Olá, meu amigo e minha amiga, convido você, mais uma vez, a meditar a Palavra de Deus. Desta vez, do Segundo Domingo da Páscoa.
Neste dia, celebramos também o Domingo da Misericórdia, e a liturgia de hoje, 19 de abril, nos apresenta uma comunidade de Homens Novos que nasce da cruz e da ressurreição de Jesus: a Igreja. A missão desses homens e mulheres novos consiste em revelar para toda a humanidade a vida nova que brota da ressurreição.
Na Primeira Leitura, vemos na comunidade cristã de Jerusalém, os traços da comunidade ideal; é uma comunidade fraterna, preocupada em conhecer Jesus e a Sua proposta de salvação. Uma comunidade que se reúne para louvar o Seu Senhor na oração e na Eucaristia, que vive a partilha, a doação e o serviço aos irmãos. É uma comunidade de homens e mulheres que testemunham, com gestos concretos, a salvação que Jesus veio propor aos homens e ao mundo.
Essa fraternidade resulta da identificação com Cristo e da vida de Cristo que anima cada cristão, membros do mesmo corpo, o Corpo de Cristo. Trata-se de uma comunidade empenhada em conhecer e acolher a proposta de salvação que vem de Jesus, através do testemunho dos apóstolos, e não através das estranhas doutrinas trazidas pelos falsos mestres e que começam a invadir essa comunidade.
Os cristãos são convidados a descobrir que o sentido fundamental da vida está na obediência ao plano do Pai e na entrega aos irmãos; e que uma vida vivida desse jeito conduz à ressurreição e à vida plena, mesmo que passe pela experiência da cruz. Essa comunidade celebra liturgicamente a sua fé. Lucas, o autor do Livro dos Atos dos Apóstolos, aponta dois momentos celebrativos fundamentais: a fração do pão e as orações. A fração do pão parece ser uma expressão para designar o memorial da Ceia do Senhor. Era a celebração que resumia toda a vida de Jesus, feita doação da vida e entrega até à morte. Acompanhada, em geral, de uma refeição fraterna, ela comportava ainda orações, uma pregação e, talvez, gestos de comunhão e de partilha entre os cristãos.
Era um momento de alegria, em que a comunidade celebrava a sua união a Jesus e a comunhão fraterna entre todos. Nós fazemos parte de uma comunidade cristã. A comunidade cristã é uma família de irmãos, reunida ao redor de Cristo, animada pelo Espírito e que tem por missão testemunhar na história a salvação. A comunidade cristã tem de ser um testemunho vivo, que mostra aos homens e mulheres do mundo inteiro, como o amor, a partilha, a doação, o serviço, a simplicidade e a alegria são geradores de vida e não de morte.
O Salmo 117(118), que hoje focalizamos, é uma oração coletiva de agradecimento estruturando uma celebração litúrgica. Dividida em grupos, a comunidade recebe a pessoa que vai agradecer e entoa o refrão, exaltando o amor de Deus. Essa pessoa começa a contar sua experiência de ter sido atendida por Deus e traz para todos uma lição de confiança, que desmascara as falsas seguranças. A comunidade responde, celebrando a vitória conseguida com o auxílio do Senhor. O coro da comunidade canta a vitória realizada por Deus e, a seguir forma-se a procissão até o altar, e cantam-se o refrão num diálogo alternado entre a pessoa que agradece e a comunidade, dizendo: “Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos!” Por isso, convido você para repetir, com muita alegria, este refrão: “dai graças ao Senhor porque Ele é bom... eterna é a Sua misericórdia!”
Na Segunda Leitura, Pedro recorda os membros da comunidade cristã que a identificação de cada um com Cristo, através de Sua entrega por amor ao Pai e aos homens, conduzirá à ressurreição. Por isso, os cristãos são convidados a percorrer os caminhos da vida com esperança, apesar das dificuldades, dos sofrimentos e da hostilidade do mundo, sempre com seus olhos voltados para o horizonte onde está presente a salvação definitiva.
