Olá, meu amigo e minha amiga, mais uma vez, partilho com vocês a Palavra de Deus deste dia do Senhor, 17 de maio.
A liturgia deste Sexto Domingo da Páscoa nos convida a descobrir a presença discreta, mas eficaz e tranquilizadora de Deus na caminhada histórica da Igreja. Jesus, de forma muito clara, promete que não nos deixará órfãos. Eis aí um bom motivo para aquietarmos os nossos corações.
Jesus garantiu-nos que era através do caminho do amor e da entrega que encontraríamos a vida nova e definitiva. Esse é o caminho que queremos trilhar, na certeza de que o Espírito está presente, nos animando, conduzindo, criando vida nova e nos dando esperança na difícil caminhada.
Vejamos as leituras de hoje:
Este trecho do Livro dos Atos dos Apóstolos mostra uma comunidade cristã testemunhando a Boa Nova de Jesus, através de sua presença libertadora e salvadora na vida dos homens. Esclarece, no entanto, que o Espírito só se manifestará e só atuará quando a comunidade aceitar viver a sua fé integrada numa família universal de irmãos, reunidos ao redor de Jesus e do Pai. Durante os primeiros anos, o cristianismo praticamente não saiu de Jerusalém: os primeiros sete capítulos do livro dos Atos dos Apóstolos nos apresentam a Igreja de Jerusalém e o testemunho dado pelos primeiros cristãos no espaço restrito da cidade. Por volta do ano 35, logo após a morte de Estevão, teve início uma grande perseguição contra os membros da comunidade cristã de Jerusalém. No entanto, esta perseguição pouco afetou os membros da comunidade, pois os apóstolos continuaram em Jerusalém, mas a fúria foi direcionada, de forma especial, contra os judeo-helenistas do círculo de Estevão, que são os cristãos hebreus, que mantêm uma fidelidade relativa à Lei e ao judaísmo. Estes então, fugiram da perseguição e se espalharam pelas outras regiões da Palestina.
Podemos chamar essa fuga de um ato providencial do Espírito Santo, pois isso fez com que a Boa Nova do Evangelho de Jesus se espalhasse por todas as regiões da Palestina. É curioso que a difusão do Evangelho fora de Jerusalém tenha ocorrido, justamente, na Samaria, que era, para os judeus, uma terra pagã. O anúncio do Evangelho aos samaritanos mostra que a Igreja não tem fronteiras. Quando a comunidade de Jerusalém soube que a Samaria já tinha acolhido a mensagem de Jesus, enviou para lá Pedro e João. Logo que chegaram Pedro e João impuseram as mãos aos samaritanos, a fim de que também eles recebessem o Espírito. O Espírito aparece, aqui, como o selo que comprova a adesão e a pertença dos samaritanos à Igreja de Jesus Cristo. Dessa adesão, nascia a comunidade do Reino, ou seja, começava a aparecer uma comunidade de homens livres, iluminados pela luz libertadora de Jesus, e que possuíam a vida nova de Deus.
O salmo 65, que hoje meditamos, é uma oração coletiva de agradecimento. Percebe-se que o convite para agradecer está ligado a dois motivos: o primeiro é a travessia do mar Vermelho, marcando a libertação do Egito, e o segundo lembra a travessia do rio Jordão, marcando a conquista da terra. Dois fatos testemunhando que o Deus vivo é quem governa a história, dirigindo a história no sentido da libertação e da partilha. No versículo oito, está um novo convite para agradecer, agora dirigido a todos os povos. O motivo é o seguinte: Deus se aliou a um povo, tornando esse povo testemunha da sua justiça. Foi um longo e difícil tempo de aprendizado, com muitas provações, até que o povo entendesse que sem justiça não existe liberdade nem vida. A comunidade toda participa da oração deste salmo. Em dado momento, alguém aproveita para fazer seu agradecimento particular. A seguir, outra pessoa segue o exemplo e conta o seu caso. E assim a comunidade aprende a partilhar e a reconhecer que Deus é a fonte da libertação e da vida.
