Por Ana Cristina Ribeiro, Núria Coelho e Vladimir Ribeiro
Neste mês, comemora-se o Dia Mundial dos Avós em memória aos avós de Jesus, São Joaquim e Santa Ana. Na ocasião, lembramos quanto amor e dedicação eles dispõem aos netos e bisnetos, o que os tornam a melhor memória da vida de uma criança.
Para registrar a data, escrevemos aqui sobre a atual realidade da população que abrange em maior parte os avós, a população idosa.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), idoso é todo indivíduo com 60 anos ou mais. No Brasil mais de 28 milhões de pessoas são idosas, ou seja, 13% da população do país. A Projeção da População, divulgada em 2018 pelo o Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE), indica que esse percentual tende a dobrar nas próximas décadas.
Para garantir que idosos tenham um futuro com qualidade de vida é necessário o direito à saúde, ao trabalho, assistência social, educação, cultura, esporte, habitação e meios de transportes. É importante também que a sociedade busque caminhos para uma vida mais leve e feliz para quem está na melhor idade. Vamos conhecer iniciativas que podem dar mais autonomia à pessoa idosa.
Aproximadamente 200 idosos frequentam o Centro Franciscano de Convivência (CFC), iniciativa social da instituição Cidade dos Meninos Maria Imaculada, localizado em Santo André-SP.
A maior parte dos idosos chegam ao Centro Franciscano por indicação de amigos, iniciativa dos filhos ou familiares, por indicação médica ou por demandas espontâneas.
O CFC é um projeto concretizado, dirigido pela Associação Missionária dos Franciscanos Menores Conventuais e oferece atividades como: alongamento e condicionamento físico, yoga, dança, música, inclusão digital, arterapia (pintura em tela e tecido, crochê, tricô, bordados, macramé, dentre outras) e palestras com temas diversos relacionados à espiritualidade e conscientização.
Antes de iniciar as atividades que o Centro oferece, os idosos passam pela avaliação socioeconômica da assistência social e a partir da aprovação passam a realizar as atividades que se identificam.
Para Vanessa Lima Guarato, coordenadora do centro, o idoso passa por transformações emocionais e afetivas no CFC: “Quando o idoso inicia sua participação no CFC, muitos têm certa timidez, tristeza, e falta de entusiasmo, devido ao medo ou a vergonha. Com o passar do tempo podemos verificar que ele começa a ter vontade de participar, sua vergonha já está ficando de lado e começa a fazer amigos. Essa é melhor parte desse trabalho”, ressalta.
O principal objetivo é fortalecer vínculos familiares e o convívio comunitário, contribuindo com o processo de envelhecimento saudável e isso é evidente no processo de convivência.
Vanessa destaca que com a inserção nas atividades, os idosos “ começam a se referir ao grupo como uma família, isso quer dizer que realmente atingimos nosso objetivo, que é a convivência, porque toda atividade realizada são meios para essa integração.”
No período da pandemia, a instituição teve que se reinventar como muitas outras. A plataforma virtual, tão essencial nesses tempos, foi a mais usada por eles: “conseguimos nos adaptar e ir para o mundo virtual, mas acredito que nem todos os usuários do CFC conseguem acompanhar.
Aqueles que estão conseguindo, as atividades estão sendo realizadas pelas redes sociais e pelo Youtube. Para facilitar o acesso para eles, compartilho o link pelo grupo do WhatsApp”, afirmou a coordenadora.
A população brasileira está envelhecendo e, segundo projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pode chegar a 19 milhões de pessoas com mais de 80 anos em 2060.
Esse contingente, se comparado aos dados atuais, perderia apenas para a população total de São Paulo e Minas Gerais. De acordo com o Instituto, em 1980, o Brasil tinha menos de um milhão de pessoas nessa faixa etária (684.789 pessoas) e em 2016 chegou a quase três milhões e meio (3.458.279).
A boa notícia é que o idoso vive hoje uma nova realidade: a internet o deixou mais conectado com a tecnologia, com a saúde e com o bem-estar. Uma nova alternativa chegou há bem pouco tempo no Brasil e já é bastante procurada nos grandes centros. São os centro-dia, popularmente chamados de creches para idosos.
Integrar, cuidar e realizar atividades cognitivas é o que o Centro-dia Alegria de Ser faz com excelência de 15 profissionais entre, cuidadores, cozinheiros e nutricionistas, a casa tem como objetivo principal o incentivo a convivência, exercícios, atividades cognitivas, dieta balanceada e a alegria, já que o nome da casa diz muito sobre isso.