Os destinatários desta carta são as comunidades cristãs que vivem em zonas rurais da Ásia Menor. A maioria desses cristãos são pastores ou camponeses que cultivam as propriedades das classes dominantes. Outros são pequenos proprietários que vivem em aldeias, na periferia das grandes cidades.Resumindo, são pessoas de baixa renda que vivem no meio rural, e rodeados de pessoas que começam a manifestar sua hostilidade para com o cristianismo. Pedro conhece as provações que estes cristãos sofrem todos os dias, e incentiva-os a se manterem fiéis à sua fé, apesar das dificuldades. Convida-os a olharem para Cristo, que passou pela experiência da paixão e da cruz, antes de chegar à ressurreição; e exorta-os a manterem a esperança, o amor, a solidariedade, vivendo com alegria, coerência e fidelidade a sua opção cristã.
A Palavra de Deus é sempre muito atual. É para cada um de nós o apelo desta primeira carta de Pedro: precisamos nos identificar com aquele a quem amamos, mesmo sem tê-lo visto, que é o Cristo, a fim de chegarmos, com Ele, à ressurreição. Pedro nos convida a tomar consciência de que, pelo Batismo, nos identificamos com Cristo. A nossa vida tem de ser, como a de Cristo, vivida na obediência ao Pai e na entrega aos homens e mulheres, nossos irmãos; é esse o caminho que conduz à ressurreição. A lógica do mundo diz que servir, partilhar e dar a vida é um caminho de fracos e perdedores; a lógica de Deus nos diz justamente o contrário: a vida plena, a vida verdadeira, é resultado do amor que se faz doação.
No Evangelho de João, capítulo 20, versículos de 19 ao 31, sobressai a ideia de que Jesus vivo e ressuscitado é o centro da comunidade cristã; é ao redor de Jesus que a comunidade se estrutura e é dele que ela recebe a vida que a anima e que lhe permite enfrentar as dificuldades e as perseguições. Por outro lado, é na vida da comunidade, na sua liturgia, no seu amor e no seu testemunho, que os homens encontram as provas de que Jesus está vivo.
Neste Evangelho, Jesus se encontra com a Sua comunidade; encontra-se com os Seus discípulos. Eles estavam assustados e trancados com medo dos judeus. Jesus entra e deseja-lhes a paz. A simples presença de Jesus é paz é o shalom que em hebraico tem sentido de harmonia, serenidade e confiança. Daqui em diante, os discípulos não têm nenhuma razão para ter medo. Jesus está ali, vivo e ressuscitado e, para não restar nenhuma dúvida, Jesus revela Sua identidade através de Suas mãos e peito perfurados. Estão aí os sinais do Seu amor e da Sua entrega. É nesses sinais de amor e de doação que a comunidade reconhece Jesus vivo e presente no seu meio.
Um dado importante neste texto é que Jesus soprou sobre os discípulos reunidos à Sua volta. A palavra soprar aqui é a mesma do livro do Gênesis, quando Deus soprou sobre o homem de argila, infundindo-lhe a vida. Com esse sopro o homem tornou-se um ser vivente; com este novo sopro, Jesus transmite aos discípulos a vida nova que fará deles homens novos. É este Espírito que constitui e anima a comunidade de Jesus, um espírito de doação, de entrega e de amor aos irmãos. Tomé precisou ver para crer. Tomé representa aquele que vive fechado em si próprio, afastado da comunidade e que não faz caso do testemunho dessa comunidade. No entanto, foi dentro da comunidade, no domingo, no Dia do Senhor, que Tomé pode fazer sua experiência com Cristo. Essa é uma clara demonstração de que o Domingo é o dia em que a comunidade é convocada para celebrar a Eucaristia. É no encontro com os irmãos, com a Palavra proclamada, com o pão partilhado, que se descobre Jesus ressuscitado.
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