Esta visão mística de Francisco realça o sentimento em relação ao amor de Deus que quer salvar todos os homens. Por isso, todos são irmãos e até as criaturas fazem parte desta dinâmica de amor. A figura da Virgem Maria está, para Francisco, em estreita relação com o projeto de salvação que Deus tem para os homens, bem como em relação próxima com a Santíssima Trindade e a Igreja.
São Francisco de Assis realiza seu caminho de fé dentro da doutrina católica. Não cria, nem inventa, mas aprofunda suas raízes no sólido ensinamento da Igreja. Ele alimentava sua fé da Eucaristia e da Palavra de Deus e vivia também com fervor as devoções, peregrinações e liturgias. Inclusive sua devoções marianas, como a Santa Maria dos Anjos, continham a marca da centralidade de Cristo e da salvação dos homens.
A espiritualidade mariana parte da contemplação da Encarnação de Jesus. A obediência de Maria a Deus é compreendida como atitude mística. O abandono e a confiança de Maria nas mãos de Deus são vistos como o esvaziamento, semelhante ao de Jesus, em função da salvação. Quando o santo se dispõe a viver segundo a forma do santo Evangelho, ele também se esvazia de seus projetos e construções para se confiar em Deus e, sob certo aspecto, encarnar a Palavra divina. Esta visão de Maria a partir da encarnação com o objetivo de salvação das pessoas é um ponto central da identidade mariana para São Francisco.
Maria foi entregue por Cristo à Igreja na hora em que cumpria de forma definitiva o projeto de Deus, ou seja, na cruz (Jo 19,26). Ela, como esposa do Espírito Santo, desde a anunciação é também aquela que tem atitude consoladora no seio eclesial, no início da Igreja, para que todos possam experimentar a “plenitude da graça e verdade” (Jo 1,14) revelada, vivida e instaurada por Jesus Cristo.
Fonte: Jovem Mílite
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