Por Vladimir Ribeiro Em Noticias

Os desafios das mães em home office

Rede de apoio é essencial na vida de quem está trabalhando em casa

Divulgação
Divulgação
Empresas e órgãos precisam olhar demandas das mães em home office de formas diferentes


A pequena Maitê, de dez meses, nasceu na capital do país, em meio à pandemia de coronavírus. Filha da servidora pública Flávia Silva, ainda não tem ideia das mudanças que trouxe na vida da mãe. Mas não bastou a maternidade para mudar a vida de Flávia.

Com a pandemia, veio a realidade do trabalho em casa, o chamado home office. O marido trabalha fora e, com o fim da licença maternidade, há quatro meses, Flávia perdeu o cargo de confiança que ocupava. Agora, ela tenta equilibrar a vida de mãe, servidora e dona de casa, tudo no mesmo espaço.

A realidade de Flávia reflete a importância tanto do trabalho produtivo, quanto do reprodutivo. Segundo a psicóloga e professora do Departamento de Psicologia clínica da Universidade de Brasília, Carla Antloga, é preciso exercer o trabalho reprodutivo, de alimentar e cuidar das crianças. O que, na visão da especialista, gera uma sobrecarga nas mulheres, até mesmo nas que têm suporte.

Para a especialista Carla Antloga, que estuda o trabalho feminino, o papel de uma rede de apoio é imprescindível na vida das mães em home office. Mas destaca que a atuação dos companheiros como pais das crianças não é rede de apoio, é papel social. Para muitas mulheres que convivem com os pais das crianças ou parente que ajuda, a rotina se torna menos pesada. Isso quando o papel é realmente exercido, principalmente pelo pai.

Com mudanças tão desafiadoras na rotina, a psicóloga Carla Antloga, da Universidade de Brasília, avalia ser difícil que isso não afete na produtividade do trabalho antes executado no ambiente corporativo. Apesar da chance de conviver mais tempo com os filhos, em casa, essa rotina pode provocar queda na produtividade, o que é esperado. Mas Carla Antloga destaca que, neste caso, a sociedade, empresas e órgãos precisam olhar os prazos e demandas das mães em home office de formas diferentes e com empatia.

A psicóloga destaca ainda que a sociedade precisa acabar com o pensamento contraditório de esperar que as mães trabalhem como se não tivessem filhos ou que tenham filhos como se não trabalhassem. Do contrário, a tendência vai ser uma redução cada vez maior de mulheres mães no mercado de trabalho.

Um estudo da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, das Nações Unidas, aponta que a pandemia regrediu em dez anos a participação das mulheres no mercado de trabalho, na América Latina. O relatório aponta que em 2020, 118 milhões de mulheres estavam em situação de pobreza, como reflexos do aumento do desemprego e da sobrecarga de trabalho doméstico, que chega a ser três vezes maior que dos homens. A ONU afirma também que a sobrecarga aumentada durante a pandemia afetou bem mais a saúde mental das mulheres do que dos homens.




Fonte: Radioagência Nacional

Seja o primeiro a comentar

Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.

0

Boleto

Reportar erro!

Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:

Por Vladimir Ribeiro, em Noticias

Obs.: Link e título da página são enviados automaticamente.