Por Vladimir Ribeiro Em Noticias

Campanha busca mobilização para doação de medula óssea

Semana de Mobilização para Doação segue até o dia 21




A fotógrafa Raquel Mello começou a se sentir mal em março de 2018 durante a formatura dela em Biologia. Cansaço, suador e palidez, parecia até uma virose. Mas quando apareceram pintas vermelhas na pele, Raquel resolveu fazer um hemograma a pedido de amigas médicas. E foi aí que veio o susto: ela foi diagnosticada com leucemia.

"É aterrorizante, né? É inevitável: a primeira coisa que a gente pensa, é que a leucemia é uma sentença de morte, né? Quando o exame saiu, detectando que eu precisaria de um transplante, foi outro choque. Acho que até mais forte do que saber da leucemia. Eu fiquei mais sem chão, eu fiquei mais com medo."

O medo de Raquel era justificado: sem irmãos ou filhos que pudessem fazer a doação de medula óssea, as chances de encontrar uma pessoa compatível é de apenas uma para cada cem mil doadores.

Mas a moradora de Niterói, no Rio de Janeiro, estava com muita sorte. A algumas horas dali, em Piracicaba, São Paulo, havia um homem compatível com ela: Marcos Vinícius González. Ele mal se lembrava de que havia se cadastrado no Redome, o banco de doadores de medulas, mais de quinze anos antes. Por isso, ele ficou muito surpreso quando recebeu o chamado para fazer a doação de medula óssea.

"Então, começou a dar aquela euforia, aquela ansiedade gostosa, né? De ter uma possibilidade de poder contribuir com alguém. No primeiro momento, foi estranho, até por falta de conhecimento, né? Eu não tinha nenhuma ideia de como que era o procedimento".

Em setembro de 2018, após alguns exames, Marcos Vinícius viajou para Niterói, com todos os custos da viagem pagos pelo Redome, que é ligado ao Instituto Nacional de Cancer, o INCA. Ele recebeu anestesia geral e estava desacordado quando os médicos coletaram uma parte da medula dele de dentro do osso da bacia.

"E eu achei que ia ser um procedimento que ia ficar muito dolorido. É como se fosse uma batida, uma batida forte num ponto. Então, a recuperação foi super legal. Na época, eu até treinava muay thai, e depois de duas semanas eu já tinha voltado aos treinos normalmente. Foi super tranquilo, no final. Hoje, eu faria tranquilamente de novo, quantas vezes pudesse fazer".

A atitude solidária de Marcos Vinícius deu certo: o transplante de medula foi um sucesso e Raquel conseguiu vencer a leucemia. Um ano e meio depois, Raquel e Marcos Vinícius finalmente fizeram contato um com o outro. A pandemia ainda não permitiu que eles se encontrassem pessoalmente, mas os dois já se tornaram grandes amigos.

"Pela internet, pelo telefone, videochamada. A gente se fala todo dia. Eu falo com a esposa dele, com a mãe, com as filhas... é o irmão que eu nunca tive. Quando a gente fica sabendo que o doador existe, é o dia mais feliz da nossa vida, e era a minha única salvação. Eu não tinha irmãos, eu não tinha filhos, meus pais não podiam doar pra mim. Ele era a minha única chance de sobreviver e eu estou viva por causa dessa doação".

Infelizmente, histórias como a de Raquel e Marcos Vinícius são raras. Para mudar essa realidade, é preciso que muita gente se inscreva no banco de doadores voluntários, o Redome. Para fazer isso é simples. É só comparecer ao hemocentro mais próximo. Quanto mais doadores de medula óssea estiverem cadastrados, maiores serão as chances de os pacientes de leucemia sobreviverem à doença.

Para ajudar a sensibilizar as pessoas está sendo realizada no país a Semana de Mobilização para Doação de Medula Óssea, que vai ate a próxima terça-feira (21).

Fonte: Agência Brasil

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