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Prêmio Dom Helder Câmara: eleita a matéria sobre violência sofrida por mulheres no campo

Intenção do Prêmio é reconhecer reportagens e trabalhos jornalísticos voltados à promoção humana e social


CNBB
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Intenção do Prêmio é reconhecer reportagens e trabalhos jornalísticos voltados à promoção humana e social

Ângela Bastos, jornalista, foi a vencedora do prêmio Dom Helder Câmara da última edição dos Prêmios de Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A matéria com a qual ganhou o reconhecimento foi “Sozinhas – A história das mulheres que sofrem violência no campo”. Nela, trabalhadoras rurais de Santa Catarina que denunciam a cultura de dominação masculina marcada por agressões físicas, psicológicas, torturas, abusos sexuais, feminicídios.

O prêmio “Dom Helder Câmara” nasceu em uma festa jubilar, em 2002, quando a CNBB completou 50 anos de existência. A intenção é justamente premiar reportagens e trabalhos jornalísticos voltados à promoção humana e social, cujo objetivo coincida com as propostas da Igreja no Brasil. Ao dar o nome de Dom Helder ao prêmio, a CNBB presta homenagem a um dos fundadores da Conferência, considerado um grande comunicador na Igreja e na sociedade.

Para a premiação, podem concorrer trabalhos na categoria de jornal, desde que tenham matérias jornalísticas publicadas em impresso (ainda que tenham versões eletrônicas); revista ou matérias publicadas em formato de série. E foi justamente nessa categoria em que Ângela inscreveu o seu trabalho. A reportagem deu visibilidade inédita à temática da violência no campo, especialmente no isolamento da área rural de um dos estados de maior IDH do país, e mobilizou organizações nacionais.

De acordo com a jornalista, a matéria surgiu de uma vontade e curiosidade de saber o porquê que em um determinado momento houve o aumento no número de casos de violência contra as mulheres, no interior de Santa Catarina.

A matéria “Sozinhas – A história das mulheres que sofrem violência no campo” retrata a história de mulheres “maceradas em um cotidiano de violência física, psicológica e financeira”. É o caso de Eraci Terezinha Eichelberger Seibert, 63 anos, que vive em São Miguel do Oeste, proibida pelo marido de se despedir dos pais no leito de morte. Também de Lucimar Roman, 53 anos, moradora de São José do Cedro, escorraçada e mandada embora pelo marido com três filhos pequenos. Elas duas autorizaram a equipe de Ângela a fazer fotografias suas, já as outras que foram entrevistas se esconderam atrás do anonimato por medo de represálias.

Questionada sobre como o seu trabalho pode ajudar outras mulheres que também estão passando pela mesma situação a denunciarem seus agressores, a jornalista é enfática. “Eu penso que a matéria ela tem uma relevância muito grande porque ela tira essa situação da invisibilidade. Em muitos lugares que eu tenho ido apresentar a matéria, falar nas universidades, nos sindicatos, nas associações de moradores, as pessoas se surpreendem porque a gente também tem uma imagem de que o campo é um lugar de paz, de fartura, de segurança”, diz.

Como resultado de seus esforços, Ângela conta que após a publicação da matéria se instalou um amplo debate em Santa Catarina.

“Se temos toda essa riqueza que dizem que temos em Santa Catarina, então não se pode ter uma situação onde as mulheres sejam submetidas a essas atrocidades, não é verdade? Então se instalou um amplo debate a respeito dessa questão envolvendo legislativo, envolvendo também o judiciário e, a partir daí, as pessoas pararam para olhar”, diz. Ainda de acordo com ela, foram realizados seminários itinerários por todo o Estado e um dos instrumentos que foram utilizados para o debate foi justamente o documentário realizado.

Quando soube que tinha ganhado o prêmio Dom Helder Câmara, Ângela se sentiu “orgulhosa”.

“O prêmio Dom Helder Câmara tem um significado muito grande para mim porque quando eu era adolescente, eu comecei a atuar em grupo de jovens e eu tinha dom Helder como um líder para mim, porque ele nunca se calou mesmo num período de opressão, mesmo num período de ditadura. E ele defendia os pequenos, os pobres (…), então para mim dom Helder foi muito importante e eu acho que de alguma forma na minha vida profissional eu continuo sendo inspirada por dom Helder, pois busco dar voz a essas pessoas”, finalizou.

Confira a matéria da Ângela Bastos em:

http://www.clicrbs.com.br/sites/swf/violencia_contra_mulheres_do_campo/sozinhas.html


Com informações da CNBB.

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