Criou dois filhos, trabalhou a vida toda em fábricas e, quando chegou a hora de parar, foi aí que ele começou a andar. Aos 60 anos, o homem caseiro surpreendeu a família com a iniciativa de fazer uma peregrinação de 400 quilômetros. Pessoa de poucas palavras, mas de muitos passos, ele explica o primeiro impulso: “Pelo prazer de amar a natureza”. Em 2006 realizou o Caminho da fé caminhando mais de 400 quilômetros entre Tambaú e Aparecida, em São Paulo. Em mais de 15 anos, foram diversos destinos no Brasil e no exterior. “Foi um sonho antigo que realizei com muita alegria e muita energia positiva”, conta Francisco Ribeiro.
“Sempre iniciei as peregrinações sozinho e encontrei pelo caminho companheiros que partilhavam do mesmo ideal. As romarias me ajudam muito, não somente no preparo físico, mas no meu bem-estar e no relacionamento com as outras pessoas e com Deus”, conta Francisco que é conhecido pelo justo apelido de Chicão Peregrino.
Em São Paulo, Francisco participa da Associação de Confrades e Amigos do Caminho de Santiago de Compostela (ACACS). Ali são desenvolvidas atividades e palestras, e passam todas as dicas para quem deseja realizar o Caminho de Santiago de Compostela. Francisco levou mais de 30 dias para completar os mais de 800 quilômetros da França até a cidade de Compostela, na Espanha.
Acredita-se que o apóstolo de Jesus, São Thiago se dirigiu até a península ibérica para anunciar o Evangelho, após a ressureição de Jesus. Tendo o intuito de levar até a comunidade de Jerusalém as novidades sobre seu trabalho, foi preso e martirizado por grupos hostis aos cristãos, por volta do ano 44 d.C. Os cristãos da época teriam guardado o corpo do apóstolo em um lugar seguro e sigiloso.
No século IX um monge teve um sonho em que foi indicado onde estava sepultado o Apóstolo Thiago. Era na Espanha, na atual cidade de Compostela. Desde então, fiéis se dirigem a essa cidade para venerar o túmulo do apóstolo, da mesma forma que em Roma se recorda a presença e o martírio de Pedro e Paulo. Posteriormente, peregrinos atravessavam a Europa para encontrar o perdão nesse lugar em que era possível receber a indulgência. Francisco conta que “foi bom conhecer os castelos antigos e as igrejas milenares, além da hospitalidade dos povos do caminho”. Francisco, com a experiência que tem, alerta que uma peregrinação “exige preparo físico, roupas, calçados e mochilas leves próprias para caminhadas longas”. É necessário ter em mente que não é como assistir um filme, mas é um empenho humano grande. “Para fazer uma peregrinação a pessoa precisa de preparo emocional e físico e uma boa disposição para longas caminhadas”.
A recompensa é grande. Francisco se encantou com a cultura espanhola e se impressionou com uma trilha Inca em Machu Picchu, no Peru.
A vida é caminhar. Todos os dias pessoas atravessam as cidades e os campos tocando a vida em frente. As peregrinações nos lembram do sentido de caminhar, da importância da preparação e da força de vontade. As peregrinações têm um destino preciso e nos recordam que a vida também tem em Deus o cumprimento do seu itinerário.
Fonte: Jovem Mílite
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