Quais valores, quais experiências de vida estão por trás destas palavras que são como uma janela aberta que revela o mistério de sua alma, uma dimensão extremamente interessante de sua personalidade?
Seu desejo de levar todos os homens e mulheres a conhecer a missão e o papel da Imaculada brotou com certeza de uma compreensão toda especial do plano de Deus. E isso educou o seu olhar interior, tornando-o capaz de enxergar de um jeito novo, diferente tudo o que estava ao seu redor: ‘os sinais dos tempos’, as pessoas, o potencial das pessoas, os horizontes da missão. Um olhar lúcido, concreto, apaixonado, positivo. Como deveria ser o nosso!
Agora vamos falar de nós!
O evangelista São João nos diz que “Deus amou tanto o mundo ao ponto de enviar o seu Filho Jesus para que todos aqueles que acreditam Nele possuam a vida eterna. Deus não veio para condenar o mundo, mas veio para salvá-lo. Deus quer que todos os homens sejam salvos em Jesus Cristo”. E na introdução da Carta aos Efésios o Apostolo Paulo escreve: “Antes da criação do mundo, Deus nos escolheu para sermos santos e irrepreensíveis perante Ele e filhos adotivos em Jesus Cristo para o louvor de Sua gloria”.
Gosto muito fazer memória destas palavras, porque creio que elas nos revelam todo o projeto de Deus para com a humanidade e para com cada um de nós.
Para a realização deste projeto Deus quis precisar de um ser humano que é a Virgem Santíssima. Em virtude do seu ‘Sim’, Deus nunca mais será o mesmo e nem o homem nunca mais será o mesmo. É graças à presença de Maria que conseguimos entender um pouco a humanidade de Deus. Deus, Nela, se tornou visível!
E Maria é aquela que nos faz conhecer Jesus, pois é através da sua maternidade humana e divina que vamos entender melhor quem é Deus feito homem; um Deus que se fez criança, que foi adolescente, que se tornou adulto. Um Deus homem que morreu na cruz e que na cruz entregou ‘o discípulo amado’ a esta Mulher.
Em Jesus temos acesso ao mistério da Santíssima Trindade, conhecendo o Pai, a fonte de tudo, a origem da existência divina e humana de todas as coisas, no amor que é o Espírito Santo.
Por que estou dizendo isso? Porque acredito que à luz desta Palavra de Deus nós podemos entender melhor o carisma evangelizador de São Maximiliano Kolbe, o carisma evangelizador da Milícia da Imaculada. Aquele carisma que agora orienta também a missão de cada um de nós: conduzidos por Maria, em Jesus Cristo, para a gloria da Santíssima Trindade! E esta gloria é a nossa pessoal santificação e a santificação de todos os homens.
Desde jovem sacerdote sempre pensei nisso... E quando cheguei ao Brasil carregava em meu coração um grande sonho, o sonho que todo missionário talvez tenha: conquistar todos para Cristo. E tinha também um grande amor por Nossa Senhora. Eu rezava para que Nossa Senhora me iluminasse e me mostrasse como deveria concretizar este meu sonho. E um dia, rezando o rosário no alto do morro, próximo de onde estava o meu convento, observava a cidade e me perguntava como poderia entrar em cada casa deste imenso mundo. Foi aí que de repente veio em minha cabeça a imagem da antena. Uma rádio! E essa ideia começou a ganhar espaço em meu coração. E aos poucos entendi a importância dos meios de comunicação. E foi assim que no ano de 1987, foram dados os primeiros passos na realização deste grande sonho: trabalhar com a Imaculada para anunciar o Evangelho utilizando todos os meios. E o sonho de Jesus que havia permeado totalmente a vida e a missão de São Maximiliano Kolbe, se tornou também o nosso sonho: “Conquistar o mundo inteiro a Cristo pela Imaculada”.
O início de tudo não foi fácil! Não tínhamos nenhum meio material para começar, mas tínhamos uma grande paixão pelo anuncio do Evangelho.
Logo pudemos contar com a adesão e a colaboração generosa de muitos leigos que, já engajados em um vasto e intenso apostolado, sentiram imediatamente a exigência de abraçar um projeto de evangelização decididamente moderno e capaz de responder às necessidades e aos desafios do mundo atual!
Consagrados à Imaculada, com Ela e por Ela, pouco a pouco, conseguimos dar vida a um ‘canteiro de trabalho’. E nos parece que, embora em contextos diferentes, em tempos diferentes, em uma cultura diferente, a realização do nosso sonho aconteceu com as mesmas dinâmicas, com os mesmos detalhes, as mesmas luzes e sombras que marcaram a atividade apostólica de São Maximiliano.
E junto com os leigos, eis as Missionárias e os Missionários da Imaculada-Padre Kolbe, e os Franciscanos Conventuais chamados a garantir a fidelidade ao carisma herdado por São Maximiliano Kolbe e enriquecido continuamente pelo Magistério da Igreja e pela experiência de vida de tantos homens e mulheres que fizeram e fazem da Consagração à Imaculada a pérola preciosa de todo seu ser e seu agir.
Amo pensar que se Maximiliano Kolbe vivesse hoje, faria aquilo que João Paulo II escreveu na encíclica “Redemptoris Missio” (1990), ou seja, se preocuparia em evangelizar os modernos areópagos. E “o primeiro areópago do tempo pós-moderno é o mundo das comunicações... os meios de comunicação social” (RM 37).
Na escola de Maximiliano Kolbe, “apostolo moderno dos nossos tempos difíceis”, precisamos continuar a perscrutar os sinais dos tempos para que a evangelização levada em frente pela nossa Obra seja sempre nova no seu ardor, nova nos seus métodos, nova nas suas expressões.
Um dia Maximiliano Kolbe escreveu: “Viajei por muitos países, conheci outras culturas, entrei em contato com vários ambientes, mas em nenhum lugar encontrei algo de tão atual e capaz de responder às necessidades mais profundas do ser humano, como o ideal da Milícia da Imaculada!”.
Nesta frase nós não encontramos as palavras alegria do Evangelho mas você não acha que um dos sentimentos que estão por trás desta afirmação é próprio a alegria de anunciar o Evangelho, a alegria de alguém que experimentou a atualidade de um carisma, de um ideal?!
O ideal da Milícia da Imaculada: todos consagrados a Imaculada, para levar o mundo inteiro a Cristo!
E esta é a profecia! A nossa profecia acontece quando o carisma que recebemos de Deus e que nos colocou dentro da sua Igreja, se encarna na realidade e a permeia, a modifica, abre caminhos novos, desperta a vontade de tornar o mundo melhor de como o encontramos, nos torna evangelizadores audaciosos e perseverantes. Faz-nos superar o medo do novo, faz de nós homens e mulheres de oração, contemplativos/ativos, com o desejo de trabalhar incansavelmente para que todos tenham vida e vida plena em Jesus. O anuncio do Evangelho é sempre profecia!
Coragem! Muito trabalho nos espera.
Frei Sebastião Benito Quaglio, OFMConv.
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