A tibieza consiste em não ser frio nem quente, mas morno (cf. Ap 3,15-16). Os monges antigos tinham a tibieza como a pior das doenças espirituais. João Cassiano dizia que tinha visto muitos pecadores se arrependerem e iniciarem uma vida fervorosa, mas jamais tinha visto um tíbio fazer isso. São Gregório Magno explicava que “o costume de cometer muitas faltas leves, sem remorsos e sem propósito de corrigir-se, faz com que se perca, aos poucos, o santo temor de Deus”.
“É mais fácil mil leigos saírem do pecado do que um só eclesiástico sair do estado de tibieza”, dizia São Bernardo. E São João da Cruz acrescentava ter conhecido muitos que, embora cheios de boas qualidades e virtudes, logo que caíram na tibieza, precipitaram-se no abismo dos vícios. Por isso, diz o Cântico dos Cânticos: “Agarrem as raposas, as raposas pequeninas que devastam nossas vinhas, nossas vinhas já floridas!” (Ct 2,15).
As nossas faltas cotidianas, a poeira dos nossos pecados veniais secam a nossa devoção e devastam os nossos bons desejos, que são as raízes da vida espiritual. Sem uma vida espiritual fervorosa, é inevitável que o monge sinta tédio na recitação da Liturgia das Horas, que o sacerdote celebre a Eucaristia e pregue sem devoção, ou que a religiosa e a leiga consagrada façam seus deveres sem alegria, sem paz, distraídas por mil e uma afeições desordenadas.
É verdade, como repete o Papa Francisco, que “todos somos pecadores” e que até as pessoas mais espirituais não se acham livres de faltas leves. Mas, reconhecendo nossos erros, devemos pedir perdão a Deus que nunca se cansa de perdoar. “Muitas faltas cometi – dizia um velho jesuíta – mas nunca compactuei com elas”.
Santo Afonso Maria de Ligório, de quem tomo a maioria das citações deste texto, recomenda um excelente meio para sair da tibieza: “recorrer à Santíssima Virgem Maria”.
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