Por Armando Teixeira Em Formação

Joanópolis: Um dia e uma noite encantadora

Foram duas as minhas visitas à cidade de Joanópolis, a simpática “Capital Nacional do Lobisomem” no interior de São Paulo. Uma à noite e outra de dia, parecia que visitei duas cidades diferentes, mas igualmente encantadoras




A noite, iluminada pela fogueira de São João, colorida pelas bandeiras de festa junina, aromatizada pelo cheiro bom de milho, pipoca e do “afogadão” que cozinhava na maior panela que já vi! Nos ouvidos as doze cordas da viola caipira melodiavam a voz cantada a peito aberto da dupla sertaneja dos pés à cabeça.

O dia, um passeio pela Cachoeira dos Pretos, na recordação o cheiro de natureza, terra úmida, o almoço servido no fogão de lenha... tudo aquilo que é bom na vida e dá vontade de sorrir.

Se ficou curioso, venha comigo que vou falar para você sobre uma das melhores festas juninas que já visitei e sobre o “Lobisomem” que conheci na cachoeira de Joanópolis.

A noite de São João

Muitas são as cidades que têm como seu padroeiro São João Batista, dentre elas a cidade de Atibaia, onde moro. Eis que eu e alguns amigos decidimos, num feriado de 24 de junho, "fugir" da festa da nossa cidade para visitar a vizinha Joanópolis que também celebrava seu aniversário e o mesmo padroeiro.

A noitinha se aproximando e encaramos as muitas curvas da estrada para Joanópolis de moto, eu na garupa com o privilégio de poder olhar para a natureza ao pôr do sol, enquanto ziguezagueava colina acima.

Ao chegar tive aquela sensação gostosa de ver a Igreja Matriz de São João Batista como o centro daquele microuniverso. É assim em muitas cidades pequeninas do interior, onde tudo acontece ao redor da Matriz, é lá que tem padaria, farmácia e mercado.

A cidade estava transformada pela festa do padroeiro, repleta de barracas, enfeites, bandeiras, luzes e cores... Mais do que isso, repleta de gente. Muitas pessoas das cidades vizinhas e até de longe visitam a cidade nessa época boa do mês de junho.

Três palcos foram montados para shows musicais, um grande pertinho da Igreja, para os artistas mais conhecidos da região, um menor em uma rua lateral, para apresentações culturais, onde se apresentavam crianças, danças, caiapós, congos e folias. Por fim, um palco de madeira em um espaço chamado

Rua Caipira, onde você encontrava apenas música sertaneja raiz o tempo todo. Nesse cantinho tinha também o famoso “afogadão”, um cozido tradicional de carne cheio de caldo, que você come com farinha graúda temperada...Hummm... bom demais!

A festa tinha tudo que era necessário para agradar a família, brinquedos diversos para as crianças, música boa, comidas típicas do mês de junho, com tudo de melhor que o milho bem amarelinho pode nos oferecer, bolo, curau, pamonha...

Sem contar a paçoca, o vinho quente com pedacinhos de morango, pipoca e doce de leite. A Matriz estava lá, aberta e florida, com o padre muito simpático sorrindo na porta. Coisa de novela ou de filme... mas melhor que isso porque era tudo de verdade!

O dia do Lobisomem

Em uma manhã ensolarada de domingo, eu e a então namorada (hoje minha esposa) decidimos visitar a Cachoeira dos Pretos, muito popular entre as cidades próximas.

O caminho atravessava a cidade de Joanópolis e era muito bucólico e lindo, daqueles em que você encontra carroças passando e todo mundo se cumprimenta mesmo sem te conhecer. Na estrada para a cachoeira, fui descobrir depois, tem o melhor frango caipira no molho da região, em um bar e restaurante daqueles que parecem ter saído de uma moda de viola.

Ao chegar na cachoeira lembro que passamos por várias “casinhas”, todas com uma chaminé soltando fumaça. Era onde o almoço era servido, com um precinho camarada por pessoa. Você comia “a la vontê” se servindo diretamente no fogão a lenha. Tutu de feijão, torresmo, linguiça caipira, couve, mandioca, pernil...

A cachoeira frondosa, espetacular, parecia rachar a montanha para derramar sua água como um longo cabelo prateado. Bom mesmo era ficar ali no pé da coisa toda, longe de onde a água se arrebenta, mas no pequeno riacho que se forma entre as pedras e a natureza. Coisa linda de sentir: o pé descalço na pedra fria molhada pela água corrente em um dia quente.

Famílias se acercavam por ali e faziam piquenique, o tempo passa e ninguém percebe. Na hora do almoço vi uma pequena aglomeração em frente a uma das "casinhas" que serviam o almoço. O motivo? Era ele! O “lobisomem”!

O rapaz devia estar passando um calor naquela roupa peluda... o bicho parecia brabo, mas as fotos saem sempre simpatissíssimas! O lobisomem fazia poses ameaçadoras e o povo com sorriso largo ao lado dele tirando uma foto. Claro que também fiz isso. Ir para Joanópolis exige ter uma lembrança do lobisomem.

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Por Armando Teixeira, em Formação

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