Por Jorge Lorente Em Palavras de Vida

Vida que se faz dom nunca é fracassada

Jorge Lorente partilha um comentário sobre as quatro leituras bíblicas das celebrações da Santa Missa deste Terceiro Domingo de Páscoa.





Olá, meu amigo e minha amiga, mais uma vez vamos meditar a Palavra de Deus. Desta vez, trata-se do Terceiro Domingo da Páscoa.

A liturgia deste domingo pascal nos convida a descobrir o Cristo vivo que acompanha os homens pelos caminhos do mundo, que com a Sua Palavra anima os corações magoados e desolados, que se revela sempre que a comunidade dos discípulos se reúne para partir o pão. É um apelo para que os discípulos sejam testemunhas da ressurreição diante dos homens.

Vamos às leituras de hoje:

Primeiro Leitura At 2,14.22-33

A primeira leitura mostra, através da história de Jesus, como, do amor aos irmãos, brota sempre ressurreição e vida nova, e convida a comunidade de Jesus a testemunhar essa realidade. Estamos na manhã do dia do Pentecostes. A comunidade cristã, transformada pelo Espírito, deixou a segurança das paredes do cenáculo e se prepara para dar testemunho de Jesus, em Jerusalém e até aos confins do mundo.

Nesse contexto, Lucas atribui a Pedro, o porta-voz dos doze apóstolos, um discurso que constitui um primeiro anúncio de Jesus, ou seja, o kerigma, aos habitantes da cidade e a todos os que se encontram ali para celebrar a festa judaica de Pentecostes, festa celebrada 50 dias após a Páscoa, e na qual se ofereciam a Deus os primeiros frutos da terra. Este discurso de Pedro é muito semelhante a outros discursos do livro dos Atos dos Apóstolos. Em qualquer um deles, aparece sempre um núcleo central que procede do kerigma primitivo que se inicia fazendo uma breve apresentação da atividade de Jesus, o anúncio da Sua morte e ressalta a salvação que brota de Sua ressurreição.

O texto insiste na mensagem que Deus ressuscitou Jesus e não permitiu que a morte o derrotasse. A ressurreição de Cristo prova que uma vida doada ao serviço do plano do Pai, na entrega aos homens, não conduz ao fracasso, mas à ressurreição, à exaltação, à vida plena. É bom nos lembrarmos disto, sempre que nos sentirmos desiludidos, fracassados e criticados, por gastarmos nossa vida no serviço, de entrega, de amor.

Uma vida que se faz dom nunca é um fracasso; uma vida vivida de forma egoísta e autossuficiente, distante de Deus e dos outros, é que é fracassada, pois não conduz à vida em plenitude. Um outro ponto bem ressaltado no texto é a do testemunho. Pedro é o porta-voz de uma comunidade que conheceu e apreendeu a proposta de salvação que Cristo veio oferecer e que se sente, agora, investida da missão de dar testemunho diante de toda humanidade.

Salmo 15(16)

Este salmo é uma oração de confiança, onde se renova a entrega total a Deus, tanto do indivíduo como da comunidade. O salmista inicia dizendo: “Defendei-me, Senhor: Vós sois o meu refúgio, está nas vossas mãos o meu destino”. A comunidade também sabe, com muito realismo, que está vivendo num meio social cheio de deuses falsos e de falsos senhores, que produzem escravidão e morte. No entanto, essa comunidade é também capaz de discernir e escolher o Deus verdadeiro cujo projeto é liberdade e vida. Deus concede a herança da vida para aqueles que se comprometem com o projeto dele. O centro da vida é a própria presença misteriosa de Deus, que acompanha a comunidade e a instrui diretamente sobre o caminho a seguir e ação a realizar. O salmista conclui dizendo que, em aliança com Deus, a comunidade pode estar sempre alegre, porque Deus é fonte inesgotável de vida. Comprometida com o projeto dele, a comunidade pode ficar certa de que nunca será abandonada na morte.Leia MaisDeixa eu ver?Nenhum ser humano jamais pode ser incompatível com a vida

