Essa passagem do evangelho foi interpretada de diversas formas ao longo da História. Muitas vezes, viu-se nela a superioridade da contemplação sobre a ação. Desse modo, a melhor parte escolhida por Maria seria a vida de oração e meditação, enquanto a ação de Marta, que se ocupa dos afazeres cotidianos, teria menos valor.
Tal comparação é fruto de preocupações teológicas posteriores e não encontra respaldo no relato dirigido especialmente à existência do cristão que se define como “um contemplativo em ação”.
O que o texto pretende, portanto, não é elevar a vida contemplativa em detrimento da ativa, mas sim ressaltar um tema muito caro ao evangelista São Lucas: a “centralidade da Palavra” (cf. Lc 4,16-22). Somente esse evangelista relata que, certa vez, uma mulher, em meio à multidão, disse a Jesus: “‘Felizes as entranhas que te trouxeram e os seios que te amamentaram!’. Ele, porém, respondeu: ‘Felizes, antes, os que ouvem a Palavra de Deus e a observam’” (Lc 11,27-28).
O exemplo de Marta, portanto, não visa, absolutamente, desmerecer a labuta de tantos pais e mães de família, sempre ocupados em seus afazeres diários, para sustentar e educar os filhos, nem menosprezar homens e mulheres empenhados em exercer honestamente atividades úteis e necessárias ao bem comum.
O que se afirma é que só é discípulo quem “escuta a Palavra e a põe em prática” (Lc 8,21). Portanto, cristão é aquele que age sempre em sintonia com a Palavra. O agir cristão não é afirmação de si, busca de reconhecimento público (cf. Mt 6,1-6.16-18), afanação por lucro vil, mas empenho decidido de configurar-se a Jesus Cristo pela escuta de Sua Palavra.
Assim, o que o evangelho exalta, em Maria, é a atitude de discípula fiel, que sabe reconhecer a centralidade da Palavra, colocando-se atentamente à escuta.
Para São Lucas, portanto, a nossa vida se decide pela palavra que escutamos. Se escutarmos a Palavra do Senhor e a observarmos, mesmo quando não a entendemos (cf. Lc 2,19.51), ela vai gerar em nós a presença do Filho de Deus e, então, haveremos de ser impelidos por sua caridade, tornando-nos, como Ele, Bom Samaritano, cuja observância da Palavra se exprime em gestos de misericórdia. Esta é, portanto, a única condição necessária e a melhor parte que, quando a escolhemos, não nos será tirada.
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