Por Vladimir Ribeiro Em Igreja

Papa faz discurso consórcio internacional da mídia católica

"Se for necessário combater as fake news, as pessoas devem sempre ser respeitadas porque muitas vezes aderem inconscientemente a elas". Palavras do Papa no encontro com aos membros do Consórcio internacional da mídia católica "Catholic fact-checking"

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Dirigindo-se aos membros do consórcio internacional da mídia católica "Catholic fact-checking", o Papa Francisco convida a refletir sobre o estilo dos comunicadores cristãos diante de certas questões relacionadas com a pandemia. 

Para isso, ele cita algumas expressões de São Paulo VI presentes na Mensagem para o Dia das Comunicações Sociais de 1972, onde ele reconheceu o poder dos instrumentos de comunicação social sobre o comportamento e as escolhas das pessoas. O Papa Paulo VI dizia ainda que "a excelência da tarefa do informante consiste não apenas em destacar o que é imediatamente perceptível, mas também em buscar elementos de enquadramento e explicação sobre as causas e circunstâncias de cada fato que ele deve relatar".

Uma tarefa, portanto, que requer um senso de responsabilidade e rigor. Francisco continua. “O Papa Montini falava da comunicação e da informação em geral, mas suas palavras estão muito de acordo com a realidade se pensarmos em certas desinformações que circulam hoje na web. De fato, vocês se propõem em chamar a atenção às fake news e informações tendenciosas ou enganosas sobre as vacinas Covid-19, e o fazem colocando em rede com diferentes mídias católicas e envolvendo vários especialistas”.

Estar juntos pela verdade

Francisco lembra que o objetivo do Consórcio é "estar juntos pela verdade". Estar juntos, o trabalho em rede, disse, é fundamental no campo da informação e, em um tempo de divisões, já é um testemunho. Hoje, além da pandemia, observou, a "infodemia" se espalhou, ou seja, "a distorção da realidade baseada no medo, que na sociedade global faz ecos e comentários sobre notícias falsificadas ou mesmo inventadas". A multiplicação de informações e a circulação dos chamados pareceres científicos também podem gerar confusão. É necessário, continua o Papa, citando o que ele já havia dito em um discurso em outubro de 2021, "fazer aliança com a pesquisa científica sobre doenças, que progride e nos permite combater melhor", considerando sempre que o conhecimento deve ser compartilhado.

Isto também se aplica às vacinas, recordou o Papa. “Há uma necessidade urgente de ajudar os países que têm menos, mas isto deve ser feito com planos a longo prazo, não apenas motivados pela pressa das nações ricas em serem mais seguras. Os remédios devem ser distribuídos com dignidade, e não como esmolas de piedade. Para fazer um bem real, é preciso promover a ciência e sua aplicação integral. Portanto, estar corretamente informado, ser ajudado a entender com base em dados científicos e não em fake news, é um direito humano”.

A palavra "para"

A segunda palavra que o Papa Francisco enfatiza é para, uma palavra pequena, mas cheia de significado: os cristãos, comentou, são contra as mentiras, mas sempre em prol das pessoas. Não devemos esquecer a "distinção entre as notícias e as pessoas". Se for necessário combater as fake news, as pessoas devem sempre ser respeitadas porque muitas vezes aderem inconscientemente a elas.

Papa afirma ainda que “o comunicador cristão faz seu o estilo evangélico, constrói pontes, é um artífice da paz também e sobretudo na busca da verdade. Sua abordagem não é de oposição às pessoas, ele não assume atitudes de superioridade, ele não simplifica a realidade, para não cair em um fideísmo do estilo científico. Na verdade, a própria ciência é uma contínua aproximação à resolução dos problemas. A realidade é sempre mais complexa do que pensamos, e devemos respeitar as dúvidas, ansiedades e perguntas das pessoas, tentando acompanhá-las sem jamais tratá-las com superioridade".

O Papa Francisco sublinha mais uma vez o dever como cristãos de fazer todo o possível para "evitar a lógica da contraposição", sempre tentando aproximar e acompanhar o percurso das pessoas. "Tentemos trabalhar pela informação correta e verdadeira sobre a Covid-19 e sobre as vacinas", afirmou, "mas sem criar muros, sem criar isolamentos".

Verdade

A terceira palavra que Francisco prende em consideração é verdade, que deve ser sempre procurada e respeitada pelos comunicadores. O Papa adverte a este respeito:

"A busca da verdade não pode ser levada a uma perspectiva comercial, aos interesses dos poderosos, aos grandes interesses econômicos. Ficar juntos pela verdade significa também buscar um antídoto para algoritmos destinados a maximizar a rentabilidade comercial, significa promover uma sociedade informada, justa, saudável e sustentável. Sem uma correção ética, estes instrumentos geram ambientes de extremismo e levam as pessoas a uma radicalização perigosa".

A verdade para o cristão, continuou o Papa, não se trata apenas de coisas individuais, mas de toda a existência e também inclui significados relacionais como "apoio, solidez, confiança". E o único "verdadeiramente confiável e digno de confiança, com quem se pode contar, que é 'verdadeiro', é o Deus vivo". Jesus disse de si mesmo: "Eu sou a verdade". E conclui indicando novamente um estilo preciso de comunicação:

“Trabalhar ao serviço da verdade significa, portanto, buscar o que favorece a comunhão e promove o bem de todos, não o que isola, divide e se opõe”

Fonte: Vatican News

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