Formação

Maria na Bíblia

Cristo é a figura central do Novo Testamento, Ele nos transmite os ensinamentos, a missão e a salvação.

Frei Sebastião (Arquivo MI)

Escrito por Frei Sebastião Benito Quaglio

24 JUL 2018 - 11H47 (Atualizada em 21 JAN 2021 - 15H27)

Capella Redemptoris Mater

No Antigo Testamento sabemos que Maria está somente representada por “figuras” ou profecias messiânicas, que anunciam a vinda de um messias esperado. No Novo Testamento, Maria faz parte do cumprimento destas profecias, pois é a Mulher que dá à luz Cristo, que realiza todas as profecias do Antigo Testamento. Cristo é a figura central do Novo Testamento, Ele nos transmite os ensinamentos, a missão e a salvação. Porém, os evangelistas, cada um do seu modo literário, nos apresentam Maria, a mulher, a mãe e a discípula fiel ao lado do Filho, compartilhando a sua missão redentora. 

Capella Redemptoris Mater
Capella Redemptoris Mater
Encontro de Maria e Isabel (Lc 1,39-47)

O testemunho mais antigo do Novo Testamento em relação a Maria foi feito pelo apóstolo Paulo, por volta de 53-55 d.C. Paulo, quando escreveu sobre “A plenitude dos tempo”, menciona indiretamente a mãe de Jesus. É uma passagem que está relacionada ao contexto da encarnação do Filho de Deus: “Quando, porém, chegou a plenitude do tempo, enviou Deus o seu Filho, nascido de uma mulher” (Gl 4,4-5).

A linguagem de Paulo nos comunica o modo pelo qual Deus escolheu enviar o Seu Filho para o nosso meio e a maneira que Ele quis se comunicar com o ser humano. Este texto é de grande importância para o estudo da mariologia, pois coloca Maria no momento em que a história da salvação atinge a sua plenitude com a vinda do messias esperado. Maria é invocada exatamente no ponto ápice do plano da salvação, porque é a “Mulher” da qual nascerá o Filho de Deus.

Na Redemptoris Mater, o saudoso Papa São João Paulo II nos ilustra esta passagem bíblica dizendo: “Estas palavras celebram ao mesmo tempo o amor do Pai, a missão do Filho, o dom do Espírito Santo, a mulher pela qual nasceu o Redentor e a nossa filiação divina”. O testemunho de Paulo sobre Maria é preciosíssimo, porque, embora sóbrio, declara expressamente que a pessoa de Maria está vinculada ao projeto de Deus. Através da sua missão materna, o Filho de Deus, preexistente ao mundo, se radica na cepa da humanidade. Maria é “Mulher” que o reveste com a nossa carne e o nosso sangue (cf. Hb 2,14).

Depois de Paulo, passamos para o evangelista Marcos, que foi o primeiro dos evangelhos a ser escrito. A presença de Maria aparece em meio aos familiares de Jesus, sem qualquer destaque, porque o intuito de Marcos é mostrar que, para Jesus, o importante é alargar os laços de uma família natural, através de uma nova família, nascida da escuta atenta aos Seus ensinamentos. Sobre Maria, há duas passagens: Mc 3,31-35 (Sua Mãe e Seus irmãos procuravam Jesus) e Mc 6,1-3 (Jesus é Filho de Maria).

Em seus textos, Marcos apresenta Maria Santíssima como a mãe biológica de Jesus, que, como toda mãe, sai em busca do seu filho e levanta duas questões fundamentais: “Quem é minha mãe?” e “O filho de Maria”. São questões que todos da comunidade estavam buscando entender sobre a missão e os ensinamentos de Jesus. Nestas duas passagens bíblicas, a presença de Maria aparece como a mãe biológica de Jesus, que, juntamente com seus familiares, tenta compreender as atitudes do filho perante a sociedade. Maria Santíssima é a presença materna que caminha ao lado de Jesus, pois recebeu esta missão do próprio Deus. Ao mesmo tempo, é a Mulher que caminhou na fé para ser discípula do seu próprio Filho. Por isso mesmo, sendo mãe, buscou compreender Jesus e Sua missão. Marcos mostra o caminho progressivo de Maria na fé e que o verdadeiro relacionamento de Maria Santíssima com seu Filho Jesus não se baseia somente nos laços de sangue, mas, sobretudo, na fé.

Conforme as palavras de Santo Agostinho, “Maria concebeu Jesus, primeiramente pela fé em seu coração”, por isso Maria é modelo de fé e de discípula fiel para todos os cristãos.

Com Maria podemos traçar um caminho de fé e de amor. Com Ela, Mãe de Deus e nossa, podemos entender melhor a ternura de Deus ao longo desses dois milênios da história da Igreja.

Escrito por:
Frei Sebastião (Arquivo MI)
Frei Sebastião Benito Quaglio

Frei Sebastião Benito Quaglio nasceu em 20 de julho de 1938, em Lendinara, no norte da Itália. Recebeu o nome de batismo Benito Quaglio e, quando emitiu os votos religiosos na Basílica de Santo Antônio (Padova), em 1958, recebeu o nome do mártir São Sebastião. O desejo de evangelizar com Nossa Senhora através dos meios de comunicação sempre permeou sua vida e foi na obra de São Maximiliano Kolbe que ele encontrou um ideal a ser seguido: conquistar o mundo inteiro a Cristo pela Imaculada!

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Por Paulo Teixeira, em Formação

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