A segunda leitura exorta os cristãos, confrontados com a hostilidade do mundo, a terem confiança, a darem um testemunho sereno da sua fé e, a mostrarem o seu amor a todos os homens, mesmo aos seus perseguidores. Cristo, que fez da sua vida um dom de amor a todos, deve ser o modelo para todos os cristãos. Temos acompanhado esta primeira carta de Pedro nos últimos domingos. Por isso, já sabemos que se trata de um texto que exorta as comunidades cristãs estabelecidas em zonas rurais da Ásia Menor. São cristãos que pertencem, na sua maioria, às classes menos favorecidas. Apresentam, portanto, um quadro de fragilidade, que os torna bastante vulneráveis às perseguições que se aproximam. O objetivo de Pedro é animar esses cristãos e exortá-los a serem fiéis aos compromissos que assumiram com Cristo, no dia do seu Batismo. Para isso, Pedro ressalta com firmeza o exemplo de Cristo, que percorreu um caminho de cruz, antes de chegar à ressurreição.
Certamente, esta carta de Pedro provocou questionamentos na comunidade. Muitos devem ter-se perguntado: “Como é que os cristãos devem reagir, diante das provocações e das injustiças?” Ainda nos dias de hoje, nós também nos fazemos esta mesma pergunta e, aqui vai a resposta: O cristão deve, acima de tudo, reconhecer no seu coração a santidade de Cristo, que é o próprio Deus, o Senhor do mundo e da história. Desse reconhecimento da santidade e da soberania absoluta de Cristo, brota a confiança e a esperança; e, dessa forma, o cristão nada temerá e poderá enfrentar, com confiança, a injustiça e a perseguição, que o mundo sempre tenta impor aos mensageiros da paz. Resumindo, Pedro ressalta que Cristo, que morreu pelos injustos, voltou à vida pelo Espírito, ressuscitou, por isso, os cristãos que fizerem de suas vidas uma doação, como Cristo, também ressuscitarão.
O Evangelho de hoje é uma parte dos ensinamentos de Jesus, na ceia da Quinta-feira Santa. Aos discípulos, inquietos e assustados, Jesus promete que o Pai lhes enviará o Paráclito, o Advogado, o Defensor. O Espírito Santo conduzirá a comunidade cristã em direção à verdade e irá levá-los a uma comunhão cada vez mais íntima com Jesus e com o Pai. Dessa forma, a comunidade será a morada de Deus no mundo e dará testemunho da salvação que Deus quer oferecer aos homens. Continuamos no mesmo contexto do Evangelho do domingo passado. Vamos relembrar: as autoridades judaicas já tomaram a decisão de matar Jesus, e Jesus está consciente disso. Sua morte na cruz já não é mais uma probabilidade; é uma certeza, é o cenário que está sendo construído, pelos doutores da lei. As palavras de Jesus, aos Seus discípulos, soam como um testamento final. Ele sabe que vai partir para o Pai e que os discípulos vão continuar no mundo. Jesus fala-lhes, então, do caminho que percorreu, e que ainda tem de percorrer, até à consumação da Sua missão, até chegar ao Pai. Jesus convida os discípulos a seguir o mesmo caminho de entrega a Deus e de amor radical aos irmãos.
Essas palavras deixam claro que eles não têm outra alternativa. Somente seguindo esse caminho é que eles se tornarão Homens Novos e que chegarão a ser família de Deus. O caminho que Jesus propõe a mim e a você, seus discípulos da atualidade, parece, segundo nossos critérios, um caminho de fracasso, que não conduz nem à riqueza, nem ao poder, nem ao bem estar material. O que Jesus propõe não nos leva às coisas que parecem dar verdadeiro sabor à vida dos homens e mulheres do nosso tempo. No entanto, Jesus garantiu-nos que era através do caminho do amor e da entrega que encontraríamos a vida nova e definitiva. Esse é o caminho que queremos trilhar, na certeza de que o Espírito está presente, nos animando, conduzindo, criando vida nova e nos dando esperança na difícil caminhada.
Leia MaisSe você me ama, torna-se como EuSanto Rosário com Frei KolbeRezemos pelo fim da pandemiaAcompanhe, ao vivo, o quadro Palavras de Vida, aos domingos, às 9h (horário de Brasília; às 8h, em Campo Grande - MS) e medite, com Jorge Lorente, os textos bíblicos da celebração do Sexto Domingo da Páscoa.
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