Por Jorge Lorente Em Formação

O verdadeiro presente

“’Quando foi que te vimos como estrangeiro e te recebemos em casa, e sem roupa e te vestimos? Quando foi que te vimos doente ou preso, e fomos te visitar?’ Então o Rei lhes responderá: ‘Eu garanto a vocês: todas as vezes que vocês fizeram isso a um d




O final de ano me recordou uma família que conheci há muitos anos. Era uma daquelas famílias típicas dos luxuosos condomínios: abastada de bens e afastada de Deus. Moravam numa rica mansão, o casal e seus três filhos. Cada membro da família tinha seu quarto, sua TV e quase não conversavam entre si. Tradicionalmente, ao aproximar-se o Natal, as crianças escreviam uma cartinha com seus pedidos. O caçulinha ditava seus desejos e os maiores escreviam sua cartinha. As crianças sabiam que seus pais fariam chegar as cartinhas ao Papai Noel, junto com o dinheiro para a compra dos presentes. Apesar da enorme quantidade de presentes que pediam, nunca faltou nenhum item no Natal.

A casa vivia abarrotada de brinquedos de todas as espécies. O tempo passou, os mais velhos foram abandonando a tradição e, agora, já com sete anos e semi-alfabetizado, o caçulinha fez questão de escrever sua cartinha de final de ano. Depois de passar horas escrevendo, envelopou muito bem e entregou aos seus pais para que levassem seu pedido ao Papai Noel. Curiosos, seus pais e irmãos, foram logo ver o que o pequeno havia pedido. Ao abrirem o envelope, ficaram chocados com o que viram. Apesar dos garranchos de sua letra e da falta de concordância em alguns verbos, deu para todos perceberem que aquela criança já estava adulta interiormente. Crescera muito além do que poderiam imaginar. Agora, diferentemente dos anos anteriores, o pequeno pediu apenas alguns presentes, no entanto, diante de cada um, ele colocava três na quantidade.

A seguir, o pequeno justificava seu pedido, dizendo: “Sabe, Papai Noel, os brinquedos não são somente para mim, os outros são para os dois filhinhos da Judite, nossa empregada. Eles nunca ganharam presentes de Natal, porque a mamãe deles não tem dinheiro para mandar para o senhor. Eu perguntei para a Judite, e ela disse que lá onde ela mora, nenhuma criança ganha presente, porque os papais delas não têm dinheiro. Então eu pensei: para que esse monte de brinquedos guardados, aqui em casa, sendo que eu e meus irmãos não usamos mais? O senhor pode vir buscar todos eles e levar para as crianças vizinhas da Judite. Acho que elas vão ficar bem felizes”. Depois disso, nem é preciso enumerar as mudanças que aconteceram nessa casa. A postura dessa criança mexeu com o coração de todos.

Aprenderam que Natal é nascimento do Salvador, um Deus - Amor presente no pobre, no marginalizado e no humilde servidor. Nesse mesmo Natal, além da Judite, também o jardineiro e o motorista foram recompensados com um generoso aumento salarial, e no Natal seguinte foram incluídos na lista dos presenteáveis.

Deus usou a inocência dessa criança para transformar aquela rica mansão em um lar de verdade. Seus olhos se abriram e o orgulho perdeu seu espaço. Na louvável atitude desse pequeno, puderam perceber que o Natal só tem sentido quando colocamos em prática o seu verdadeiro significado. Entenderam que o Menino-Deus é o verdadeiro presente e que, se alguém não encontrá-lo dentro de seu coração, jamais irá encontrá-lo disfarçado em ricos presentes. Quando deixamos Cristo nascer na manjedoura do nosso coração encontramos a paz necessária para viver plenamente.

Escrito por
Jorge Lorente
Jorge Lorente

Locutor da Rádio Imaculada, colunista e escritor de vários livros consagrados. Seu último lançamento foi a obra "Maria, mãe e mulher".

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