Fazer com que o idoso se sinta em casa também é um dos propósitos que o Alegria de Ser possui. O proprietário, Franco Catena, explica que anteriormente a creche para idosos era parecida com o centro de convivência, onde todos ficavam agrupados e passavam o dia. No centro-dia o atendimento passou a ser individual, integrando as avaliações físicas, biológicas, sociais e psicológicas do idoso a tal ponto de cada pessoa ter a atividade
Fazer com que o idoso se sinta em casa também é um dos propósitos que o Alegria de Ser possui. O proprietário, Franco Catena, explica que anteriormente a creche para idosos era parecida com o centro de convivência, onde todos ficavam agrupados e passavam o dia. No centro-dia o atendimento passou a ser individual, integrando as avaliações físicas, biológicas, sociais e psicológicas do idoso a tal ponto de cada pessoa ter a atividade
adequada para o seu estado biopsicossocial. Nos preocupamos em dar o conforto necessário ao idoso para que ele se sinta em casa”.
O Alegria de Ser tem o cuidado de estabelecer um vínculo afetivo e também de priorizar a qualidade de vida do idoso e por isso faz uma avaliação individual com cada um. “Na prática, recebemos o idoso, o avaliamos e é elaborado um plano individual de cuidado para ele. A partir daí a equipe se integra e põe em prática o plano de cuidado” , reforçou Franco.
Durante a pandemia a casa não recebeu os idosos por precaução. Manteve contato telefônico com os familiares e colocaram-se a disposição para qualquer ajuda, respeitando o distanciamento social e as restrições da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Envelhecer com saúde nunca foi tão essencial como nos últimos tempos. Atividades físicas podem ajudar no processo do envelhecimento saudável, mas nada disso é possível se não tiver vontade e profissionais para ajudar, como é o caso da Maria do Campo que atualmente está com 73 anos e pratica yoga há 20.
O equilíbrio entre o corpo e a proposta de vida da modalidade foram grandes pontos que levaram a profissional de relações públicas a escolher esse esse exercício: “Posso dizer também que, a necessidade de trabalhar o corpo e a mente por meio do movimento, sempre estiveram presentes em minha vida como cuidado de saúde. Em todos os anos procuro por cursos, workshops e palestras nesse sentido, e sou adepta aos produtos naturais. Acredito que esse estilo de vida me fez mais flexível e independente.”
O personal treiner, Alex Souza há oito anos trabalha com longevidade e envelhecimento e garante que se construirmos uma base sólida na saúde, ela dará excelentes frutos. “Comece cedo a cuidar da saúde e tudo será mais simples, mais fácil e mais inteligente. Ter uma vida ativa e com bons hábitos é uma possibilidade acessível a qualquer pessoa, desde que ela se prepare para isso todos os dias”, afirma Souza.
A nova realidade do mundo nos faz ver que a população idosa está cada vez mais longe do clichê de aposentados reclusos, sem autonomia.
O mundo muda constantemente e estar inserido em uma sociedade que muda o tempo todo não é uma tarefa tão fácil. Contudo, acompanhar as mudanças é extremamente necessário para qualquer idade.
Aos 76 anos, o escritor e locutor da Rádio Imaculada, Jorge Lorente não imaginava viver dias de isolamento social como os dos últimos meses. A pandemia, que atingiu em maior parte as pessoas da terceira idade, fez com que o Jorge e muitos outros idosos ficassem totalmente em casa.
Mesmo tendo que manter o afastamento social, Jorge não deixou de estar presente na vida dos seus ouvintes e nem de seus familiares e isso graças à tecnologia.
Desde o início da quarentena o locutor tem feito os programas de casa, pelo software Skype. Falar com os amigos e familiares se tornou ainda mais fácil e constante por causa do WhatsApp, mas ainda assim nada substitui o contato físico, o afeto real. O escritor espera recuperar o tempo perdido: “os contatos são diários, porém, via telefone, WhatsApp com câmera e assim estamos sempre nos vendo e interagindo. Com os familiares próximos e amigos, foram suspensos os tradicionais encontros e passamos a interagir através desses canais de comunicação. Aquele desejo de nos encontrarmos ao redor da churrasqueira, receber e distribuir abraços e cantar moda de viola está suspenso temporariamente, mas, se Deus quiser, brevemente esse sonho se tornará realidade”, reforça.
O ano de 2020 com certeza será um marco na vida do comunicador e de milhares de brasileiros. Contar com a solidariedade e empatia dos amigos é um alento e Jorge sabe bem como foi importante tanta generosidade nesses tempos difíceis: “Deus me enviou uma legião de anjos. Uma jovem vizinha, amigos moradores nas proximidades e, até mesmo, amigos moradores de outros municípios, me pedem a listinha de supermercado, farmácia, etc. Essa gentileza, não tem dinheiro que pague, mas, encontrei uma forma de retribuir: Para esses anjos eu ofereço todas as minhas orações”, enfatiza.
Sobre a importância da tecnologia em tempos de pandemia e em todos os tempos, o locutor afirma: “Entre tantas frases, São Maximiliano Kolbe falou uma coisa que muito me marcou, pois tem muito a ver com o meu modo de ser. Ele disse que nossos olhos devem estar sempre voltados para novos horizontes e eu sou muito favorável a novidades, gosto dos desafios quando as mudanças se fazem necessárias para melhorar algo.”
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