Por Vladimir Ribeiro Em Noticias

Dia Mundial da Obesidade: riscos e falta de informação sobre a doença

Data é comemorada nesta quarta-feira (4) e especialista fala sobre estigma, desinformação e complicações da doença

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Obesidade pode anteceder outras doenças com apneia do sono, gordura no fígado, colesterol alto, hipertensão


Subir as escadas. Sentar no chão. Cruzar as pernas. Deitar. Essas atividades cotidianas são simples para a maioria das pessoas, mas eram verdadeiros desafios para Stefany da Silva Liberal, 27 anos. Não bastasse isso, a publicitária tinha que encarar os olhares e o preconceito das pessoas por estar acima do peso. Com 1,67 metros de altura, ela chegou a pesar 113 kg.

“As pessoas sempre te olham com olhares de julgamento. Quando eu percebi todas essas comorbidades, já estava num nível de muita tristeza, quase de depressão, o que foi fazendo eu me afastar de todos. A minha família percebeu o meu sofrimento e eu fui em busca de todos os tratamentos”, lembra.

Stefany, que também é empresária, já estava com a obesidade em um estágio tão acentuado que foi necessária a cirurgia bariátrica para redução do peso. Ela conta que a doença progrediu por oito anos e que, além da má alimentação e sedentarismo, ela conta que outro fator contribuiu para que ela chegasse à obesidade: a falta de informação.

“Falta mais informação sobre [a obesidade]. Quem quer e precisa de ajuda para sair da obesidade tem muita dificuldade para ter acesso aos detalhes”, avalia. Hoje, Stefany pesa 64 kg e também trabalha como influencer digital. Ela tem cerca de 63 mil seguidores e aproveita para disseminar boas dicas de saúde. “Gosto muito de ajudar as pessoas na autoestima e auto aceitação. Foco nessa área de bariátrica, porque muita gente precisa de informação e de ajuda”, conta.

Informação

A carência de informações detalhadas sobre a obesidade não é exclusividade de Stefany. Dados do estudo Action IO mostram que 68% das pessoas com a

doença gostariam que os profissionais de saúde iniciassem conversas sobre o controle de peso durante as consultas.

“Existe esse gap, justamente por a pessoa com obesidade pensar que a culpa é toda dela, isso muitas vezes retarda ela a buscar ajuda de um profissional de saúde e faz com que a pessoa, às vezes, passe anos sem auxílio”, afirma a Dra. Rocio Coletta, endocrinologista e gerente médica da Novo Nordisk.

Ainda segundo o estudo, oito em cada dez pessoas com obesidade acreditam que perder peso é sua responsabilidade individual e passam seis anos tentando emagrecer antes de procurar um profissional de saúde.

A desinformação atinge, também, as pessoas que convivem ao redor, uma vez que a obesidade costuma ser relacionada tão somente a desleixo alimentar e sedentarismo, o que não é verdade. Existem, também, fatores genéticos, ter metabolismo mais lento ou alterações hormonais, sedentarismo, ingestão maior de alimentos mais calóricos, uso de certas medicações. Até mesmo fatores psicológicos podem desencadear o excesso de peso.

Rocio destaca que em 95% ou mais das pessoas com obesidade as causas são múltiplas. A endocrinologista é enfática: “as pessoas dizem que é ‘só fechar a boca e está tudo certo. Quando quiser, emagrece’. Isso não é verdade. A obesidade é uma doença crônica, como o diabetes e a hipertensão, por exemplo. Boa parte dos indivíduos vão ter que cuidar disso o resto da vida”, afirma.

Complicações

Com a pandemia do novo coronavírus, a discussão sobre o impacto da obesidade na saúde das pessoas aumentou, uma vez que o excesso de peso é fator de risco para maior gravidade da Covid-19. Segundo pesquisas, pacientes com obesidade têm 113% mais chances de serem hospitalizados quando infectados pelo vírus.

No entanto, a doença também pode anteceder inúmeras complicações como doenças cardiovasculares, apneia do sono, gordura no fígado, colesterol alto, hipertensão, depressão, lesões articulares, entre outras. A obesidade é o principal fator de risco para o diabetes tipo 2, por exemplo. Estudos apontam que a doença aumenta a chance de as mulheres desenvolverem infertilidade e câncer de mama na pós menopausa. Nos homens, por sua vez, a obesidade pode causar disfunção erétil.

Segundo a endocrinologista, as consequências do excesso de peso vão muito além da estética, pois traz problemas de saúde e de sociabilidade, inclusive afetando a produtividade no ambiente de trabalho. “O número de complicações que essas pessoas vão adquirindo é muito maior do que as pessoas com peso adequado”, explica.

Tratamento

Assim como as causas são multifatoriais, o tratamento para a obesidade pode ter vários caminhos, embora Rocio afirme: “dieta e exercício físico é a base para qualquer pessoa com sobrepeso ou obesidade independente de utilizar medicação ou mesmo cirurgia para o tratamento da obesidade”. Nos casos mais avançados, isto é, em que o Índice de Massa Corpórea (IMC) igual ou maior que 35 com comorbidade associada ou igual ou maior de 40, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a cirurgia bariátrica (redução de estômago).

No entanto, a endocrinologista recomenda que não existe receita mágica. Cada pessoa deve buscar ajuda para entender o melhor tratamento para si. “Um médico vai conseguir individualizar o tratamento. Procure um profissional que tenha conhecimento para tratar obesidade”, indica.

Conscientização

De acordo com o Ministério da Saúde, 55,7% da população adulta do Brasil está com excesso de peso e 19,8% têm obesidade. Visando alertar a população para essa outra pandemia, comemora-se, nesta quarta-feira (4) o Dia Mundial da Obesidade.

Para saber mais informações sobre a obesidade e calcular o seu IMC, acesse o site da campanha ou siga o perfil @saudenaosepesa para dicas e informações diárias sobre obesidade no Instagram.


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