A humildade da oração

Santa Teresa de Jesus dizia que orar é tratar de amizade com Aquele que sabemos que nos ama. E acrescentava que orar é muito mais fácil do que as pessoas pensam. Porque não consiste em pensar muito – ser um grande teólogo, um místico, conhecer muito bem a Bíblia, etc –. Não; para orar, segundo Santa Teresa, basta amar. E isso, amar, até o mais pobre e humilde dos seres humanos pode fazer. Porque Deus, que é amor, criou-nos à sua imagem e semelhança, portanto capazes de amar.

São João Berchmans, um jovem jesuíta, sendo noviço da Companhia de Jesus, achava que não sabia orar. Por isso, disse a um colega: “quero que você reze em voz alta, na minha frente, para eu aprender a orar”. É próprio dos santos acharem que não sabem orar e que os outros são muito melhores do que eles, como aconselha São Paulo: “com humildade, cada um considere os outros como superiores a si...” (Fl 2,3).

Pelo contrário, os orgulhosos, os arrogantes, acham que são melhores do que os outros, aos quais desprezam. É a lição da parábola do fariseu e do publicano, que Jesus contou para alguns que confiavam na sua própria justiça e desprezavam os outros. O publicano, que não se atrevia a levantar os olhos para o céu, mas batia no peito dizendo: “Meu Deus, tem compaixão de mim, que sou pecador!”, voltou para casa justificado. E o fariseu, que orava de pé, satisfeito por cumprir todos os preceitos da lei, não voltou justificado. “Pois quem se eleva será humilhado, e quem se humilha será elevado” (Lc 18,9-14).

Grande é o poder da oração, que coloca à nossa disposição o imenso poder de Deus, nosso Senhor! Todos os santos e santas que passaram por esta terra esforçaram-se por aprender a orar e suplicaram a Deus que lhes concedesse o “dom da oração”, como a maior dádiva que Deus lhes podia fazer. Mas há ainda um dom maior do que o dom da oração, um dom que é a chave, o segredo, a condição indispensável para adquirir todas as virtudes e conquistar o coração de Deus. Esse dom é o dom da humildade.