No Batismo, nossa vocação

Toda vocação de um discípulo de Cristo é semelhante àquela dos Apóstolos, enviados por Jesus a todo o mundo para pregar o Evangelho a todas as criaturas, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Cfr. Mateus 28, 19-20). O discípulo é chamado assim, a amar o mundo, esquecendo-se de si, para levar a todos o amor e caminhar junto com os outros membros da comunidade pelo caminho da santidade própria do Evangelho tendo sempre vivo no coração o chamado pessoal de Jesus que espera dele uma resposta.

Seguir Jesus tem um necessário caminho de redescoberta do Batismo. Ele é o fundamento da vida em Cristo em comunhão com o Pai no Espírito Santo. O Batismo tem uma dimensão eclesial. Pelo Batismo entramos na história da salvação cristã e nossa vida torna-se uma história da salvação; ele nos insere na vida e na missão de Cristo: “Vós que fostes batizados em Cristo, vos revestistes de Cristo” (Gl 3, 17). Nossa adesão a Cristo não é somente intelectual; ser cristão consiste em ser fiel à Sua Palavra e um seu seguidor, estar em comunhão com Ele, deixar que Ele viva em nós a Sua consagração e missão no Espírito, a sua paixão pelo Reino do Pai. Cristo não só está diante de nós ou conosco, mas está em nós, entre nós.

Um seguidor de Cristo é um discípulo que acolhe a sua pessoa e a sua doutrina, um apóstolo que dá testemunho de Seu Evangelho, uma pessoa que vive em Cristo, que vive dele, que está unida a Ele como o ramo à videira, que repete no seu ser o dinamismo da vida de Jesus. Entre Cristo e o cristão estabelece-se uma comunhão de vida que tem como fundamento a vida do Pai doada no Espírito Santo.

Como viver o Batismo? Nesse “como” está toda a força da espiritualidade, nossa resposta ao dom de acolher e viver em plenitude a graça batismal, como realização da vocação e da missão do cristão.

A espiritualidade batismal é a raiz e o ponto de referência de todas as formas de vida cristã. E a espiritualidade batismal inclui e se relaciona fundamentalmente com a vida eucarística. Batismo e Eucaristia – fonte e ápice da vida cristã, assim reconheceu e ensinou o Concílio Vaticano II que é a retomada de consciência do sacramento do Batismo. Na encíclica Eclesiam suam, dedicada à consciência que a Igreja deve ter de si mesma, o papa Paulo VI expressa num texto sobre o Batismo, fala da pedagogia do batizado e da vida interior enraizada na comunhão com Cristo, na Igreja, tal como os ramos estão unidos à videira: É preciso restituir toda a sua importância ao fato de termos recebido o santo Batismo, termos sido enxertados, por este sacramento, no Corpo Místico de Cristo, que é a Igreja.

O Batismo é a experiência inicial, central, decisiva permanente da vida cristã.Independente de outros chamados, todos somos antes de tudo, pelo Batismo, cristãos. “Tornamo-nos não só cristãos, mas Cristo”, afirma Santo Agostinho.