Perfume de Francisco

O legado de São Francisco

Nesta semana, quem nos ajuda a melhor conhecer o perfil de nosso pai seráfico, Francisco de Assis, é Frei Marcos Rocha de Carvalho:

Escrito por Espiritualidade

05 FEV 2021 - 08H00





O que podemos dizer de São Francisco de Assis?

Ele foi uma pessoa realmente plena. Viveu intensamente a sua humanidade (cf. 1Cel 1,4) lá em Assis, cidadezinha do vale de Espoleto (1Cel 1,1)1 situada na região da Úmbria, bem no coração da Itália. Nascido em 1182 em uma família rica (cf. 1Cel 1,4), João era seu nome de batismo. Filho de Pedro de Bernardone, comerciante de Assis, e de Dona Pica, ele foi um jovem como qualquer outro do seu tempo: alegre, sonhador, vivaz e afetuoso.

Francisco herdou de seu pai o espírito para os negócios e a inteligência aguçada; de sua mãe recebeu a sensibilidade e a ternura. Amava Assis, sua cidade natal e da qual jamais quis se afastar e onde morreu na noite de 3 para 4 de outubro de 1226.

Um dos seus sonhos era se tornar cavaleiro (cf. 1Cel 1,5), o que, na sua época, lhe teria conferido status social e fama, mas não conseguiu realizar tal façanha, pois, em 1202 saiu derrotado na batalha de Collestrada, entre Assis e Perúgia. No entanto se esmerou e foi um verdadeiro cavalheiro: homem educado, de alma nobre, gentil, pródigo, cortês e que, por volta de seus 25 anos de idade (cf. 1Cel 2,1), começou a renovar a Igreja do Senhor tornando-se um soldado de Cristo (cf. 1Cel 9,1).

Em 1205, teve o encontro com o leproso e escutou o crucifixo de São Damião. Alguns anos mais tarde, em 1208, na Festa de São Matias (24 de fevereiro), Francisco ouviu o evangelho da missão e juntamente com os primeiros companheiros iniciou a aventura pelos caminhos do Evangelho e deu origem a um novo estilo de vida religiosa: a fraternidade, cuja Regra foi aprovada oralmente, em 1209, pelo Papa Inocêncio III.

Dentre os seus primeiros seguidores, está Clara de Assis, a sua companheira, amiga e conselheira fiel com quem começou a ter os primeiros contatos em 1211. E depois da morte de sua “coluna, única consolação depois de Deus (...) e apoio” (Test. de S. Clara 37), foi Clara a guardiã do carisma franciscano, isto é, a plantinha como era carinhosamente chamada por Francisco: uma muda, um broto que continha em si a força do carisma e o levava adiante, até nossos dias, pois, neste ano de 2012, celebramos 800 anos de sua conversão.

O legado de Francisco e Clara não está nos seus feitos miraculosos, mas sim no exemplo de vida simples e humilde que ambos nos deixaram por terem abraçado a Santíssima Pobreza tão amada por eles e vivida por nosso Senhor Jesus Cristo. Pobreza aqui não entendida em chave sociológica e sim como característica do Filho de Deus, que sendo rico se fez pobre por amor a nós para nos enriquecer com a sua pobreza (cf. 2Cor 8,9).

Frei Marcos R. Rocha de Carvalho, OFM Cap.

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