Segunda Leitura 1Pd 1, 17-21

A segunda leitura nos convida a contemplar o projeto salvador de Deus, o amor de Deus pelos homens, expresso na cruz de Jesus e na Sua ressurreição. Olhando com fidelidade a grandeza do amor de Deus, por cada um de nós, aceitaremos o Seu pedido de renovação das nossas vidas. Já vimos no domingo passado que a Primeira Carta de Pedro é dirigida aos cristãos de cinco províncias romanas da Ásia Menor. Trata-se de comunidades do meio rural, pobres e altamente vulneráveis ao clima de hostilidade que começa a se manifestar cada vez mais contra os cristãos. São violentas e organizadas as perseguições do imperador romano Domiciano contra todos que se dizem cristãos, não poupando nem mesmo seus compatriotas romanos. Pedro então, exorta os cristãos a manterem a fidelidade à sua fé, apesar da hostilidade atual e dos sofrimentos futuros. Convida-os a olharem para Cristo, que passou pela experiência da paixão e da cruz, antes de chegar à ressurreição; e exorta-os a manterem a esperança, o amor e a solidariedade, vivendo com alegria, coragem, coerência e fidelidade a sua opção cristã.

Não há maior expressão de amor do que entregar a vida em favor de alguém e é dessa forma que Deus nos ama. Pedro ressalta que Deus amou de tal forma os homens que enviou ao mundo Seu próprio Filho, o cordeiro da libertação, com uma proposta de salvação e de vida nova para todo Povo de Deus.

O egoísmo e o pecado não acolheram essa proposta de salvação e mataram Jesus. Esse foi o preço do amor de Deus e da Sua vontade de nos fazer chegar à vida plena. Mas a morte de Jesus não foi em vão, pois, da Sua fidelidade ao desejo do Pai e da doação da Sua vida, nasceu uma comunidade de homens novos, que acolheram a proposta de Jesus e que aceitaram caminhar ao encontro da vida plena.

Evangelho Lc 24, 13-35

O relato que o Evangelho deste domingo nos apresenta é exclusivo de Lucas. Nenhum outro evangelista se refere a estes dois personagens. Lucas, através do capítulo 24, versículos do 13 ao 35, nos leva a caminhar com dois discípulos de Jesus que, tristes e abatidos, caminham de Jerusalém para uma aldeia chamada Emaús, distante de Jerusalém, aproximadamente doze quilômetros. Apesar de serem dois os discípulos, Lucas só menciona o nome de um, que é Cléofas; o outro não é identificado. É como se Lucas quisesse dizer que podia ser qualquer um dos cristãos que tomaram conhecimento do trágico acontecimento, resultando na morte do Mestre, pode ser, até mesmo, eu ou você, naqueles momentos de incerteza que a vida nos apresenta.

Os dois estão, nitidamente, tristes e desanimados, pois os seus sonhos de triunfo e de glória ao lado de Jesus ruíram por completo aos pés de uma cruz. Em lugar de triunfar, Jesus deixou-se matar e a Sua morte é um fato consumado, pois já é o terceiro dia depois que isto aconteceu. Segundo a tradição daquele povo, o terceiro dia após a morte é o dia da morte definitiva, ou seja, já não resta nenhuma esperança.

Magoados, abandonam a comunidade que, daqui para frente, não parece fazer qualquer sentido, e regressam à sua aldeia, dispostos a esquecer o sonho, a pôr os pés no chão e a enfrentar, de novo, uma vida dura e sem perspectivas futuras. Diante desse clima sombrio, Lucas introduz um novo personagem, Jesus, que se faz companheiro de viagem, interroga-os sobre os acontecimentos, escuta suas preocupações e se torna um confidente de suas frustrações.

Na nossa caminhada pela vida, fazemos, frequentemente, a experiência do desencanto e do desânimo. Os fracassos, o desmoronamento daquilo que julgávamos seguro, a falência dos nossos sonhos nos deixam frustrados, perdidos, sem perspectivas. Então, parece que nada faz sentido e que Deus nos abandonou. No entanto, Lucas nos garante que Jesus vivo e ressuscitado, caminha ao nosso lado. Ele é esse companheiro de viagem que encontra formas de vir ao nosso encontro, mesmo que, frequentemente não sejamos capazes de reconhecê-lo e de encher o nosso coração de esperança.

Acompanhe ao vivo o quadro Palavras de Vida, pelas ondas da Rádio Imaculada, ou pelo aplicativo Milícia da Imaculada, apresentado por Jorge Lorente, às 9h (horário de Brasília), neste domingo, 26 de abril.

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