-se, deixar os esquemas de escravidão e aderir a Jesus, acolher no coração a vida de Deus e deixar-se recriar, vivificar e transformar-se por ela. Continuamos no mesmo ambiente em que nos colocava a primeira leitura do domingo passado, em Jerusalém, na manhã do dia do Pentecostes. Pedro é o porta-voz de uma comunidade que, iluminada pelo Espírito, toma consciência da necessidade de testemunhar Jesus, a sua vida, a sua morte e, acima de tudo, a sua ressurreição. Pedro fala aos habitantes de Jerusalém, em alta voz e com muita firmeza que é preciso reconhecer que Deus constituiu o Senhor Cristo, a este Jesus que eles crucificaram. O texto de hoje nos apresenta uma catequese sobre atitude correta para acolher a proposta de salvação que Deus faz aos homens, por intermédio dos discípulos de Jesus. Os homens e mulheres que, no dia do Pentecostes, escutam o discurso de Pedro representam a comunidade do antigo Povo de Deus, para quem é destinada a mensagem de que Jesus é verdadeiramente Deus e que por amor entregou a sua própria vida. Pedro ressalta ainda que todos que aceitarem suas palavras e forem batizados, serão salvos, libertos daquela comunidade corrompida pelo pecado. Convertei-vos! Gritava Pedro aos seus ouvintes. Converter-se é deixar os velhos esquemas de egoísmo, de prepotência, de orgulho, de auto-suficiência para ir atrás de Jesus e aprender com Ele a amar, a servir e, até mesmo doar a própria vida. Diante desta interpelação que Deus faz, por intermédio de Pedro, os membros da comunidade judaica perguntam: “o que devemos fazer?” Essa é a reação de quem, bruscamente, toma consciência dos caminhos errados que tem trilhado, que percebe como não têm sentido certas opções, comportamentos e valores. É a reação de quem aceita questionar as suas certezas e seguranças, para aceitar os desafios que Deus nos faz.

Salmo 22(23)

Este é um dos mais conhecidos Salmos, ele nos fala da tranqüilidade do servo que realmente confia em Deus. O Senhor, que em hebraico significa Adonai, é o pastor. Ele alimenta, Ele guia e cuida, com muito amor, de suas ovelhas. O salmista Davi revela intimidade com a figura do pastor, atividade que ele, Davi, realizou durante parte de sua vida. Trata-se de um título com maior intimidade com Deus, visto que, em muitos Salmos, Davi prefere títulos como “Rei”, “Libertador”, “Rocha”, “Escudo” e outros. O Pastor, entretanto, vive com o seu rebanho, oferecendo-lhe orientação, cuidado e proteção. Entretanto, convém ressaltar que “Nada me faltará” significa que nenhuma coisa, das que precisamos e que esteja de acordo com a vontade de Deus, será negada pelo Pastor. Portanto, para concluir, aquelas coisas das quais nós não precisamos, ou que não estão de acordo com a vontade de Deus, não nos serão dadas pelo Bom Pastor.

Segunda Leitura 1Pd 2, 20-25

A segunda leitura nos convida a contemplar o projeto salvador de Deus, o amor de Deus pelos homens, expresso na cruz de Jesus e na sua ressurreição. Olhando com fidelidade a grandeza do amor de Deus, por cada um de nós, aceitaremos o seu pedido de renovação das nossas vidas. Já vimos no domingo passado que a Primeira Carta de Pedro é dirigida aos cristãos de cinco províncias romanas da Ásia Menor. Trata-se de comunidades do meio rural, pobres e altamente vulneráveis ao clima de hostilidade que começa a se manifestar cada vez mais contra os cristãos. Pedro apresenta Cristo como o Pastor que guarda e conduz as suas ovelhas e ressalta que os cristãos devem seguir esse Pastor. Seguir o Pastor é responder à injustiça com o amor, ao mal com o bem. Mas, vem aqui uma grande dúvida: como lidar e aceitar a injustiça, a violência, como pagar o mal com bem? Esta carta de Pedro responde a estas questões. Sem grandes argumentações filosóficas, ou teológicas, Pedro ressalta apenas o exemplo de Cristo, que passou pelo mundo fazendo o bem e que foi preso, torturado, assassinado sem resistir, sem se revoltar, sem responder e sem pagar com a mesma moeda aos seus assassinos. É uma lógica incompreensível, ou até mesmo louca, aos olhos do mundo, mas essa é a lógica de Deus. Seguindo fielmente a essa lógica divina, Jesus demonstrou que só este caminho conduz à ressurreição, à vida nova, a um dinamismo gerador de um mundo novo. Com suas palavras, Pedro deixa bem claro que eu, você, enfim, todo cristão é chamado a ser testemunha em todos os ambientes em que estiver presente que só o amor é capaz de gerar vida nova e de transformar o mundo.

Evangelho Jo 10,1-10

O Evangelho segundo João, capítulo 10, versículos de 1 ao 10, apresenta Cristo como o Pastor, cuja missão é libertar o rebanho de Deus do domínio da escravidão e levá-lo ao encontro das pastagens verdejantes onde há vida em plenitude, ao contrário dos falsos pastores, cujo objetivo é só aproveitar-se do rebanho em benefício próprio. Jesus vai cumprir com amor essa missão, no respeito absoluto pela identidade, individualidade e liberdade das ovelhas. Este Evangelho está dividido em duas partes, ou em duas parábolas. Na primeira parábola Jesus apresenta-se como o Pastor, cuja ação se contrapõe aos dirigentes judeus que se acham no direito de pastorear o rebanho do Povo de Deus, apesar de não serem pastores. Jesus não usa meias palavras e diz que os dirigentes judeus são ladrões e bandidos que se servem de seus cargos para explorar as pessoas e usam a violência para manter o povo sob a sua escravidão. Aproximam-se do Povo de Deus de forma abusiva e ilegítima, porque Deus não lhes confiou essa missão, por isso, não entram pela porta. O seu objetivo não é o bem das ovelhas, mas o seu próprio interesse. Ao contrário, Jesus é o Pastor que entra pela porta. Ele tem um mandato de Deus e a sua missão foi confiada a Ele pelo Pai. Ao apresentar-se como Aquele que entra pela porta, com autoridade legítima, Jesus se declara o Messias enviado por Deus para conduzir o seu Povo e para o guiar para as pastagens onde há vida em plenitude. Ele entra no redil das ovelhas para cuidar delas, não para explorá-las. A sua missão é libertá-las das trevas em que os dirigentes as mantêm e conduzi-las ao encontro da luz libertadora. Como é que Jesus vai exercer a sua missão de pastor? Em primeiro lugar, irá chamar suas ovelhas pelo seu nome, porque conhece cada uma e com cada uma quer ter uma relação pessoal de amor, de proximidade, de comunhão. Para Jesus, não existe número, mas sim pessoas com a sua identidade própria, com a sua riqueza e com a sua dignidade. O Bom Pastor não obriga ninguém a responder seu chamado, nem segui-lo, mas os que responderem ao seu chamamento farão parte do seu rebanho e receberão a água cristalina da Fonte da Vida.

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